FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO LIVRE
LIDERANÇA
CONCEITO GERAL DE LIDERANÇA
Introdução
O
estudo da liderança é de suma importância, principalmente, na época em que
estamos vivendo, a fim de ajudar o homem escolhido por Deus a ter sucesso em
sua missão. O desconhecimento deste magno assunto leva o líder cristão a
incorrer em erros e problemas que poderiam ser evitados, caso fossem tratados
de acordo com as técnicas de liderança conhecidas nos livros que versam sobre o
assunto.
Dividiremos
este trabalho em duas partes, na primeira, abordaremos a questão da liderança
sob uma ótica geral. Os conceitos, as relações e as diferenças serão
apresentados do ponto de vista genérico, e somente então, na segunda parte,
comentaremos o ponto de vista cristão.
1.1.
Definições de liderança
Nas
definições de Liderança constantes dos Manuais de Administração é comum
encontrarmos as expressões: “ser aceito e respeitado pelo grupo”; “capacidade
de unir e manter coeso o grupo”; “manter um bom relacionamento com o grupo”;
“Identificação com o grupo”; “levar o grupo à consecução dos objetivos”;
“influenciar”; “inspirar confiança”, etc. Portanto, pode ser definida, de forma
sucinta, como sendo aquela qualidade num homem, que inspira suficiente confiança
a seus comandados de modo a aceitarem suas idéias e obedecerem ao seu comando”.
Por
outro lado, há a liderança cristã, objeto de análise na segunda parte deste
trabalho, que pode ser definido como “uma vocação em que há uma perfeita
mistura de qualidades humanas e divinas, ou um trabalho harmonioso entre o
homem e Deus destinado ao ministério e bênçãos das demais pessoas”.
1.2.
Relação e diferença entre chefia e liderança
Você,
muitas vezes, deve ter-se perguntado: “Afinal de contas, eu assumo uma posição
de autoridade, mas sou um chefe, um líder ou um gerente?”.
Você
pode até pensar: "Se o chefe chefia, chefio, se o gerente gerencia, eu
gerencio e se o líder lidera, é claro que eu lidero...”
E
mais do que isto: Você lidera, chefiando e gerenciando, gerencia liderando e
lidera gerenciando. Então, quer dizer que é a mesma coisa? Os termos gerência,
chefia e liderança são sinônimos? Não, não são sinônimos!
Alguns
querem complicar ainda mais, afirmando que DIRETOR é o encarregado de divisões
e o CHEFE, de seções.
A
grande verdade é que não existe uma
terminologia exata, diferenciada, uma semântica particular para cada linha de
palavra quando se trata de assuntos tidos como "não científicos" como
é o caso da Administração.
Não
vamos nos perder em conceituações, mas apenas expor algumas relações que
achamos fundamentais no processo de “dirigir pessoas”.
O
Líder é aquele que aparece no grupo, o que muitas vezes vai à frente, é o que
tem poder do prestígio e não da posição. É claro, em se tratando de uma liderança
democrática.
O
Líder é aquele que exerce uma influência, obtendo das pessoas maior cooperação
e menor oposição ou nenhuma oposição.
Mas
liderar não é apenas exercer uma influência. O bandido que assalta você na rua
e diz: “Mãos para cima, isto é um assalto!” Também está exercendo uma
influência, e, às vezes, organicamente. E nem por isto ele está liderando.
E,
caso você responda: “Pode escolher. Tanto
minha bolsa como minha vida estão vazias...” Está exercendo uma influência
sobre ele e, neste ciclo de influência inter-relacionadas, quem influencia
quem? Ninguém? Os dois.
1.2.1.
A liderança é uma função do líder
Mas
não só do líder, é uma função do liderado e da situação, como querem os
situacionistas.
Hoje
em dia não é o homem com seu carisma, seu poder magnético e influenciador, quem
lidera uma empresa voltada para seu mercado.
Já
foi a época (e é triste saber que há
muitas empresas assim no Brasil) em que o grande chefe, o “Todo Poderoso” dono
do poder chegava com sua sombra, todos se inclinavam diante de seu
trono-gabinete, como subordinados submissos a este "deus" sentado no
topo da “pirâmide feudal” empresarial.
Hoje,
em muitos casos, é a SITUAÇÃO quem dita as normas, quem dá as rédeas, quem
define objetivos, quem mostra as alternativas de saídas e quem descreve os
objetivos, metas e planos.
E
isto é fácil de entender. Quando uma empresa está com terríveis problemas
internos de organização, quem “aparece” é o homem da administração geral ou
gerente administrativo, quando a empresa está cheia de mercadorias pelas
prateleiras, ninguém está comprando, quem “aparece” é o gerente de vendas,
quando a demanda é grande, os
clientes querem comprar, a empresa não tem suficientemente para vender, quem
toma as rédeas e marca o passo é o gerente de produção.
1.2.2.
Afinal, quem é o líder da empresa?
É
a situação...
1.2.3.
Nem todo líder é chefe, nem todo chefe é líder
É
isto mesmo. O líder é aquele que conquista, que cativa, que doutrina, que
desenvolve a automotivação. O chefe nem sempre cativa, impõe; nem sempre
conquista, domina.
O
líder influencia nas idéias e, através delas, move os atos.
O
chefe move os atos e, através deles, influencia as idéias.
E
a grande pergunta é esta. O que você gostaria de ser, fazer, agir?
Influenciar
as idéias e através delas mover os
atos (e motivação vem de movere, o
que move os homens)?
Mover
os atos e através deles influenciar as idéias?
O
líder, o gerente e o chefe têm uma coisa em comum: direito de mandar e poder de
fazer-se obedecido, comunhão com o poder, com a autoridade.
O
líder tem o poder do prestígio, o chefe que não é líder tem o poder da
autoridade “seca”, apenas autoridade, autoridade de posição, de mando, e não de
comando.
O
poder do chefe não-líder é o poder da cadeira, o poder do líder é o poder da
comunhão grupal, da representação dos sentimentos, razões e ação do grupo.
A
autoridade do líder democrático é consentida, a autoridade do chefe é a da imposição.
Não
existe “impor pelo prestígio”, se o líder tem prestígio às pessoas seguem, não
há coação nem dominação. Há ação humana individual. E ação grupal. Em busca de
um objetivo comum.
É
verdade que o chefe e o líder são gerentes? Por quê?
Gerente,
como o próprio nome o define, é aquele que gere. E o que o gerente gere? Ele
gere recursos, resultados, objetivos, ação humana.
