FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO
LIVRE
INTRODUÇÃO
AO
ACONSELHAMENTO DE
CASAIS
ACONSELHAMENTO DE
CASAIS
1. O COMPROMISSO
O Compromisso Estabelece Alvos a Serem Alcançados O Compromisso Produz
Segurança Compromisso é Compromisso
2. O AMOR
Ficar Mais Tempo Juntos Reviver e Praticar Cortesias e Amabilidades O
Amor Nasce, Cresce, Morre e Ressuscita
3. A COMUNICAÇÃO DO AMOR
As Cinco Linguagens do Amor Como Descobrir a Linguagem de Amor
4. O SEXO
Ato Sexual Só no Casamento O Ato Sexual Entre Marido e Mulher É Recomendado
Por Deus O Ato Sexual Exige Respeito
5. A TRANSPARÊNCIA
Amor e Aceitação A Comunicação
O Respeito
6. CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS
Diferença Entre Características e Defeitos A Valorização das
Características A Correção dos Defeitos
7. FEEDBACK NO CASAMENTO
As Dificuldades de Dar Feedback As Dificuldades de Receber Feedback Como
Superar as Dificuldades de Dar e Receber Feedback
8. LUCROS E PREJUÍZOS DAS PEQUENAS COISAS
Os Pequenos Erros Os Pequenos Aborrecimentos As Pequenas Demonstrações de
Amor e Respeito
9. TEMPERAMENTO
Os Tipos de Temperamento Compatibilidade dos Temperamentos Adaptação dos
Temperamentos
10. As FINANÇAS
O Significado dos Bens Materiais O Uso Correto dos Bens Algumas
Recomendações Úteis
11. Os FILHOS
O Lugar dos Filhos na Família O Dever dos Pais Para Com os Filhos Como
Cuidar dos Filhos Sem Sacrificar os Pais
12. O RELACIONAMENTO COM OS FAMILIARES
A Aprovação do Casamento A Independência do Casal Amor, Atenção e
Amabilidade no Trato
13. O ESPOSO NA CRISE DA MEIA-IDADE
Conceituação e Causas da Crise da Meia-Idade Os Perigos da Meia-Idade Ajuda
Para Enfrentar a Crise
14. A RESTAURAÇÃO DO CASAMENTO
A Vontade de Restaurar o Casamento
A Confissão e o Perdão
A Redescoberta das Virtudes
A Reconciliação com Deus
O Mito do Casamento Perfeito
O Marketing no Casamento
A Disposição Para a Mudança
Deus, o Patrono do Casamento
TRATAMENTO
DE CASAMENTOS
Não existe
casamento tão ruim que não possa ser tratado. Não existe casamento tão bom que
não possa ser melhorado.
O casamento
nasceu no Éden. Deus o instituiu e celebrou a primeira cerimônia. O noivo,
eufórico e radiante, exclamou; "Esta, afinal, é osso dos meus ossos e
carne da minha carne" (Gênesis 2.23). A harmonia entre o casal era
completa: os dois eram uma só carne!
Mas o pecado
entrou na história do casal. Os dois foram expulsos do Éden. A harmonia acabou,
a paz desapareceu, a felicidade evaporou... As acusações mútuas, os
ressentimentos e outras formas de sofrimento se instalaram junto ao casal. E
tão nefastas companhias turvaram os horizontes de suas vidas. Cada manhã, em
vez de trazer-lhes maviosa sinfonia de esperança, fazia ressoar em seus
corações o estrépito da insegurança, do medo, do quase desespero. E entre
nuvens carregadas de ameaças e breves aparições do sol da alegria - curtas e
raras - os dois iam vivendo; vivendo não, vegetando.
A história de
Adão e Eva tem muita coisa em comum com vários casais de nossa época. Muitos
começam a vida conjugal no Éden, mas depois tudo fica pálido, insípido, sem
sabor. Ou, o que é pior, turvo, ameaçador. Mas não existe casamento tão ruim,
que não possa ser consertado.
Oficina de
Casamentos pretende mostrar que a felicidade daqueles primeiros dias, meses ou
anos pode ser reconquistada. O sonho não acabou!
Este estudo é,
também, uma obra de pesquisa. Aqui estão citações de dezenas de livros escritos
por servos de Deus que pesquisam e ensinam casais a viver melhor a vida
conjugal pela graça de Deus. Poderão ser usados em aconselhamentos de casais e
em cursos para casais. Muitos encontrarão o caminho de volta ao Éden através
destas reflexões. o objetivo é ajudar os
casais que enfrentam dificuldade no casamento a encontrar o caminho da
felicidade conjugal, pois não existe casamento tão ruim que não possa ser
tratado; e mostrar aos casais felizes que é possível ser mais feliz ainda,
porque não existe casamento tão bom que não possa ser melhorado.
O COMPROMISSO
O casamento foi
instituído por Deus, na criação. "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem,
à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes
disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra esujeitai-a"
(Gênesis 1.27,28). "Porissodeixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher,
tornando-se os dois uma só carne" (Gênesis 2.24).
O casamento foi
instituído por Deus para a felicidade do ser humano. Por intermédio dele ocorre
a "propagação da raça humana por uma sucessão legítima". Mas o seu
principal objetivo é o companheirismo entre os cônjuges. A procriação é uma
bênção adicional. Aliás, isso deve ficar bem claro. Nicolas Berdyaev, em seu
livro The Destiny of Man (O Destino do Homem), afirma "que a união
conjugal com o único propósito de procriação deve ser considerada imoral".
O casamento é
uma instituição divina, mas a forma como é feita a escolha dos cônjuges e a
celebração da cerimónia nupcial não foi determinada na instituição. E, por
isso, varia de um povo para outro, de uma época para outra. O primeiro processo
de escolha de cônjuge registrado no Antigo Testamento resultou no casamento de
Isaque e Rebeca. A história pode ser sintetizada assim: Abraão, já idoso,
encarregou seu mais antigo servo da escolha de uma esposa para Isaque.
"Tomou o servo dez camelos do seu senhor e, levando consigo de todos os
bens dele, levantou-se e partiu, rumo da Mesopotâmia, para a cidade de
Naor." (Gênesis 24.10). E foi parar na casa de Betuel, onde expôs o motivo
da viagem, e conseguiu atrair Rebeca, com o consentimento do pai e do irmão,
para dirigir-se a Canaã e ser a esposa de Isaque. "Saíra Isaque a meditar
no campo, ao cair da tarde; erguendo os olhos, viu, e eis que vinham camelos.
Também Rebeca levantou os olhos e, vendo a Isaque, apeou do camelo, e perguntou
ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? É o meu
senhor, respondeu. Então tomou ela o véu e se cobriu. O servo contou a Isaque
todos as cousas que havia feito. Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe
dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher." (Gênesis 24.63-67). Os
dois nunca se tinham encontrado antes; talvez Isaque nem soubesse da existência
de Rebeca. Não foi feita nenhuma cerimónia nupcial. Simplesmente foram viver
juntos... Mas estavam casados, segundo os costumes da época. Esse tipo de
casamento tinha tudo para ser um grande fracasso... mas funcionava. E
funcionava bem porque era protegido por um compromisso. O amor que unia os
cônjuges era fruto desse compromisso.
O casamento de
nossos dias é bem diferente. Os pretendentes têm amplas oportunidades de se
conhecer antes da decisão final. Teoricamente suas possibilidades de fazer um
bom casamento, de estabelecer uma união harmónica e duradoura são bem maiores.
Mas isso não tem acontecido porque eles têm feito deste sentimento emocional
subjetivo, denominado amor, a base do seu casamento. E um sentimento, sujeito a muitas vicissitudes, não pode
garantir o êxito de uma instituição tão importante. Para transformar o
casamento que você tem no casamento que você quer, o ponto de partida é a
conscientização de que o verdadeiro fundamento do matrimónio é o compromisso. O
amor é importante, mas até ele deve estar baseado no compromisso. Pois, como
disse Erich Fromm: "Amar alguém não é apenas um sentimento forte. É uma
decisão, um julgamento, uma promessa". Casamento que tem como base o amor
não tem futuro. Waylon Ward escreveu: "Um dos fatores mais significativos
que afetam o casamento parece ser a ideia de que o amor se tornou o fundamento
sobre o qual os casais tentam construir em lugar do compromisso. A maioria dos
casais tem uma compreensão do amor emocional e superficial. Eles se apaixonam,
se casam, deixam de amar e pedem divórcio".
O Compromisso Estabelece Alvos a Serem Alcançados
John e Betty
Drescher relatam o seguinte: "No último verão visitamos alguns amigos que
estudaram conosco nos tempos do seminário. Discutimos a direção de nossas vidas
desde aqueles primeiros dias juntos e falamos sobre os nossos casamentos e
famílias. João e Helena nos contaram ter repetido seus votos conjugais um ao
outro, pelo menos duas vezes por semana, desde que se casaram há trinta
anos". E concluem: "Ao refletirmos se*;re a ideia de João e Helena e
conversar sobre ela, pensamos ter descoberto o segredo do seu sucesso no
casamento e na vida. É claro que ambos tiveram tempos difíceis, como acontece
com todo casal, mas foi esse tipo de compromisso constante que os ajudou a
superá-los e tornou a caminhada alegre e suportável". Ao fazermos os votos
conjugais, assumimos o compromisso de amar, honrar, cuidar e defender o nosso
cônjuge e ser-lhe fiel, na saúde e na doença, na prosperidade e na adversidade,
na alegria e na dor. Comprometemo-nos também a viver ao seu lado até que a
morte nos separe. E estes compromissos se tornam a nossa meta, o nosso alvo.
"Muitas experiências já demonstraram que é muito mais fácil fazer uma
coisa quando se tem um objetivo em vista. Quanto mais você se aproxima de uma meta,
maior é a força que esta meta exerce sobre você". Todo casamento está
sujeito a enfrentar problemas, lutas e dificuldades. Mas quando o casal leva a
sério o compromisso e o seu alvo é viver juntos até que a morte os separe,
torna-se muito mais fácil superar as crises. Alguns missionários americanos que
trabalhavam no interior de nosso país usavam veículos equipados com uma polia e
um longo cabo de aço. Quando encontravam um atoleiro na estrada, eles amarravam
o cabo de aço no outro lado do atoleiro, ligavam a polia e, à medida que ela
rodava, ia enrolando o cabo de aço. Assim, o carro ia sendo puxado até
atravessar o atoleiro. Isto ilustra o papel do compromisso no casamento. Todo
casamento está sujeito a crises. Às vezes deparamo-nos com
"atoleiros" que ameaçam a nossa "viagem". Mas o nosso alvo
é "viver juntos até que a morte nos separe". Temos de vencer as
crises. Temos de transpor os atoleiros. E o compromisso funciona como o cabo de
aço que nos leva para o outro lado. Depois, tudo continua normalmente. E só nos
lembramos das crises como águas que passaram.
O Compromisso Produz Segurança
O amor é algo
sublime, mas só o compromisso produz segurança. Creio que todos os empresários
gostariam de ter empregados que amam o que fazem, que amam a empresa onde
trabalham. Contudo, é provável que eles não queiram ter como empregado uma
pessoa que condicione o desempenho de suas funções ao seu amor por aquele
trabalho. Pois tal pessoa não daria segurança à empresa. O amor é um sentimento
emocional subjetivo, que está sujeito às nossas condições físicas, mentais e
psíquicas. Ele poderá ser afetado por uma dor de cabeça, por uma discussão com
alguém ou simplesmente por uma interpretação incorreta de algum fato. O
empregado que trabalhasse só por amor poderia abandonar o trabalho a qualquer
momento ou simplesmente se negar a executar alguma tarefa. Ele não daria
segurança ao empregador. O mesmo pode ser dito em relação ao casamento. 'Todos
os que estão casados, pelo menos há alguns anos, sabem que nenhuma união
significativa ou duradoura pode ser construída sobre a filosofia: 'Viveremos
juntos enquanto o amor durar'. Ao contrário, o casamento só irá durar sob o
compromisso: 'Amaremos um ao outro enquanto vivermos'." Precisamos de
segurança no casamento. E só o compromisso pode dar essa segurança. George
Eliot, num belo poema, fala da beleza e da sublimidade da segurança conjugal,
com as seguintes palavras:
Que coisa mais
sublime pode haver para duas almas humanas do que sentir que estão unidas para
a vida inteira Fortalecendo uma à outra em todas as dificuldades. Descansando
uma na outra em todos os sofrimentos, Unindo-se uma à outra nas lembranças
silenciosas, indizíveis No momento do último adeus.
Só o compromisso
é que pode dar esta segurança. Depois de trinta anos de vida conjugal, John e
Betty Drescher escreveram: "Se estivéssemos, então, começando nosso
casamento de novo, iríamos construir sobre o compromisso, um compromisso maior
do que qualquer problema a ser enfrentado".
Compromisso é Compromisso
Vamos voltar à
história do casamento de Isaque e Rebeca. Os anos se passaram. Nasceram-lhes
dois filhos: Esaú e Jacó. Isaque, velho e cego, chamou Esaú para lhe dar a
bênção reservada ao primogénito. "Disse-lhe o pai: Estou velho e não sei o
dia da minha morte. Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco,
sai ao campo, e apanha para mim alguma caça, e faze-me uma comida saborosa,
como eu aprecio, e traze-ma para que eu coma, e te abençoe antes que eu morra.
Rebeca esteve escutando enquanto Isaque falava com Esaú, seu filho. E foi-se
Esaú ao campo para apanhar a caça e trazê-la. Então disse Rebeca a Jacó, seu
filho: Ouvi teu pai falar com Esaú, teu irmão, assim: Traze caça, e faze-me uma
comida saborosa, para que eu coma e te abençoe diante do SENHOR, antes que eu
morra. Agora, pois, meu filho, atende às minhas palavras com que te ordeno. Vai
ao rebanho, e traze-me dois bons cabritos; deles farei uma saborosa comida para
teu pai, como ele aprecia; levá-la-ás a teu pai, para que a coma, e te abençoe,
antes que morra." (Gênesis 27.2-10). Jacó seguiu as instruções da mãe,
enganou o pai e recebeu a bênção. Quando Esaú tomou conhecimento do que se
havia passado, implorou ao pai: "Abençoa-me também a mim, meu pai!
Respondeu-lhe o pai: Veio teu irmão astuciosamente, e tomou a tua bênção"
(Gênesis 27.34,35). Mesmo tendo sido enganado, Isaque entendeu que a sua
palavra não podia voltar atrás. Assim também é o nosso compromisso conjugal:
ele é muito sério e não deve ser revogado, mesmo que o tenhamos feito sem tomar
as devidas precauções. Compromisso é compromisso! Deus abomina a atitude
daqueles cônjuges que renegam seus compromissos. "Ainda fazeis isto:
cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele
já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão. E perguntais:
Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua
mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher
da tua aliança. Porque o SI.NHOR Deus de Israel diz que odeia o repúdio; e
também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o SENHOR dos
Exércitos; portanto cuidai de vós mesmos e não sejais infiéis." (Malaquias
2.13, 14 e 16). Ninguém tem
o direito de fugir ao compromisso assumido no casamento. O argumento de que o
amor morreu não justifica a separação de um casal. Dietrich Bonhoeffer, no
sermão pregado no casamento de sua sobrinha, afirmou: "Assim como é a
posse da coroa, e não apenas a vontade de reinar, que faz um rei, da mesma
forma, no casamento, não é somente o seu amor mútuo que os une perante Deus e
os homens. Assim como Deus está acima do homem, assim também estão a santidade,
os direitos e as promessas do casamento acima da santidade, dos direitos e das
promessas do amor. Não é o seu amor que susterá o casamento, mas, doravante, é
o casamento que susterá o seu amor."