O
gerente, por exemplo, gere recursos humanos que transformam bens materiais em
bens sociais. Ele negocia, propõe objetivos maiores e melhores em seu setor.
E
o que faz o chefe? O que faz o líder?
Se
o chefe dirige um departamento financeiro, ele precisa gerir, através de seus
objetivos setoriais, recursos de economia, liquidez, minimização de custos,
fluxo controlado de caixa. Gerir na cabeça
das
outras
gerências, seus clientes, a idéia de maximização de lucros, mas com minimização
de custos etc.
O
que faz um chefe de um setor qualquer de produção?
Ele
gere recursos para que aconteça entre seus subordinados menor perda, menor
refugo, maior qualidade, entre outras funções.
Não
podemos chamar um líder político de gerente, se bem que ele precisa gerar
recursos de bem-estar para seus munícipes; em administração, o chefe é um
gerente, o líder é um gerente.
Para
terminar, perguntamos: O que é mais importante no processo da direção: ser um
chefe, um líder ou um gerente?
Sem
querer fazer jogo de palavras, diremos que é ser um chefe de liderança
gerencial, ou um gerente de chefia fundada em liderança total. Um chefe com
força de liderança e uma liderança que gera resultados, que gera alternativas,
decisões, deliberações, ação individual e grupal, que gera planejamento em
épocas de incertezas, um chefe cuja liderança gera através das Relações Humanas
um clima organizacional de cooperação, satisfação e produtividade.
Este,
sim, será grande na sua chefia, eficaz na sua liderança e efetivo na sua
gerência.
1.3.
O que é mais importante na Liderança: ser eficiente ou ser eficaz?
1.3.1.
A importância de ser eficaz
Um
líder eficiente não consegue, necessariamente, levar sua Empresa a acertar no
alvo, mas pode ensiná-la a bem segurar na arma, mirar bem e apertar certo o
gatilho.
Mas
apertar certo o gatilho, mirar na “mosca” e segurar com mil técnicas uma arma
não significa que você vai acertar no alvo. Para começar, é muito fácil
recrutar pessoas que saibam pegar corretamente numa arma, mas o que interessa é
acertar nos objetivos.
Um
gerente, um chefe líder não deve ser avaliado pela sua habilidade de, por exemplo,
fazer bons relatórios, “bolar” programas
ótimos,
estar presente nas horas certas, simpatia ou empatia, capacidade de ver,
prever, planejar, organizar, controlar etc. – o que se espera dele é que o
objetivo seja atingido, que sua empresa consiga chegar lá, com ele, por ele,
através dele, nele.
1.3.2.
Veja um exemplo de eficiência e eficácia
Se
eu afirmo que nadar é saber movimentar bem os braços, flutuar na água com
movimentos alternados e sincrônicos entre pés e braços, capacidade de respirar
corretamente etc. - que critérios posso ter para dizer quem, entre duas
pessoas, nada certo?
Duas
pessoas podem ser eficientes, pois preenchem todos os requisitos que foram
mencionados acima. Mas se eu afirmo que nadar é atravessar o rio, é chegar ao
outro lado, é atingir a outra margem – aí, sim, a diferença entre uma pessoa e
outra pode ser tão grande como viver e morrer.
O
que se pede a alguns gerentes é que eles sejam eficazes, isto é, capazes de
chegar com sua Empresa ao outro lado dos resultados, ao outro lado da plena
realização que é a margem total do Lucro e da Satisfação. O que se pede na
eficácia é que eles saibam levar sua empresa através do rio caudaloso das
organizações humanas.
1.3.3.
Diferenças entre eficiência e eficácia
A
pessoa eficiente está preocupada apenas em trabalhar, cumprir seu cargo, a
pessoa eficaz está preocupada em resultados.
Ela
sabe que só conta ponto o resultado final, independente de esforço, atividade e
tempo. Já a pessoa voltada para a eficiência se concentra no esforço, na
atividade de ação. Ela raciocina que o esforço MAIS atividades VEZES o tempo de
concentração contam muitos pontos.
Uma
pessoa eficiente se preocupa apenas em resolver problemas, sem se preocupar com
a exploração máxima de suas potencialidades e limitações a partir da
criatividade.
O
eficaz, mais do que tudo faz as COISAS CERTAS, enquanto que o eficiente faz BEM
AS COISAS. E sabemos que, na chefia, a pior coisa é fazer “bem feitinho” o que
não precisa ser feito.
Uma
pessoa eficiente é tecnocrata e burocrata, isto é, está voltada para a técnica
e não para a estratégia, voltada para o sistema repetitivo, para a burocracia
que muitas vezes estraga ou engarrafa a realização dos objetivos da empresa.
Já
o eficaz é ideocrata, preocupa-se com as idéias certas e não com AS IDÉIAS BOAS
e é mercadocrata, isto é, está voltado para o mercado como uma empresa centrada
para fora (mercado), que escuta a voz de seu negócio e não a voz de sua
burocracia interna como uma empresa voltada para dentro de si mesma, para seus
conflitos administrativos.
Enquanto
a pessoa eficiente diminui os custos e elimina os riscos, a eficaz aumenta os
lucros e corre apenas os riscos certos.
Estamos
vivendo numa época em que o EXECUTIVO não é aquele que EXECUTA tarefas com
eficiência, mas o que “bola” resultados com eficácia. O chefe eficiente
transforma as ordens que recebe em responsabilidades e depois filtra estas
responsabilidades em atividades-padrão. Já o líder eficaz não recebe ordens (ou
não vê o que recebe como ordens), mas recebe idéias organizacionais e as
transforma em retorno, performance, segundo a filosofia e política de sua
empresa.
Assim
como “nadar eficientemente” é dar boas braçadas, movimentar os braços acima da
cabeça, fazer movimentos longos e curtos com os braços, “nadar criativa e
eficazmente” é fazer sua empresa encontrar a outra margem, em suas plenas
realizações mais do que boiar por cima da situação.
Resumindo,
um gerente não é um corpo com dois braços manipulando idéias, mas sim uma idéia
com um corpo (ou um corpo de idéias) manipulando braços.
1.4.
Como dirigir um grupo de pessoas
Muitos
ainda pensam que basta ter o título de Diretor, de Chefe, ou de Mestre para que
isto dê um prestígio tal, que todo
o grupo vai
obedecer,
automaticamente, à pessoa que dirige, simplesmente por ter sido investida de
“autoridade”.
Para
se ter realmente autoridade, é necessário, para a pessoa que dirige, não ter
somente uma série de qualidades, mas ainda ter aprendido o ofício da direção.