Conclusão
A base sobre a
qual deve ser edificado o matrimónio é o compromisso. O amor é muito importante,
mas ele também só subsistirá se estiver edificado sobre o compromisso.
O compromisso
assumido diante do altar deve ser levado até as últimas consequências. Pois com
Deus não se brinca. É melhor não assumir compromisso, do que, assumindo-o, não
o cumprir. "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem."
(Mateus 19.6).
Para Refletir
"O cônjuge
mais feliz não é aquele que se casou com a melhor
pessoa, mas
aquele que consegue extrair o que há de melhor na
pessoa com quem
se casou".
O AMOR
O fundamento do
matrimonio é o compromisso. Mas é o amor que lhe dá alegria, romantismo, sabor.
O compromisso pode manter uma união conjugal, levando-a a superar todas as
crises. Mas sem amor o casamento será frio, desinteressante, monótono. Por isso
o casal deve cuidar do amor, alimentar o amor, investir no amor.
O apóstolo Paulo
escreveu: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não
tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Ainda
que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver
amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres,
e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor,
nada disso me aproveitará" (1 Coríntios 13.1-3). Estas palavras do
apóstolo foram dirigidas aos crentes de Corinto. Elas não são específicas para
marido e mulher. Mas são para eles também. Aplicadas aos cônjuges, elas podem
ser parafraseadas assim: "Ainda que eu fale as palavras mais belas e mais
agradáveis de ouvir, se não tiver amor pelo meu cônjuge, serei com um som
harmonioso que encanta o ouvido, mas logo cessa. Ainda que eu seja praticante
da melhor religião; ainda que eu tenha grande conhecimento bíblico e muita fé,
se não tiver amor pelo meu cônjuge, nada serei. Ainda que eu proporcione ao meu
cônjuge todo conforto e comodidade, e ainda que a minha vida seja de constantes
sacrifícios pela minha família, se não tiver amor pelo meu cônjuge, nada disso
me aproveitará".
Para transformar
o casamento que você tem no casamento que você quer, é necessário cultivar o
amor.
Ficar Mais Tempo Juntos
Vamos lembrar a
história do casamento de Adão e Eva. Quando Deus criou a mulher e a entregou ao
homem, celebrando assim o primeiro casamento, Adão disse: "Esta, afinal, é
osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do
varão foi tomada" (Gênesis 2.23). Transbordava de alegria. Mais tarde,
porém, quando foi interrogado por Deus sobre os motivos por que comera do fruto
proibido, ele se justificou assim: "A mulher que me deste por esposa, ela
me deu da árvore, e eu comi" (Gênesis 3.12). Antes Eva era "osso dos
meus ossos e carne da minha carne", mas agora era "a mulher que me
deste por esposa". O que havia acontecido? Os primeiros versículos desse
capítulo três nos dão uma chave para compreender o que acontecera. E não nos
referimos à queda, mas à ausência do esposo. Quando a serpente abordou a
mulher, ela estava só. E Adão, onde estava? Talvez, se ele estivesse ao lado da
esposa, a história da humanidade seria outra.
"Um estudo
feito por um sociólogo húngaro, Karoly Varge, que incluiu 30.000 pessoas em
onze países, destaca que a estabilidade do casamento e do larjjjapende do tempo
gasto em conversar.
Quanto mais tempo gastamos um cojTi o outro, tanto mais
desejamos a companhia recíproca."1
No capítulo
anterior, observamos que o casamento de Isaque e Rebeca sobreviveu porque
estava fundamentado no compromisso. Mas havia também amor entre eles. E esse
amor era cultivado no dia-a-dia, mesmo em circunstâncias adversas. Um exemplo
disso está registrado no capítulo 26 de Gênesis. O casal estava em Gerar, entre
os filisteus. Isaque havia dito que Rebeca era sua irmã, por temer que os
homens daquele lugar o matassem para tomar-lhe a esposa. O casal devia estar
vivendo uma grande tensão, mas continuava cultivando o seu amor. Prova disso é
que "Abimeleque, rei dos filisteus, olhando da janela, viu que Isaque
acariciava a Rebeca" (Gênesis 26.8).
Marido e mulher
precisam ficar juntos para cultivar o amor. "Aprendemos a nos conhecer
mutuamente e a experimentar um sentimento de união quando tomamos tempo para
compartilhar da alma um do outro, para ler a mente um do outro e para gostar da
presença e daquilo que o outro gosta."
Ficar mais tempo
juntos é importante para cultivar o amor e, também, para resolver no nascedouro
os problemas que possam surgir entre os cônjuges. John e Betty Drescher falam
sobre isso contando a seguinte experiência: "Há várias semanas notamos que
nosso carro não estava funcionando bem. Por estarmos muito ocupados, não o
levamos ao mecânico. Fomos deixando o barco correr. Certa manhã o carro não
pegou. Finalmente, depois de muito tempo e esforço, conseguimos levá-lo à oficina
e consertá-lo. O problema no início era simples e poderia ser facilmente
remediado, se tivéssemos tomado providências imediatas. Por não ter sido
atendido, ele causou outros problemas mecânicos, além de exigir mais tempo e
provocar mais prejuízos. O casamento também é assim. Quando deixamos passar as
pequenas coisas por acharmos que não temos tempo para conversar e resolver a
situação, elas se tornam sérias e afetam todo o nosso relacionamento. Por não
tomarmos o tempo inicial necessário, reparos grandes são, algumas vezes,
imprescindíveis".
Marido e esposa
precisam passar mais tempo juntos para cultivar o amor.
Reviver e Praticar Cortesias e Amabilidades
As cortesias, as
amabilidades, o romantismo e o carinho do período de namoro não podem cessar após
o casamento. John e Betty Drescher afirmam: "O amor que dura não é o que
nos levou ao altar, mas aquele manifestado e experimentado todos os dias. Se a
bondade, a cortesia, a consideração e as palavras e os atos amorosos foram
necessários para a manutenção do amor no namoro, esses mesmos elementos de
afeto são igualmente exigidos para a manutenção e preservação do amor no
casamento. Além disso, sabemos hoje que, quando pomos em prática até mesmo
algumas das pequenas cortesias e bondades que praticamos antes do casamento,
este avança gloriosamente. Se os pequenos presentes escolhidos com cuidado, os
beijos ao se encontrarem e se despedirem, e as palavras 'amo você' e 'gosto de
você' passarem do namoro para o casamento, este não ficará monótono".'
O apóstolo Paulo
afirma que o amor é o dom supremo. E o descreve assim: "O amor é paciente,
é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se
conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não
se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1 Coríntios
13.4-7). Estas palavras mostram que o amor se manifesta em atos concretos.
Marido e esposa cultivam o amor quando se empenham na busca do bem-estar um do
outro.