Muitas pessoas levam dezenas de anos para tomar consciência de que certas
atitudes não as levam ao êxito na direção, enquanto que outras conseguem
dirigir bem quando estão perto de sua aposentadoria. Ora, é justamente isto que
queremos evitar ao leitor. Não será melhor aproveitar os erros dos outros do
que esperar ser velho para saber dirigir, assimilando logo na mocidade os
princípios elementares que presidem a boa direção? São estes conhecimentos que
iremos abordar agora.
1.4.1.
A necessidade da direção
É
fato observável por todos que qualquer grupo social precisa ser dirigido por
pessoa que o guie para atingir os objetivos comuns ou satisfazer os interesses
dos seus membros. A procura de um líder por grupo recém-formado é quase ato
reflexivo, o qual tem raízes muito profundas. Desde os tempos mais remotos da
tribo primitiva, os homens tiveram chefes; além disto, desde o nascimento, a
criança está acostumada a obedecer aos pais e aos professores, até acabar os
estudos, efetuando-se uma simples transferência da autoridade pedagógica à
autoridade de grupo; as pessoas, na sua grande maioria, estão, aliás, tão
acostumadas a ser dirigidas, que se sentem desajustadas quando têm de tomar
decisão, apesar de se considerarem independentes, por serem adultas; elas são
apenas pseudo-autônomas; as pessoas que têm autonomia real são, relativamente,
poucas; e são mais freqüentes entre os dirigentes que entre os dirigidos.
A
procura de maior autonomia, de maior liberdade, é a motivação profunda do homem
e da sociedade. A sua dependência às autoridades chamadas também de Alienação
ou Heteronomia é o que constitui a maior doença social dos nossos tempos.
Fazer
evoluir o homem, para fazê-lo passar de autômato a homem consciente de suas
responsabilidades e da sua posição no mundo, é tarefa primordial do dirigente.
Além
da necessidade psicológica que os indivíduos e os grupos sentem de ser
dirigidos, existe também uma razão propriamente administrativa e racional: na
consecução dos objetivos comuns aos grupos, são necessárias, dentro da divisão
de trabalho, pessoas que distribuam as responsabilidades em função das
características individuais; que coordenem os esforços dos indivíduos e
determinem o melhor caminho a seguir. Dentro de qualquer grupo social, o líder
é a peça mestra, catalisadora das energias individuais. Deve-se, por
conseguinte, dar atenção toda especial aos dirigentes, quando se quer criar,
modificar ou aperfeiçoar uma coletividade, seja nação, empresa, associação ou
turma de alunos. Deve-se tomar cuidado, não somente na sua escolha, mas também
à sua formação e no seu aperfeiçoamento.
Em
caso de emergência, é mais interessante e racional ter um Estado-Maior bem
preparado que todos os soldados bem treinados. Com efeito, o Estado-Maior
prepara - soldados em pouco tempo, mas os soldados não treinarão um
Estado-Maior.
Mas,
para poder formar os futuros dirigentes, é preciso descobri-los o mais cedo
possível, para o que é necessário organizar um sistema de seleção que permita,
dentro de um grupo qualquer, reconhecer os futuros líderes. A psicotécnica
presta grande auxílio neste sentido.
1.5.
Que é um líder?
Depois
de termos estudados as definições de diferentes autores sobre as expressões
“líder” e “liderança”, chegamos à conclusão de que: “Líder é todo o indivíduo
que, graças à sua personalidade, dirige um grupo social, com a participação
espontânea dos seus membros”.
Qualquer
indivíduo só poderá ser considerado como líder se pela sua personalidade:
a)dirige
um grupo social;
b)tem
a participação espontânea do grupo.
1.5.1.
Exemplificando
Numerosos
ministros ou chefes de Estado foram líderes porque no início de suas chefias,
dirigiram com o consentimento dos grupos. Deixaram de ser líderes, à medida que
crescia a oposição. Os chefes, diretores, presidentes, supervisores,
professores, gerentes, dirigem, mas não são líderes enquanto não obtêm a
participação espontânea do grupo.
Vice-versa,
indivíduos que pela sua personalidade podem obter a participação espontânea do
grupo são apenas líderes virtuais e só se tornam líderes reais quando dirigem.
Muitas
vezes, um indivíduo torna-se líder porque tem a personalidade necessária para
uma situação particular de liderança; é o homem da situação muito freqüente na
política. Além da “situação”, são as características do grupo e o meio ambiente
que determinam o tipo de líder desejado.
O
líder pode ser estímulo, para o grupo ou pode ser “reação” ao grupo, e, na
maioria dos casos, os dois.
Os
estudos de psicologia da aprendizagem mostram que os indivíduos rendem muito
mais quando interessados. E o líder sabe fazer interessar os membros do seu
grupo. A produtividade de um grupo nessas condições é sempre maior que a de um
grupo dirigido por um chefe ou diretor, mas não líder.
1.5.2.
Eis a diferença
O
chefe se contenta com tarefas; o líder consegue entusiasmo, interesse pelo
trabalho cooperação.
1.6.
O triângulo da direção
Todo
o mundo sabe que há várias maneiras de dirigir, sendo que se podem distinguir
três tipos principais de direção, que são os seguintes:
a)A
direção autocrática ou ditatorial;
b)A
direção laissez-faire ou deixa como está para ver como é que fica;
c) A direção-liderada ou liderança.
Podemos
representar estes três tipos de direção num triângulo, em cujos ângulos se
situam estas três maneiras de agir na direção. Estão muito bem colocados nas
três extremidades do triângulo, pois são atitudes completamente opostas, como
veremos a seguir:
1.6.1.
A direção autocrática
O
ditador não se importa em saber o que seus subordinados pensam. Ele os trata
como simples lacaios, dando ordens que devem ser cumpridas sem discussão; faça
isto, faça aquilo; é o lema do diretor. É em geral uma pessoa irritável,
brutal, colérica, egoísta e incapaz de compreender os outros. Não tem, aliás, nenhum interesse para isto.
Muitas vezes trata os outros assim, porque ele mesmo foi criado de maneira
ditatorial e reproduz, inconscientemente, a atitude de seus próprios
educadores, ou, pelo contrário, foi criado com mimo excessivo e acostumado
desde cedo a mandar em todos, inclusive em seus próprios pais.
O
dirigente autocrático provoca, em geral, revolta nas pessoas que ele dirige,
ou, então, uma passividade completa que se pode resumir da seguinte maneira: “É
melhor fazer o que ele quer, mesmo se eu achar que ele vai levar o
empreendimento ao fracasso; não adianta discutir; a culpa será dele e não
minha; também não vou fazer um pingo a mais do que ele me ordenar”.