Mas o amor deve
manifestar-se também em
palavras. O psicólogo Clyde M. Narramore afirma que
"amar sem reafirmá-lo em palavras não basta". E acrescenta:
"Precisamos de que os outros declarem que nos amam. Tanto as crianças como
os adultos querem ser amados. A esposa bem pode perguntar ao marido: 'Querido,
você gosta de mim?'. Pode ela estar mais do que certa de que ele a ama; porém,
é grato ouvi-lo dizer isso de novo - uma e muitas vezes. É falta de
consideração, e crueldade até, deixarmos nossos entes queridos em dúvida quanto
ao afeto que lhes temos".
Em Provérbios 5.18 está escrito: "Seja bendito
o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade". Marido e
esposa devem fazer do seu casamento uma união harmónica, agradável e feliz. O
amor que sentem um pelo outro deve ser uma fonte de alegria e prazer.
O Amor Nasce, Cresce, Morre e Ressuscita
O amor nasce...
cresce... pode morrer... mas também pode ressuscitar.
George E.
Sweazey escreveu o seguinte: "O casamento não é o resultado do amor, é a
oportunidade de amar. As pessoas se casam para descobrir o que é o amor. Não é
o destino que torna a pessoa o nosso amor verdadeiro e único, mas a vida. São
as dificuldades enfrentadas juntos, o inclinar-se diante de uma cama de doente
e lutar para chegar ao fim do mês dentro do orçamento; é um milhão de beijos de
boa-noite e sorrisos de bom-dia; são os dias de férias na praia e as conversas
no escuro; é o respeito crescente e mútuo que nasce da afeição e do amor."
O amor pode ser
comparado a uma árvore. No princípio é apenas uma semente. Depois germina,
nasce, cresce, floresce, frutifica. Mas em todas essas fases a planta necessita
de cuidados especiais. Se não receber os cuidados necessários, o seu
desenvolvimento fica prejudicado. Pois assim também é o amor. Do primeiro
encontro ao último adeus, ele necessita de cuidados especiais. Se não receber o
cuidado necessário, pode até morrer.
Os cônjuges
devem cultivar o amor porque um casamento sem amor é como uma noite sem luar.
Falta-lhe romantismo, luz e brilho. E o pior é que as trevas da falta de amor
podem levar os cônjuges a caminhos que eles jamais devem trilhar. O ser humano
sente uma inata necessidade de amar. E quando não encontra o amor dentro de
casa, costuma buscá-lo lá fora. E lá fora não existe amor, existe paixão - que
atrai, seduz, ilude e, por fim, machuca. O amor só pode viver à sombra da
comunhão. E fora do casamento não há comunhão - há comprometimento.
"E quando
não existe mais amor?", perguntam algumas pessoas.
John e Betty Drescher respondem:
Ao aconselhar
casais, encontramos alguns que nos dizem que nada restou de sua união. Eíes não
têm mais qualquer sentimento de amor um pelo outro - cada gota de amor
esgotou-se, dizem. A única alternativa que lhes sobra é o divórcio. E querem
nossa aprovação para separar-se. Dizemos simplesmente a esses casais:
"Vocês se
amaram um ciia, não é?"
"Sim!",
respondem. "Mas tudo acabou. Nosso amor está morto".
"Só há
então uma coisa a fazer", replicamos. (O casal espera aqui uma confirmação
de que o casamento acabou e a única resposta é o divórcio.) Imagine a surpresa
deles quando dizemos: "A única coisa que podem fazer é aprender a amar de
novo".7
Eles afirmam que
"o amor não é como uma vacina que garante a felicidade para sempre, depois
de recebida. Não é um raio caído do céu que nos atinge e fica conosco para
sempre. Não é uma flecha atirada por Cupido, e de repente ficamos cheios dele.
O amor é uma resposta aprendida".
Cultivar o amor
faz com que ele cresça e amadureça. E ressuscite, caso tenha morrido. Casais
que deixaram de se amar não precisam de divórcio - precisam ressuscitar o amor,
precisam amar de novo. Uma senhora que viveu esta experiência deu o seguinte
testemunho: "Eu não amava mais Roberto. Então comecei a perguntar: Como eu
agiria se amasse meu marido? Comecei a aprender conscientemente aquilo de que
ele gostava ou não gostava. Preparei os seus pratos favoritos. Participei de
seus passatempos. Comprei surpresas para colocar em sua lancheira. Demonstrei a
ele o meu amor em todas as ocasiões possíveis. Eu, agora, o amo de todo o
coração". Talvez você diga que isso é hipocrisia. Mas o Dr. Gary Chapman,
conselheiro matrimonial de renome internacional, esclarece: "Se você
afirmar ter sentimentos que não nutre, isso é hipocrisia. Porém, expressar um
ato de amor em benefício, ou para o prazer de outra pessoa, é um ato de
escolha".
Conclusão
O compromisso
sustenta a durabilidade do casamento. Muitos casais perderam por completo o
amor que existia entre eles. E continuam juntos. E, por causa do compromisso,
ficarão casados até que a morte os separe. Mas esse tipo de casamento está
muito distante do sentido do matrimónio instituído por Deus. Casamento sem amor
é como carne sem tempero: nutre mas não tem sabor. O convívio conjugal sem amor
é frio, monótono, desinteressante... e perigoso. Por isso o casal precisa lutar
para manter acesa a chama do amor. E se esta vier a se apagar, deve lutar para
reacendê-la.
O ideal do
casamento é que marido e esposa vivam juntos, com muito amor, felizes, até que
a morte os separe.
Para Refletir
"Assim como
um diamante não passa de pedaços de carvão negro
soldados no
mesmo ponto sob uma pressão tremenda, o amor
conjuga]
profundo é aquela possessão preciosa, que aumenta de
valor a cada dia
e ano, de lutar e permanecer juntos".
A COMUNICAÇÃO DO AMOR
Sentir-se amado
é uma das necessidades básicas do ser humano. Por isso, o amor tem grande
importância no casamento. Um casamento sem amor é como uma noite sem luar.
Falta-lhe romantismo, luz e brilho. No Cântico dos Cânticos, a esposa declara
ao esposo: "Melhor é o teu amor do que o vinho" (Cântico 1.2). E o
esposo faz este apelo à esposa: "Põe-me como selo sobre o teu coração,
como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte" (Cântico
8.6).
Mas, amar não é
fácil. Difícil também é saber a forma correta de comunicar ao nosso cônjuge o
nosso amor. A dificuldade se torna ainda maior por que as pessoas têm
instrumentos diferentes para captar o amor de seu cônjuge. O Dr. Gary Chapman,
conselheiro matrimonial, depois de estudos e pesquisas, reuniu em cinco grupos
as formas como as pessoas expressam e recebem manifestações de amor. Ele
classificou esses grupos e deu-lhes a denominação de As Cinco Linguagens do
Amor}. São cias: (1) palavras de afirmação, (2) qualidade de tempo, (3) receber
presentes, (4) formas de servir e (5) toque físico.
As Cinco Linguagens do Amor
Muitos maridos
dizem: "Faço tudo por minha esposa, e ela continua insatisfeita".
Geralmente tais maridos fazem "tudoj, menos o "essencial".
Suponhamos que a esposa esteja com sede, e o marido lhe ofereça um copo do
melhor vinho importado, ela se sentirá saciada? E se ele oferecer-lhe uma taça
da_jnelhor champanhe do mundo, isso poderá matar-lhe a sede? Claro que não. 0
vinho e a champanhe podem ser o melhor que o marido quer oferecer-lhe, mas o
"essencial" para ela é água. Muitos maridos proporcionam à esposa o
que existe de melhor, mas não lhe dão o que ela realmente quer receber. Dessa
forma expressam seu amor, mas numa linguagem que ela não entende. O mesmo pode
ser dito também sobre as esposas. Todas as pessoas têm necessidades e
expectativas que devem ser supridas no casamento. Essas necessidades e
expectativas variam de uma pessoa para outra. Por isso, precisamos descobrir e
satisfazer as necessidades e as expectativas de nosso cônjuge. Só assim 1
comunicar-lhe-emos corretamente o nosso amor.