1.6.2.
A direção laissez-faire
Laissez-faire em português quer dizer deixar
fazer. O lema deste grupo de dirigentes é: “deixar como está para ver como
é que fica”. Em geral o dirigente desse tipo é uma pessoa muito insegura, que
tem receio de assumir responsabilidades. Ao contrário do outro que dava ordens,
este não dá instrução nenhuma, cada um de seus auxiliares faz o que quer e como
bem entende. Na divisão do trabalho, na repartição das responsabilidades, a
confusão é completa. A sua direção gera atritos e desorganização entre seus
funcionários.
1.6.3.
A direção liderada ou liderança
A
liderança é a direção na qual se procura concentrar toda a atenção sobre as
atitudes e interesses dos subordinados que
não são tratados como simples
auxiliares, mas, sim, como colaboradores. O líder é a pessoa que procura
dirigir com a cooperação, a participação espontânea e a boa vontade das pessoas
que ele dirige. O líder não diz: “faça isto, faça aquilo”, mas, sim, “é preciso
fazer isto, quer-me fazer um favor, nós temos necessidade de levar este
trabalho para frente”, etc.
O
líder considera o grupo mais capacitado em resolver os problemas do que ele
sozinho. Respeita o homem e crê nele. Consegue a cooperação do grupo, pela sua
competência, paciência, tolerância e honestidade de propósito. Não dá ordens;
dá o exemplo, estimulando, em vez de ralhar.
Toda
a sua atenção está concentrada sobre o que o pessoal pensa; ele sabe obter o
máximo de produtividade através do máximo de boa vontade. O líder consegue,
graças a dois fatores principais, que são: a sua personalidade e a sua técnica
de liderar.
1.6.4.
Outros tipos de chefes
Existem
outros tipos de chefes. Podemos caracterizá-los da seguinte forma:
1.6.4.1.
O chefe maquiavélico
Utiliza-se
de intrigas; nunca reúne os membros do grupo para trocar idéias: mas em
particular com cada um deles. É mestre em cochichar. Utiliza-se dos seus
subordinados como bonecos. Muitas vezes, propositadamente, organiza ódios entre
os componentes do grupo, aplicando a fórmula: “Dividir para reinar”. Em geral,
os membros da coletividade que dirige acabam por descobrir-lhe o jogo.
1.6.4.2.
O chefe vaidoso e ambicioso
Torna-se
chefe por causa do título e do prestígio que lhe dá a sua profissão; não
consegue ser imparcial, pois tem tendência a favorecer os que o bajulam.
1.6.4.3.
O chefe instável
Seus
subordinados não conseguem seguir as suas instruções, pois ele
muda de idéia
e dá instruções
diferentes ou contrárias, enquanto ainda estão executando
as primeiras ordens. Mostra-se interessado por tantos assuntos ao mesmo tempo,
que não consegue aprofundar-se em nenhum.
1.6.4.4.
O chefe paternalista
Como
o nome indica, é o chefe que tem com o seu pessoal um relacionamento de pai
para filho; é o homem que usa a bondade para obter o que quer dos seus
subordinados. Dá presentes de Natal, de aniversário, cuida especialmente do
conforto do seu pessoal, esperando mais trabalho em retribuição. O raciocínio
dele é: “Eu fui bom para você, então espero que você seja bom para mim”.
1.7.
Equilíbrio do dirigente face ao ambiente de trabalho
Enquanto
o ditador provoca medo, revolta ou passividade, o líder consegue comunicar aos
seus colaboradores equilíbrio, alegria em trabalhar e em cooperar, enfim,
produtividade máxima. Grande parte disto provém de suas qualidades pessoais, as
quais descrevemos da seguinte forma:
1.7.1.
Autocontrole
O
líder é uma pessoa que controla as suas reações, que vira a língua dez vezes na
boca antes de emitir uma opinião de grande responsabilidade. Ele não se deixa
levar pelos seus impulsos; quando alguém fica malcriado com ele, procura, antes
de tudo, compreender porque a pessoa, mesmo se for seu subordinado se mostra
irritada.
1.7.2.
Empatia ou compreensão de outrem
O
líder procura estar sempre a par dos problemas de cada um sabe fechar os olhos,
quando alguém, que costuma trabalhar com calma e alta produção, fica durante
uma semana com baixa produção e denota irritação, simplesmente porque a sua
esposa está doente ou porque tem dificuldades financeiras. Enfim, o líder
procura antes de tudo compreender o ser humano, aproveitando as suas qualidades
em benefício próprio e em beneficio da coletividade.
1.7.3.
Procura da unanimidade
Além
disto, o líder procura sempre obter o acordo de todos, evitando apoiar-se só na
maioria, pois sabe que às vezes a minoria tem razão. Ele deixa a minoria ter
sua oportunidade para conquistar a maioria; é o que acontece, por exemplo,
quando se reúnem 20 engenheiros e 2 contadores para resolverem problema
orçamentário. Se os 20 engenheiros chegam a uma conclusão errada, cabe ao líder
dar aos contadores bastante força para convencer os engenheiros de que a
realidade é diferente.
Por
isto o líder reúne periodicamente os membros do grupo, discutindo francamente
os assuntos, fazendo com que cada um se sinta responsável pelo seu setor e
esteja convencido da sua utilidade e importância dentro da companhia.
Assim,
eles sentem que fazem parte da direção e por isto cooperam ativamente.
1.7.4.
Dar o exemplo
Entre
as características pessoais do líder convém, ainda, lembrar que ele deve ter
qualidades superiores à média do seu grupo, a fim de ser um exemplo. Para isto,
o mestre que quer ser líder de mecânica, tem de ser, de preferência, o melhor
dos mecânicos. O que quer dirigir químicos, e ao mesmo tempo liderá-los, tem de
entender muito mais de química do que o grupo; isto é necessário inclusive para
poder transmitir novos conhecimentos aos colaboradores; neste sentido o líder é
também educador.
1.7.5.
Atitude de respeito humano
O
líder respeita profundamente o ser humano. Trata-o com cortesia e delicadeza. É
interessante notar que a atitude do líder tem uma importância fundamental no
ambiente de trabalho e uma influência muito maior do que se pensa sobre as
próprias atitudes de seus auxiliares, isto por várias razões. A primeira está no
fato de as pessoas imitarem, inconscientemente, os seus superiores. Dizem os
Psicanalistas que eles se identificam com os superiores. Outra razão se
encontra no fenômeno que foi descoberto há uns dez anos pelos psicólogos
sociais. Estes notaram que quando uma pessoa diz um desaforo à outra, e esta
pessoa, por razões diversas, não
retruca com desaforo idêntico,
ela fica guardando isto dentro de si, quer dizer, fica num estado de tensão tal
que, na primeira oportunidade, terá de desabafar, de descarregar esta mesma
tensão contra outra pessoa. Esta pessoa poderá ser um colega de trabalho, a
esposa, o marido, os filhos, o jornaleiro da esquina, o motorneiro do bonde, o
motorista do ônibus, etc. Este estado de tensão se transmite, então, de pessoa
a pessoa como se fosse o vírus da gripe.
O
leitor já deve estar entendendo onde queremos chegar. Se o dirigente estiver em
estado de tensão e descarregá-la sob a forma de cólera, por exemplo, contra um
de seus auxiliares, esta descarga será transmitida a toda a sua equipe de
trabalho, por uma espécie de ressonância do desrespeito à pessoa humana. Se,
pelo contrário, o dirigente souber manter a calma, sua atitude de respeito
humano se transmitirá da mesma forma a toda a equipe que dirige.
1.7.6.
Enfrentar as tensões e conflitos
Relações
Humanas muitas vezes são confundidas com “panos quentes”. Liderar, muito pelo
contrário, consiste em criar tensões e não evitá-las. Cada vez que uma pessoa
ou um grupo tem objetivos para alcançar, nasce, com este objetivo, uma tensão. Liderar
pessoas consiste ao mesmo tempo em liderar tensões.
Quando
surge um conflito entre pessoas, o líder costuma reunir estas pessoas para
analisar as causas do conflito, e resolvê-lo, com a participação de todos os
interessados; criou para isto um clima de franqueza e de compreensão mútua.
1.8.
Como obter a cooperação dos dirigidos
Já
vimos que o líder procura, antes de tudo, compreender as pessoas. Para isto ele
tem de sentir dois pontos essenciais que os empregados costumam esperar de seus
chefes. São pontos que descreveremos a seguir:
1.8.1.
Recompensa do esforço
A
maioria das pessoas foi acostumada durante a infância a receber castigo e, só
às vezes, a ver seu esforço recompensado. Falamos “às vezes” porque,
infelizmente, todo o mundo procura os erros dos outros e castiga-os, mas muito
mais raramente se procura as qualidades de cada um e se toma providência para
que o esforço pessoal seja recompensado. Podemos, sem exagero, afirmar que
estamos vivendo na civilização do castigo. Quem fala em castigo, fala em medo,
culpabilidade e angústia; é esse o ambiente que encontramos, geralmente, nas
empresas. Ora, a pedagogia e a psicologia modernas ensinam que se castigo dá,
“às vezes”, resultado, o prêmio, a recompensa do esforço de cada um dá muito
mais ainda. Não custa nada chamar um operário e dizer-lhe “estou satisfeito com
o seu trabalho!” Isto terá um grande significado para o trabalhador, que passa
a perceber que seu esforço está sendo reconhecido. Com isto ele cooperará
melhor.
1.8.2.
Salário justo
Não
adianta querer ser líder senão existe sistema de salário justo, e se há, por
exemplo, operários com cinco anos de casa que percebem menos que os que
entraram recentemente, ou se um trabalhador que produz 800 peças por hora ganha
a mesma coisa que um trabalhador que só produz 200 no mesmo tempo.
1.8.3.
Promoção
O
trabalhador tem de sentir que há possibilidades de progredir dentro da empresa
e de ser promovido. Se ele sente que tem aptidões para ser promovido a um cargo
de mestria e, sem mesmo tentar experimentá-lo neste cargo, em caso de vaga, se
contrata alguém de fora da empresa, este trabalhador sentir-se-á profundamente
magoado e por isto mesmo baixará a sua produção.
1.8.4.
Compreensão
O
trabalhador quer ser tratado com paciência quando está por algum motivo
impossibilitado de render como de costume. Ele quer que seu chefe compreenda
que ele também é um ser humano que tem as suas preocupações, as suas
dificuldades e as suas doenças. Ele será profundamente grato se o seu chefe
ouvir suas razões e renderá o dobro no período sucessivo à melhora de saúde.
1.8.5.
Tratamento cortês
Qualquer
pessoa quer ser tratada com cortesia e corresponde muito mais ao que
se espera dela
se o seu
dirigente observar as normas elementares de boas maneiras e de
delicadeza, as quais, aliás, serão imitadas por todos.
1.8.6.
Sentimento de sua importância
Sem
o varredor, os escritórios e as oficinas ficariam uma imundícia. É preciso que
o varredor sinta que seus chefes estão reconhecendo a importância de seu trabalho.
Os que lerem esse trabalho poderão fazer a experiência; digam a um varredor que
ele é importante, “que sem você isso ficaria uma sujeira”, e vão ver através
dos seus olhos, de um sorriso, a sua satisfação e o seu agradecimento por se
lhe reconhecer o valor do trabalho.
1.8.7.
Respeito à posição de cada um
Um
gerente que dá ordens diretas a um subordinado de um chefe de sua equipe de
direção, está com isto desprestigiando a autoridade do mesmo, enfraquecendo a
sua posição e arriscando-se a magoar um de seus colaboradores. Qualquer pessoa
que, por motivo de emergência, tomar uma iniciativa, afetar a outra, deve
dar-lhe satisfação.
1.8.8.
Participação consciente nos objetivos
Fixando
claramente os objetivos a alcançar, convidando os subordinados a estudarem
juntos, periodicamente, como estes objetivos estão sendo alcançados, se
desperta nas pessoas uma das maiores motivações: o sentimento de ser útil.
1.9.
Os 10 mandamentos do líder
a)Respeitar
o ser humano e crer nas suas possibilidades, que são imensas.
b)Confiar
no grupo, mais que em si mesmo.
c) Evitar críticas a qualquer pessoa em público,
procurando sempre elogiar, diante do grupo, os aspectos positivos de cada um.
d)Estar
sempre dando o exemplo, em vez de ficar criticando todo o tempo.
e)Evitar
dar ordens, procurando a cooperação de cada um.
f)
Dar a cada um o seu
lugar, levando em consideração os
seus gostos, interesses e aptidões pessoais.
g)Evitar
tomar, mesmo de maneira provisória, a iniciativa de uma responsabilidade que
pertença a outrem, mesmo pensando que faria melhor; no caso de chefes que lhe
são subordinados, evitar “passar por cima” deles.
h)Consultar
os membros do grupo, antes de tomar uma resolução importante, que envolva
interesses comuns.
i)
Antes de agir,
explicar aos membros do grupo o que vai fazer e o porquê.
j)
Evitar tomar parte
nas discussões, quando presidir uma reunião; guardar neutralidade absoluta,
fazendo registrar, imparcialmente, as decisões do grupo.