1. Palavras de Afirmação
Algumas pessoas
só se sentem amadas quando são alvo de palavras de afirmação. A mais profunda
necessidade dessas pessoas é ser apreciadas. Por isso, elas precisam de
elogios, de palavras de apreciação ou de palavras de encorajamento para elevar
a sua áuto-estima e se sentir amadas e felizes. Isso significa que elogios,
palavras de apreciação e palavras de encorajamento são os meios pelos quais
elas captam a declaração e a afirmação de amor de seu cônjuge. Esses
instrumentos criam intimidade, curam feridas e permitem a livre expansão do
potencial dessas pessoas.
2. Qualidade
de Tempo
Os elogios, as
palavras de apreciação e as palavras de encorajamento não satisfazem as
necessidades emocionais de todas as esposas, nem de todos os maridos. Algumas
pessoas só captam a declaração e a afirmação de amor de seu cônjuge por meio da
atenção dedicada a elas. Elas só se sentem amadas, aceitas e queridas quando
seu cônjuge dedica-lhe tempo, compartilhando, ouvindo e participando de suas
atividades. Essas pessoas necessitam da companhia atenciosa de seu cônjuge.
Destacamos a expressão companhia atenciosa porque, para elas, o importante é a
atenção do cônjuge. Elas têm necessidade emocional e psicológica de ser
"curtidas" pelo cônjuge. Para elas, aproveitar a vida e o casamento
significa estar ao lado do cônjuge e ter o cônjuge ao seu lado.
3. Receber
Presentes
Existem, também,
pessoas que só captam a declaração e a afirmação de amor de seu cônjuge através
dos presentes que ele lhe dá. Para essas pessoas, os presentes - sejam eles
comprados ou feitos pelo cônjuge, simples ou luxuosos - são símbolos visuais do
amor. Por isso, elas têm necessidade emocional de receber presente. Mas, para
elas, o valor monetário do presente é secundário. Tanto faz um presente caro,
quanto um presente barato. A não ser "que haja uma enorme discrepância
entre o que se deu e o que se poderia oferecer"^. Porque, para elas o
importante é o presente e não o valor monetário do presente. Ao receber o
presente, elas dizem para si mesmas: "Ele(a) se preocupa comigo; ele (a)
me valoriza; ele (a) me ama!". Portanto, os elogios, as palavras de
apreciação, as palavras de encorajamento ou a companhia atenciosa do cônjuge
não são suficientes para levar essas pessoas a se sentir amadas. Pois a maior
necessidade emocional delas é receber presente.
4. Formas de
Servir
Outras pessoas
só se sentem amadas quando seu cônjuge faz coisas que elas apreciam. Essas
pessoas captam a declaração e a afirmação de amor de seu cônjuge por meio dos
serviços que o cônjuge lhe presta, fazendo para elas aquilo que elas consideram
importante. Para algumasjesposas que têm essa linguagem de amor, o importante é
o marido ajudá-las a cuidar dos filhos; para outras, é ajudá-las nas tarefas
domésticas. Para alguns maridos que têm essa linguagem de amor, o importante é
a esposa preparar os pratos que eles apreciam; para outros, é dar-lhe tudo nas
mãos. Para essas pessoas, os elogios, as palavras de apreciação, as palavras de
encorajamento, a companhia atenciosa do cônjuge ou os presentes não são provas
de amor. Elas só sentem-se amadas quando são servidas.
5. Toque
Físico
Existem também
pessoas que só captam a declaração e a afirmação de amor de seu cônjuge por
meio de toque físico. O toque físico pode ser afago, abraço, beijo ou outras
formas de toques amorosos. O tipo de toque varia de uma pessoa para outra. Mas
todas têm isto em comum: emocionalmente anseiam pelo toque físico de seu
cônjuge. No Cântico dos Cânticos, a esposa diz ao esposo: "Beija-me com os
beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho" (Cântico
1.2). Ela não diz "melhor é o teu beijo do que o vinho", mas.
"melhor é o teu amor...", pois, para ela o beijo era o meio pelo qual
o esposo transmitia-lhe o seu amor. Divagando sobre seus anseios, diz a esposa:
"Tomara fosses como meu irmão, que mamou os seios de minha mãe! Quando te
encontrasse na rua, beijar-te-ia, e não me desprezariam! Levar-te-ia e te
introduziria na casa de minha mãe, ... A sua mão esquerda estaria debaixo da
minha cabeça, e a sua direita me abraçaria" (Cântico 8.1-3). E também
confidencia: "O meu amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração se comoveu
por amor dele" (Cântico 5.4). Essa esposa, à semelhança de muitos maridos
e muitas esposas, tinha necessidade emocional e psicológica de toque físico. Os
elogios, as palavras de apreciação, as palavras de encorajamento, a companhia
atenciosa do cônjuge, os presentes ou as coisas que seu cônjuge faz para elas
não satisfazem as necessidades emocionais e psicológicas dessas pessoas. Ainda
que isso seja importante para elas, não será o suficiente para que se sintam
realmente amadas.
Como Descobrir a Linguagem de Amor
O segredo para
levar seu cônjuge a sentir-se amado
,9} e feliz é expressar-lhe seu amor por meio da linguagem
Mas, como
descobrir a linguagem de amor de seu cônjuge?
1. Preste atenção nas reclamações de seu cônjuge
"Seja
pronto para ouvir” (Tiago 1.19) é o conselho inspirado de Tiago. Ele se aplica a todas as áreas de nossa vida,
mas tem um lugar especial no casamento. Ouvir com atenção e respeito as
reclamações do cônjuge é a melhor forma para descobrir a primeira linguagem de
amor dele. Se alguém reclama de algo que gostaria de receber e não está
recebendo, certamente é porque aquilo é importante para a pessoa. As empresas
modernas gastam muito dinheiro para ouvir as reclamações de seus clientes. Elas
usam as reclamações para aprimorar seus produtos e seus serviços. Assim também
marido e mulher devem ouvir as reclamações do cônjuge e usar as informações
obtida através dessas reclamações para melhorar a qualidade casamento.
2. Estimule seu cônjuge a revelar-lhe suas
necessidades
Voltando ao
comportamento das empresas modernas, elas também gastam muito dinheiro em
pesquisas de mercado. O objetivo é detectar o tipo de produto e serviço que é o
objeto de desejo do público. Ao fazer tal descoberta, a empresa investe
maciçamente para oferecer ao público aquele produto ou aquele serviço. No
casamento, o comportamento dos cônjuges deve ser idêntico, goxjsso, estimule seu
cônjuge a revelar-he suas necessidades .e se esmere para satisfazê-las.
3. Três passos para descobrir sua primeira
linguagem de amor
Nem sempre é
possível obter do cônjuge a revelação de suas necessidades. Alguns reclamam
tanto que é difícil detectar, através de suas reclamações, qual é a sua
primeira linguagem de amor. As reclamações de outros são vagas e pouco revelam.
E outros não revelam suas necessidades, talvez até por que eles mesmos não as
conhecem com a precisão necessária. Se for essa a situação de seu cônjuge, você
deve (1) descobrir sua própria linguagem de amor e (2) falar francamente ao seu
cônjuge sobre a forma como você gostaria de ser "amado(a)". Assim ele
não só toma conhecimento de sua primeira linguagem de amor mas também será
estimulado a descobrir e a revelar a linguagem dele.
O primeiro passo
para descobrir sua primeira linguagem de amor é fazer uma retrospectiva em seu
relacionamento com seu relacionamento com seu cônjuge. O que seu cônjuge deixa
de fazer lhe causa frustração, angústia, mágoa ou uma sensação de vazio em seu
casamento? Respondendo a essas perguntas, você poderá descobrir quais são suas
maiores necessidades emocionais a ser supridas no casamento.
O passo seguinte
é rememorar suas cobranças zofz? seu cônjuge. O que você mais tem exigido de
seu cônjuge? Possivelmente, suas exigências são formas que você usa para
perguntar-lhe: "Você me ama?".
O terceiro passo
é observar o que você faz e diz para expressar seu amor ao seu cônjuge.
Geralmente,, procuramos fazer por nosso cônjuge aquilo que\ j* gostaríamos que
ele fizesse por nós. Expressamos o nosso amor pelo cônjuge da forma como
gostaríamos que ele expressasse seu amor por nós. Mas esse terceiro passo
precisa ser visto com cuidado, porque nossa forma de expressar o amor pelo
nosso cônjuge pode ter sido aprendida com nossos pais ou com alguém qud
admiramos. Nesse caso ela não expressará nossa primeira linguagem de amor.
4. Recordando o passado
Caso não seja
possível descobrir sua primeira linguagem de amor através dos três passos,
volte ao passado. Lembra-se daquela "paixão" dos primeiros meses de
namoro? O que ele (a) fazia ou dizia que levou você a "se amarrar"
nele(a)? O que ele(a) fazia ou dizia que motivava você a querer estar sempre ao
lado dele(a)? A resposta a essas perguntas poderá ajudá-lo(a) descobrir sua
primeira linguagem de amor.
5. Sonhando com o ideal
Se ainda não
descobriu sua primeira linguagem de amor, feche os olhos e sonhe... com o
cônjuge ideal. Se pudesse "fabricar" alguém para ser seu cônjuge,
como seria esse alguém? A imagem que você projetar do cônjuge ideal poderá
apontar-lhe os instrumentos por meio dos quais você capta a declaração e a
afirmação de amor de seu cônjuge.
6. Revendo as cinco linguagens de amor
Talvez o seu
desejo é que seu cônjuge expresse seu amor por você das cinco formas descritas
nas cinco linguagens de amor. Por isso, faça uma lista das cinco linguagens
colocando-as na ordem de sua preferência. A primeira, portanto, será sua
primeira linguagem de amor.
7. Converse francamente com seu cônjuge
Geralmente as
pessoas estão interessadas na felicidade de seu cônjuge. E, na maioria das
vezes, se não contribui para essa felicidade é por que não sabem como fazê-lo
ou porque o fazem de forma equivocada. Por isso, você precisa conversar francamente
com seu cônjuge sobre a sua primeira linguagem de amor, isto é, sobre o que
você gostaria que ele fizesse e sobre a forma como você gostaria que fosse
feito.
Ao conversar com
seu cônjuge, você deve tomar alguns cuidados para alcançar seus objetivos.
Primeiro -
Cuidado com as palavras. O seu objetivo é intensificar sua comunhão com seu
cônjuge. Por isso, suas palavras precisam ser bondosas, cheias de ternura,
repletas de amor. Fale para ser aceito (a), compreendido(a) e amado (a).
Segundo -
Cuidado com a tonalidade de voz. Seu cônjuge interpretará sua mensagem com base
mais em seu tom de voz do que em suas palavras. "Eu te amo" dito com
ternura é uma declaração de amor; mas dito com sarcasmo é uma expressão de
desprezo. Até mesmo quando tiver de fazer alguma reclamação ou censura, use um
tom de voz que comunique amor e verdadeiro interesse pelo bem estar de seu
cônjuge.
Terceiro -
Cuidado com o momento certo para falar. Lembre-se de que há "tempo de
estar calado e tempo de falar" (Eclesiastes 3.7). Procure falar no momento
certo.
Conclusão
As perguntas
aqui propostas devem ser respondidas, preferencialmente, por escrito. Quando
escrevemos, aprofundamos e depuramos nosso pensamento. Respostas verbais podem
ser superficiais e equivocadas. Quando escrevemos nossas respostas, nós as
vemos com mais objetividade. Por isso, se queremos dar respostas corretas às
nossas inquirições, devemos fazê-lo por escrito.
Lembre-se de que
investir na felicidade de seu cônjuge é investir em sua própria felicidade. Um
cônjuge satisfeito, realizado e feliz será um(a) companheiro(a) agradável,
alguém com quem compensa viver. O inverso, infelizmente, também é verdadeiro.
Invista no seu
cônjuge e no seu casamento, assim você estará investindo na sua felicidade.
Para Refletir
"Quando a
necessidade emocional de ser amado é suprida, cria-se
um clima onde o
casal consegue lidar com as outras áreas da vida
de forma muito
mais produtiva".
O SEXO
A mais íntima
comunicação entre um homem e uma mulher se dá por meio do sexo. O Antigo Testamento
usa o termo "conhecer" quando se refere ao ato sexual, demonstrando
que "o ato em si envolve a pessoa toda, o ego completo, a personalidade
inteira", e que este é "o meio pelo qual o ser humano se revela mais
completamente do que é possível em qualquer outra relação entre duas
pessoas".1 E isso foi instituído por Deus na criação.
Quando Deus
criou o homem, "homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse;
Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra" (Gênesis 1.27,28). Deus já
havia criado todos os animais, cada um segundo a sua espécie. E alguns eram
hermafroditas, isto é, tinham os órgãos de reprodução masculinos e femininos.
Se quisesse, ele poderia ter criado o ser humano andrógino, mas Deus preferiu
criar homem e mulher. E no registro da formação da mulher está escrito:
"Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os
dois uma só carne" (Gênesis 2.24). Mais tarde o apóstolo Paulo explicou
que é por meio do ato sexual que homem e mulher se tornam uma só carne (1 Coríntios
6.16). Portanto, Deus nos criou seres sexuados e ordenou que marido e mulher
vivam a sua sexualidade.
O ato sexual
entre marido e esposa foi instituído por Deus e é aprovado por ele. O livro de
Provérbios está repleto de expressões que incentivam o marido a ter relação
sexual com a esposa. Veja, por exemplo, este conselho:" Alegra-te com a
mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus
seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias" (Provérbios
5.18,19). E o autor da Epístola aos Hebreus declara: "Digno de honra entre
todos seja o matrimónio, bem como o leito sem mácula" (Hebreus 13.4).
Mas Deus não se
limitou a criar o sexo; ele também estabeleceu as normas para a vida sexual dos
seres humanos. Vejamos, agora, algumas dessas normas.
Ato Sexual Só no Casamento
"Deixa o
homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne"
(Gênesis 2.24). A ordem dada na criação é muito clara: "Deixa o homem pai
e mãe e se une à sua mulher", isto é, case-se, e só depois tornem-se os
dois uma só carne. O Dr. Carlos "Catito" Grzybowski, em seu livro
Macho e Fêmea os Criou, mostra que, na Bíblia, "o sexo está restrito ao
casamento". E afirma: "O sexo precisa de uma relação duradoura e
permanente para desenvolver-se na sua plenitude". E, a seguir, com a sua
longa experiência de psicólogo bem-sucedido, fala das consequências desastrosas
da desobediência a esse princípio, afirmando: "Quem faz violência a esse
desígnio de Deus encontra no sexo uma fonte de insatisfação e desencanto".