2 - LIDERANÇA NO CRISTIANISMO
2.1.
Discussão preliminar
Observamos
na primeira parte deste trabalho que, a maioria dos estudiosos do assunto,
concordam que o atributo básico da liderança é a capacidade de influenciar seus
liderandos. Esse talvez seja o fator que determina o sucesso ou o fracasso de
um líder. A partir daí começam as divergências de opiniões sobre como liderar e
que tipo de influência deve ser exercida. No caso do cristianismo tem-se um
objetivo distinto e um método próprio para se exercer a liderança, o que será
estudado a seguir.
Na
liderança cristã é preciso definir qual é o objetivo e o método a ser seguido
pelos líderes cristãos, e este padrão se encontra na própria Bíblia.
No
texto de Ef 4.11-16, o apóstolo Paulo falando acerca de Jesus afirma que: “Ele
mesmo concedeu uns para apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres,
com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos... para a edificação... até
que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento
do Filho de Deus... à medida da plenitude
de Cristo”, ou seja, afirma que o ministério cristão foi concedido para que a igreja
tivesse gradual crescimento espiritual até que se alcançasse a imagem de Cristo
que uma vez foi implantada em nós por ocasião do novo nascimento. Uma das finalidades desse crescimento é “...
para que não sejamos mais como meninos
agitados de um lado para outro e levados por todo vento de doutrina, pela artimanha
dos homens e pela astúcia com quem induzem ao erro”, e o resultado disso é que “... todo corpo bem ajustado e
consolidado... efetua o seu próprio aumento para edificação de si mesmo em
amor”.
2.2.
Aprovação
Na
maioria das vezes pensamos que, pelo fato de termos nascido de novo, possuirmos
o Espírito Santo, e conhecermos a base da doutrina cristã, já estamos
capacitados a exercer funções mais complexas no reino de Deus. Porém a Bíblia
mostra de uma maneira muito sutil que os grandes líderes tiveram que passar por
um período ou por algum evento pelo qual foram provados e aprovados para
determinadas obras. É o que sugere 2Tm 2.15.
O exemplo de Davi também é muito significativo. Todos nós conhecemos o
grande feito de Davi ao derrotar o gigante Golias e que se tornou um marco na
sua vida como ungido de Deus, porém o próprio Davi tinha confiança nessa
vitória, pois como ele mesmo conta em 1Sm 17.34-36: “... Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; e vinha um leão ou um urso
e tomava uma ovelha do rebanho, e eu saía após ele, e o feria, e a livrava da
sua boca; e, levantando-se ele contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria,
e o matava. Assim, feria o teu servo o leão como o urso...”.
O
que não entendemos muitas vezes é que Deus vai nos provar até que nos tornemos
suficientemente preparados para determinada obra. Em 2Tm 2.20-21 o apóstolo diz
que “... numa grande casa não há somente
utensílios de ouro e de prata, há também de madeira e de barro. Alguns para
honra, outros, porém, para desonra. Assim se alguém a si mesmo se purificar...
será utensílio para honra... estando preparado para toda boa obra”. Em Rm
9.21 o apóstolo também diz que “... não tem o oleiro direito sobre a massa para
do mesmo barro fazer um vaso de honra e outro para desonra.” O problema é
que o Oleiro, para transformar alguém em vasos de honra precisa quebrá-lo para
retirar dele as impurezas contidas no barro e refazê-lo para que esteja pronto
para ser cozido no fogo sem quebrar, ou seja, o Senhor precisa constantemente
quebrar-nos para retirar de nós as coisas que não o agrada e que futuramente
seriam determinantes para o nosso fracasso. Só assim poderemos suportar o fogo
da provação.
2.3.
Tipos de liderança
Não
obstante, sabermos que, existem diferentes tipos de igrejas, diferentes tipos
de líderes e diferentes tipos de liderados, contudo, a Bíblia não determina
qual deve ser nosso estilo pessoal de liderança, apesar de indicar requisitos
básicos para espiritualidade e moral do líder. Portanto o estilo do líder é
forjado de acordo com as circunstâncias do momento, sua personalidade, as
necessidades do povo e do plano de Deus para determinada igreja. Partindo disso
encontramos diversas maneiras de
encarar o ministério
ao mesmo tempo em que podem ser
cumpridos os requisitos bíblicos.
No
tópico “triângulo da direção”, abordado na primeira parte deste trabalho,
apresentamos ali, três tipos de direção, como segue: a direção autocrática ou
ditatorial; a direção laissez-faire ou deixa como está para ver como é que
fica; a direção-liderada ou liderança. A estas, acrescentaremos o modelo
cristão de liderança. Vamos, então, transferir estes tipos de direção para o
campo eclesiástico, apresentando suas vantagens e desvantagens:
2.3.1.
A direção autocrática ou ditatorial
É
um tipo de líder que geralmente conta com a eclesiologia local para tomar todas
as decisões necessárias para o andamento da obra, sem consultar os liderandos.
a)Vantagens:
É mais fácil o Senhor falar com um homem do que com vários. Exige mais
responsabilidade por parte de quem toma decisões. Impede que falsos cristãos
infiltrados na obra tenham voz ativa.
b)Desvantagens:
Existe a possibilidade de um falso líder tirar proveito do povo. Nem sempre um
homem só tem uma visão geral dos assuntos a serem decididos. Não dá
oportunidade para que outros líderes despontem. Dá oportunidade para se
perpetuar determinados erros.
2.3.2.
A direção-liderada ou liderança
É
o tipo de líder que procura participação dos liderandos.
a)
Vantagens:
Mais
gente pode realizar determinado trabalho tornando-o mais frutífero. Dá oportunidade para os crentes crescerem ao
realizar os trabalhos. O líder não é responsabilizado quando as decisões não
surtem efeito.
b) Desvantagens:
Propicia
a formação de grupos com interesses próprios (panelas). O líder pode contar com um grupo
pouco espiritual e que
tenha
dificuldades para tomar decisões corretas.
2.3.3.
Laissez-faire
É
o tipo de líder que não interfere diretamente no andamento da obra. Deixa que
os outros tomem decisões sem sua participação e apenas exerce uma função de
mediador de interesses diversos.
a)
Vantagens:
Quase
nenhuma.
b)
Desvantagens:
O
líder acaba perdendo sua autoridade, tornando-se desnecessário. O povo fica sem
direção e sem crescimento.