Diante disso,
muitas pessoas perguntam: E os servos de Deus, no Antigo Testamento, que se
relacionaram com várias mulheres? Abraão, o pai da fé. enquanto casado com Sara
teve um filho com Hagar (Gênesis 16.1-16). Jacó tinha duas esposas, Raquel e
Lia, e ainda teve filhos com Bila e Zilpa (Gênesis 29.31-30.24). Elcana era um
homem piedoso, que "subia da sua cidade de ano em ano a adorar e a
sacrificar ao SENHOR dos Exércitos em Silo". Mas "tinha ele duas
mulheres: uma se chamava Ana, e a outra, Penina" (1 Samuel 1.2,3). E
Salomão foi mais longe do que todos os seus antepassados, chegando a ter
"setecentas mulheres, princesas e trezentas concubinas" (1 Reis
11.3). Esses homens estavam cometendo adultério? No período do Antigo Testamento
a poligamia era tolerada. Naquela época, um homem podia casar-se com mais de
uma mulher. E a esposa podia oferecer sua serva ao marido, ordenando que ela
coabitasse com ele. Esse costume tão estranho tem uma explicação: o valor da
esposa era proporcional à quantidade de seus filhos. Quanto maior o número de
filhos, melhor era a esposa. E como os filhos da serva com seu senhor eram
considerados filhos de sua senhora, as esposas ordenavam às suas servas que
coabitassem com seu marido para aumentar-lhes o número de filhos. E em relação
às concubinas, elas também eram consideradas esposas, ainda que de segunda
categoria. Geralmente, eram criadas ou escravas que passavam à categoria de
esposa, com a aprovação das demais esposas. Portanto, Abraão, Jacó, Elcana, Salomão
e outros que tiveram mais de uma esposa seguiram o costume de seus
contemporâneos, vivendo um estilo de vida conjugal que era amparado pelas leis
em vigência e aceito pela sociedade daquela época. Mas hoje a situação é bem
diferente. Cada homem deve ter apenas uma esposa; e cada mulher, apenas um
marido. Este é o ensino de Jesus: "Não tendes lido que o Criador, desde o
princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem
pai e mãe e se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo
Que já não são dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o
separe o homem" (Mateus 19.4-6).
O Ato Sexual Entre Marido e Mulher É Recomendado
Por Deus
"O marido
conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao
seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e
também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e
sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento,
por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes,
para que Satanás não vos tente por causa da incontinência" (1 Coríntios
7.3-5). O marido tem o dever de satisfazer as necessidades sexuais de sua
esposa; e a esposa tem a obrigação de satisfazer as necessidades sexuais de seu
marido. O Prof. Clinton Gardner, em seu livro Fé Bíblica e Ética Social,
afirma: "De acordo com a Bíblia, o sexo é sagrado e deve ser aceito com
gratidão e não com temor. O homem é unidade de carne e espírito, e cada uma
dessas partes deve ser aceita como boa na sua ordem. Como carnal, os desejos
humanos de alimento, água, descanso e relações sexuais pertencem à existência
humana normal, e se baseiam na vontade do Criador. Naturalmente, cada um desses
desejos está sujeito a abuso por causa da liberdade do homem, mas nenhum deve
ser considerado mau por essa razão". É claro que o ato sexual é uma forma
de declaração de amor, e não deve ser praticado simplesmente como cumprimento
de um dever, mas o marido ou a esposa que priva seu cônjuge da relação sexual
está expondo-o à tentação. E, infelizmente, muitos servos de Deus - tanto homem
quanto mulher - têm caído em adultério por culpa de seu cônjuge. Um marido ou
uma esposa abrasado pode ser presa fácil de Satanás.
"Feliz é a
mulher que olha para o ato matrimonial como meio de demonstrar o seu amor ao
marido, e ele por ela. Num sentido vital, esta pode ser a única experiência que
ela e seu marido têm juntos, a qual não têm que dividir com outra pessoa. Se
ela é uma boa cozinheira, seu marido pode ter que dividir a arte culinária dela
com seus amigos. O mesmo se dá com a aparência, as maneiras, as cortesias, e,
praticamente, com todas as demais áreas da vida. O ato matrimonial, contudo, é
singular, por ser a experiência da qual excluem todo o resto do mundo.'"
O Ato Sexual Exige Respeito
"Digno de
honra entre todos seja o matrimónio, bem como o leito sem mácula; porque Deus
julgará os impuros" (Hebreus 13.4). O conceito mundano de que "entre
quatro paredes vale tudo" deve ser exorcizado pelos cristãos. As chamadas
práticas sexuais "liberadas" deterioram a qualidade do relacionamento
do casal. Elas não são prova de amor. O casal que realmente se ama não precisa
praticá-las. Além de absolutamente desnecessárias para o casal que realmente se
ama, as práticas sexuais "liberadas", perversas, animalescas e
degradantes são duramente condenadas por Deus. Na Epístola aos Romanos, o
apóstolo Paulo declarou: "A ira de Deus se revela do céu contra toda
impiedade e perversão dos homens ... Por isso, Deus entregou tais homens à
imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu
corpo entre si;... Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque
até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro,
contrário à natureza" (Romanos 1.18,
24, 26).
O leito
matrimonial deve ser testemunha de um relacionamento amoroso, educado, gentil e
respeitoso entre marido e mulher. "Maridos, vós, igualmente, vivei a vida
comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher
como parte mais frágil, tratai-a com dignidade" (1 Pedro 3.7).
Conclusão
Casamento não é
só sexo. Mas por meio do sexo marido e mulher têm a mais íntima e completa
comunicação. Por isso, o Antigo Testamento usa o termo "conhecer"
para referir-se ao ato sexual. Isso significa "um entregar-se totalmente
ao outro, mostrando-se vulnerável, desarmado perante o outro. ... Conhecer o
outro na sua plenitude é aventurar-se também a revelar-se plenamente, ou seja,
tal qual somos, com nossas belezas e nossas feiúras interiores".5 O ato
sexual é íntimo e exclusivo: ele é a única experiência que pertence
exclusivamente ao casal e que não é compartilhada com nenhuma outra pessoa.
Feliz é o homem
e feliz é a mulher que olha para o ato sexual como meio de demonstrar o seu
amor ao seu cônjuge.
Para Refíetir
"O mais
importante é a aliança que tenho com meu cônjuge, que se
renova a cada
dia nos pequenos gestos de ternura e de doação e
entrega ao
outro; nos valores do perdão e de disposição de
perdoar; no
deixar de pensar que meu umbigo é o centro do
universo e
perceber no outro a maravilhosa criatura, imagem e
semelhança do
Criador, que é capaz de me surpreender a cada dia
com novas e
fascinantes maneiras de revelar-se a mim"
(Carlos
"Catito" Grzybowski).
A TRANSPARÊNCIA
O compromisso
garante a durabilidade do casamento. E o amor dá alegria, romantismo, beleza e
sabor à vida conjugal. Muitos casamentos fracassaram porque foram alicerçados
no amor. E um sentimento sujeito a
tantas vicissitudes não pode sustentar uma instituição tão importante. Outros
casais vivem juntos até que a morte os separe, mas o seu casamento é frio,
monótono e desinteressante, porque lhes falta o amor. Compromisso e amor devem
andar juntos no casamento. O compromisso dando estabilidade ao casamento; e o
amor dando beleza e alegria à convivência do casal.
O compromisso
está ligado ao caráter do casal, o amor à comunhão. E o aperfeiçoamento do
caráter, bem como o aprofundamento da comunhão, dependem muito de lealdade,
franqueza, confiança mútua, enfim, de transparência no relacionamento do casal.