2.3.4.
Modelo Cristão
É
o tipo de líder que se espelha em Cristo e em seus ministros procurando um
padrão de conduta para exercer o ministério. É o líder que procura ganhar a
confiança de seus liderandos atendendo aos requisitos bíblicos sem desmerecer
sua responsabilidade, sabendo aproveitar a capacidade dos outros e acima de
tudo se entrega com amor ao seu ministério. O líder cristão não segue os
padrões e estilos de liderança do mundo. São humildes, mas não enfraquecidos;
dependentes de Deus, mas não sem iniciativa; ousados, mas em moderação;
confiantes, sem perder a perspectiva; se precaver de seus liderados, mas sem
perder a confiança neles; enfim, não se baseia em suas experiências de
liderança, mas tem a direção do Senhor.
2.4.
Preocupações iniciais do líder cristão
Para
exercer uma boa liderança o obreiro deve pensar e preparar o terreno para que
seu empreendimento se frutifique. Alguns conselhos são válidos nessa hora para
que o líder não se... envolva nos negócios
dessa vida, porque seu objetivo é satisfazer aquele que o arregimentou¨ Não
se deve entender, obviamente, que os negócios dessa vida são nossas obrigações
como cidadão, então podemos aplicar esse versículo ao embaraço que certas
armadilhas nos causam. As diversas provações podem vir de quatro fontes
diferentes, e identificar a origem delas é de suma importância para a resolução
e posterior prevenção dos problemas. São estas as fontes:
2.4.1.
O próprio Senhor
Como
no caso de Abrão (Gn 22.1-19), a nação de Israel (Hc), a Igreja (1Pe 4.12-19) e
tantos outros exemplos, o próprio Deus criou situações para que seu servo fosse
provado e a partir daí aprovado por ele. Nesse caso o que temos que fazer é
exercitar nossa fé e confiar que aquele que criou tal situação tem um propósito
bom para nós através da provação.
2.4.2.
O diabo
Em
qualquer ocasião o diabo vai tentar manifestar o que lhe é mais característico
– o ódio contra a criação de Deus. Caso percebamos a ação maligna, devemos
recorrer ao conselho de Paulo aos efésios: “... revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes
contra as ciladas do diabo”; sabendo, porém que a ação do inimigo só pode
chegar até onde o Senhor permitir (Jó 1. 6-12; 2.1-13).
2.4.3.
O homem
É
um caso semelhante ao do diabo, onde as pessoas podem manifestar seu egoísmo,
cobiça e maledicência, coisas típicas do coração humano (Mt 15.10-20). Também
nesse caso os limites da ação do homem são determinados pelo Senhor.
2.4.5.
A carne
Existe
também uma luta contra nós mesmos, ou seja, contra a natureza carnal que ainda
habita em nós e milita contra o espírito regenerado que Deus nos deu (Gl
5.16-17). Neste caso nos cabe dominar nossas paixões e submeter nossa vontade
carnal ao propósito do Espírito que habita em nós.
2.5.
Cientes dessas armadilhas que podem ser colocadas em nosso caminho, às vezes
com bons e às vezes com maus propósitos, devemos de antemão pensar em certas
coisas, como por exemplo:
2.5.1.
Pensar antes nos problemas
Não
devemos esperar uma situação de perigo, tentação, falta de provisões, confusão,
perseguição, traição e coisas do gênero, para pensarmos numa solução. O correto
é que meditemos constantemente como sair de uma possível situação (Sl
119.15,27,48,78,99,148). Se estivermos preparados com antecedência, saberemos
como agir. Se formos apanhados de surpresa podemos fraquejar (Mt 26. 41).
2.5.2.
Planejar
Algumas
pessoas acreditam que não devem planejar nada para o futuro por causa de
interpretações errôneas de alguns versículos como Tg 4.13-14, porém o que a
Bíblia condena é a presunção de contar com a própria força para traçar seus
caminhos sem considerar o propósito de Deus; ao contrário disso o Senhor Jesus
nos exorta a planejar nossos passos (Lc 14.28-32), pois assim poderemos
compreender melhor a vontade do Senhor; como pôr em prática essa vontade, e ter
fé quando as provações chegarem.
2.5.3. Não criar situações de embaraço
O
mundo dá muitas voltas. A mentira tem perna curta e Jesus prometeu que, para
nosso próprio bem, não deixaria as coisas encobertas, mesmo que sejamos
envergonhados por isso. Portanto devemos evitar situações que mais tarde
tenhamos vergonha de explicar, seja na vida amorosa, familiar, financeira ou
social.
2.5.4.
Cuidado com os outros
Devemos procurar conhecer bem os liderandos. Não dar
liberdade tal que mais tarde não se possa verificar ou cobrar. Ficar de olho
nas “panelas” e seus propósitos. Evitar que se faça injustiça entre os irmãos,
para que os conflitos não se multipliquem, enfim, devemos confiar naqueles que
podem nos ajudar, mas não dar oportunidade para que alguém se deixe levar pelos
perigos descritos nos itens anteriores (diabo e a carne).
2.6.
Requisitos para ser um bom líder
2.6.1.
Requisitos bíblicos
Em
princípio devemos procurar na Bíblia os quesitos básicos para se escolher um
bom líder. Para isso podemos recorrer primeiramente às chamadas epístolas
pastorais, que são as que foram escritas pelo apóstolo Paulo a Timóteo e a
Tito, seus colaboradores. São estes os principais:
2.6.2.
Qualificações sociais
Modesto;
hospitaleiro; ter bom testemunho.
2.6.3.
Qualificações morais
Ser
irrepreensível; esposo de uma só mulher; temperante; não dado ao vinho.
2.6.4.
Qualificações pessoais
Hospitaleiro;
não cobiçoso; apto a ensinar; não violento; cordial; não avarento; não
arrogante.
2.6.5.
Qualificações de maturidade
Bom
pai e marido; não pode ser novo convertido; sóbrio apto a ensinar e a exortar.
2.7.
Hábitos dos líderes
Entende-se
por hábitos, o comportamento constante dos líderes, e que digam respeito ao seu
envolvimento na obra. Alguns hábitos são positivos e outros são negativos como
veremos.
2.7.1.
Positivos
2.7.1.1.
Estudar sempre
Conforme
2Tm 2.15 o obreiro tem que “...manejar bem a palavra da verdade”. O
próprio Paulo em final de carreira solicitou a Timóteo que levasse “... a capa... os livros, e especialmente os
pergaminhos”.
2.7.1.2.
Orar
É
através da oração que conhecemos a vontade de Deus, os seus propósitos e as
coisas que são ocultas aos olhos humanos.
2.7.1.3.
Atualizar
O
obreiro deve estar por dentro das notícias mais importantes sobre a situação
econômica e política do seu país, além de conhecer questões sobre direito,
psicologia, filosofia, sociologia etc.
2.7.1.4.
Aproveitar as oportunidades
O
bom obreiro sabe tirar proveito das diversas oportunidades que aparecem. É
otimista. Tem visão. Consegue ver a bênção onde ninguém mais vê. Sabe
aproveitar o tempo e consegue produzir mais, com menos esforço.
2.7.1.5.
Veste-se bem
Ou
seja, está sempre de acordo com a situação. Não gasta mais do que deve, mas
esta sempre ajustado ao ambiente em que se encontra.
2.7.2.
Negativos
2.7.2.1.
Não delega poder
Talvez
por medo de perder a autoridade, ou por não confiar nos liderandos ou talvez
por não saber como fazer.
2.7.2.2.
Não credenciamento junto à igreja
Muitos
obreiros procuram desenvolver seu ministério sem estar vinculado a qualquer
igreja, mas isto não é certo, pois o obreiro não realiza trabalho para si, mas
para os irmãos que estão sob o pastorado das igrejas. Essa prática
descaracteriza o obreiro além de contrariar o exemplo bíblico.
2.7.2.3.
Julgamento temerário
Alguns
líderes não sabem se colocar na pele de seus liderandos e emitem julgamentos
que não levam em consideração o ser humano, suas necessidades, suas fraquezas e
o cuidado de Deus para com suas ovelhas.
2.7.2.4.
Preparar mensagens na última hora
O
obreiro tem que estar em constante sintonia com o Espírito Santo, pois aquele
que tem uma mensagem a dar ao povo o fará da melhor maneira possível
respeitando as limitações do líder, e preparar as mensagens com antecedência é
uma boa maneira de superar estas limitações.
A
psicologia tem estudado o comportamento das pessoas quando se encontram dentro
de algum grupo, e muitas descobertas têm sido feitas e que podem ajudar o líder
na hora de conhecer seus liderandos. A idéia é que, dentro de um grupo cada um
assume um papel diferente, de maneira inconsciente, e estes papéis são
importantes para a dinâmica de um grupo. Sem estes papéis não há grupo, e
várias pessoas podem assumir os mesmos papéis, porém a maioria deles estará
presente. Alguns exemplos desses papéis são:
2.8.1.
Bode expiatório
Neste
caso, toda a “maldade” do grupo fica depositada em um indivíduo que, se tiver
uma tendência prévia, servirá como depositário, até vir a ser expulso, o que,
aliás, é comum. Nesses casos. O grupo sairá em busca de um novo bode... Decorre
daí a enorme importância de que o líder do grupo reconheça e saiba manejar tais
situações. Outras vezes, o grupo modela um bode expiatório sob a forma de um
“bobo da corte” que diverte a todos e que, por isso mesmo, ao contrário de uma
expulsão, o grupo faz questão de conservá-lo.
2.8.2. Porta-voz
Cabe ao portador deste papel mostrar mais
manifestamente aquilo que o restante do grupo pode estar, de uma maneira
oculta, pensando ou sentindo. No
entanto, essa comunicação
do porta-voz não é feita somente
através de reclamações ou conflitos, mas através da linguagem não-verbal, das
dramatizações, silêncios, ações, etc.
Uma forma muito comum de porta-voz é a função do
indivíduo contestador. Nesses casos, é imprescindível que o líder do grupo (da
mesma forma que os pais, numa família) saiba discriminar quando a contestação
é, sistematicamente, de ordem obstrutiva ou quando ela representa ser
necessária, corajosa e construtiva.
2.8.3.
Este papel cabe geralmente ao indivíduo mais retraído do grupo. Neste caso,
esse indivíduo, antes que os demais, capta os primeiros sinais das ansiedades
que, ainda em estado embrionário, estão emergindo no grupo. Esse papel também é
conhecido como "caixa de ressonância", em razão de que tal
indivíduo-radar, por não ter condições de poder processar simbolicamente o que
captou, pode vir a expressar essas ansiedades em sua própria pessoa através de
somatizações, ou abandono do grupo, ou de crises explosivas, etc.
2.8.4.
Instigador
Este
papel é muito comum e importante nos grupos. Consiste na função do indivíduo em
provocar uma perturbação no campo grupal, através de um jogo de intrigas, por
exemplo, assim mobilizando papéis nos outros. Assim, o instigador consegue
tornar realidade, seus conflitos interiores, além de instigar os outros membros
do grupo a pôr para fora seus conflitos interiores.
2.8.5. Atuador pelos demais
É
uma modalidade de papel que consiste no fato de a totalidade do grupo delegar a
um determinado indivíduo a função de executar aquilo que lhe é proibido, como,
por exemplo, hábitos extravagantes, conflitos com o líder ou coordenador, etc.
Em tais casos, o restante do grupo costuma emitir dupla mensagem: critica as
atitudes desse membro e, ao mesmo tempo dão um disfarçado estímulo, mostram um
gozo prazeroso e uma admiração por este membro, pois no fundo ele faz o que os
outros gostariam de estar fazendo.
2.8.6. Sabotador
Conforme
este nome indica, o indivíduo que desempenha o papel de sabotador, através de
inúmeros recursos, procura colocar empecilhos para minar o êxito da tarefa
grupal. Em geral o papel é assumido pelo indivíduo que seja portador de uma
excessiva inveja e egoísmo, geralmente gosta muito de aparecer, não aceita ser
subordinado e gosta de ser exaltado.
2.8.7. Vestal
Também nos pequenos grupos (uma igreja, por exemplo)
é muito comum que alguém assuma o papel de zelar pela manutenção da “moral e
dos bons costumes”. Um exagero nesse papel constitui a tão conhecida figura do
“patrulheiro ideológico” que obstrui qualquer movimento no sentido de uma
criatividade inovadora. Há um sério risco - nada incomum - de que o papel venha
a ser assumido pelo próprio líder do grupo.
2.8.8. Líder
O papel de líder surge em dois planos. Um é o que,
naturalmente, foi designado ao líder ou obreiro. O outro é o que surge,
espontaneamente, entre os membros do grupo. Neste caso, a liderança adquire
cores muito diferenciadas, desde os líderes construtivos que exercem o
importante papel de integradores e que ajudam na unidade do grupo, até os líderes negativos, nos quais
prevalece uma excessiva necessidade de mandar e controlar as pessoas.
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