John e Betty afirmam: "O fato de ocultar nossos pensamentos e sentimentos
enfraquece a união básica da vida conjugal. S° quando há franqueza e sinceridade
podemos experimentar cura, ajuda e felicidade. Só à medida que compartilhamos é
que as alegrias se multiplicam e as tristezas diminuem".
Amor e Aceitação
Todos nós
costumamos avaliar os riscos antes de tomar qualquer deliberação. Isto se
aplica também à transparência. Antes de abrir o nosso coração, procuramos
avaliar se seremos compreendidos, se continuaremos sendo amados e aceitos. Por
isso, marido e mulher só serão transparentes um com o outro se tiverem certeza
de que continuarão sendo amados e aceitos.
A transparência
é uma necessidade psicológica básica do ser humano. Esconder alguma coisa,
dissimular, mentir, são práticas que enfraquecem o nosso caráter e destroem a
nossa paz interior. Phillips Books disse: "Mantenhamo-nos livres das
dissimulações e até mesmo da necessidade de dissimular. É horrível quando se
tem que encobrir alguma coisa. Quando temos de evitar olhares, quando para nós
existem assuntos que não podem ser mencionados, então nossa alegria de viver
foi perdida'1. Para a nossa própria felicidade, precisamos agir com total
transparência. E, para a felicidade de nosso cônjuge, devemos oferecer-lhe
todas as condições para que ele seja transparente. E estas condições são: amor
e aceitação. O nosso cônjuge só será transparente conosco se tiver certeza de
que continuará sendo amado e aceito, mesmo nos revelando todos os seus
defeitos, erros e mazelas. Amor e aceitação não significam baixar o nosso
padrão moral. Pelo contrário, significam dar ao nosso cônjuge a oportunidade de
se aperfeiçoar, libertando-se do erro.
Um exemplo
bíblico do significado de amor e aceitação pode ser encontrado em 1 João
1.5-10. Nos versículos 5 e 6 fica claro que Deus exige de nós um comportamento
correto. "Ora, a mensagem que da parte dele temos ouvido e vos anunciamos,
é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos
comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a
verdade". O versículo 8 nos confronta com as nossas imperfeições. "Se
dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade
não está em nós". Mas o versículo 9 mostra que Deus nos ama e nos aceita,
apesar de nossas imperfeições. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é
fiel e justo para nos perdoar o pecado e nos purificar de toda injustiça".
Deus nos perdoa não para permanecermos no erro, mas para nos libertar do erro.
Amor e aceitação
entre os cônjuges não significa rebaixar os padrões morais e aceitar que o
cônjuge erre à vontade. Mas significa que o cônjuge que errar será amado e
aceito, apesar do erro, para poder libertar-se do erro. Por mais que tenhamos
de perdoar ao nosso cônjuge, ainda será pouco diante do muito que Deus nos
perdoou. Por isso, a recomendação bíblica é esta: "Antes sede uns para com
os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus
em Cristo vos perdoou" (Efésios 4.32). Por outro lado, a falta de
aceitação leva o cônjuge errado a se auto justificar e a prosseguir no erro.
A Comunicação
O instrumento
básico da transparência é a comunicação. Sem comunicação não pode haver
transparência.
A falta de
comunicação, além de impossibilitar a transparência, cria inúmeros outros
problemas para o casal. John e Betty afirmam que "em 90% de todas as
dificuldades no casamento, a comunicação é o maior problema, e as dificuldades
nos outros 10% são, direta ou indiretamente, causadas pela incapacidade de
comunicar-se".
Jaime Kemp, em
seu livro Sua Família Pode Sei Melhor, menciona quatro níveis de comunicação.4
O nível mais elementar é aquele em que as pessoas se limitam a repetir
expressões corriqueiras, tais como: "bom dia", "como vai
você?", "gostou do jogo de domingo?", "será que vai chover
hoje?". O nível um pouco menos superficial é aquele em que as pessoas comentam
fatos ocorridos com outras pessoas ou coisas ditas por outros. Aprofundando um
pouco mais o nível de comunicação, as pessoas compartilham entre si suas ideias
e pensamentos. Ejio. nível mais profundo, as pessoas compartilham tudo: ideias,
pensamentos, ações, omissões, erros, frustrações, etc. uste e o tipo de
comunicação que deve existir entre manao e mulher. Entre os cônjuges nunca deve
existir segredo, omissões, dissimulações. Cada um deve ser para o outro um
livro aberto.
Além destes
quatro níveis, existe uma comunicação que pode ser chamada comunicação do
coração ou da alma. Esta comunicação ocorre entre as pessoas que estão ligadas
por um profundo afeto. Elas não precisam de palavras para se comunicar - o
silêncio já diz tudo. O Rev. James H. Jauncey conta que, certa vez, fez o
casamento de um soldado norueguês e uma moça mexicana. Ela não sabia falar o
norueguês nem ele o espanhol. Também não conheciam uma terceira língua em que
se pudessem comunicar. Não conseguiam comunicar-se através de palavras. Mas
afirma o pastor: "O meu casal de noivos conseguia enviar a sua mensagem de
amor um para outro, e ambos pareciam notavelmente apaixonados". Marido e
mulher devem se aprofundar na comunicação até que exista entre eles uma tal
comunhão que dispense as palavras.
"A falta de
comunicação torna a vida muito solitária. Quando deixamos de compartilhar
nossos sentimentos, sentimo-nos solitários e tornamo-nos estranhos um para o
outro, embora vivendo na mesma casa. Quando deixamos de compartilhar nossos
sentimentos íntimos, a vida é vivida em relacionamentos superficiais que
diminuem o verdadeiro amor."
Os cônjuges
precisam comunicar um ao outro suas ideias, opiniões, expectativas, desejos,
ansiedades, enfim, tudo, para a mútua compreensão. Às vezes um deles reage de
modo indelicado diante de uma situação bem simples, por estar muito cansado,
triste, ansioso ou frustrado. Se o outro souber o que está acontecendo, será
mais fácil compreender os motivos daquela reação, e perdoar.
Sendo um livro
aberto um para o outro, os cônjuges terão melhores condições para se ajudar
mutuamente. Além disso, cada um poderá também eliminar o que esteja fazendo e
que possa estar desagradando ao outro.
Mas compartilhar
tudo exige um forte senso de oportunidade: "Como maçãs de ouro em salvas
de prata, assim é a palavradita a seu tempo" (Provérbios 25.11). Requer
também sensibilidade para usar as palavras adequadas ao momento: "Palavras
agradáveis são como favo de mel, doces para a alma, e medicina para o
corpo" (Provérbios 16.24). E quem ouve deve ter cuidado quanto ao que vai
responder: "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a
ira" (Provérbios 15.1). Aliás, para uma boa comunicação é necessário que
haja sabedoria por parte de quem fala e, também, de quem escuta. Quem ouve deve
ser "pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar"
(Tiago 1.19).
O Respeito
Para que os
cônjuges sejam transparentes um com o outro, é necessário, além de amor e
aceitação, respeito.
Os cônjuges
devem respeitar a privacidade um do outro. John e Betty dão o seguinte testemunho:
"Não abrimos as cartas pessoais. Não ficamos escutando as conversas ao
telefone. Não vasculhamos os bolsos ou bolsas um do outro". Investigação e
interrogatório não devem existir entre marido e mulher. A curiosidade também
deve ser contida. Cada um deve esperar que o outro lhe revele o que tiver de
ser revelado na hora certa. Pois quando um invade a privacidade do outro, a
vitima se sente agredida, desrespeitada, investigada, e se fecha.
Deve haver
respeito também para comjasjdéias e opiniões do cônjuge. Os dois devem estar
conscientes de que, entre os seres humanos, não existe o dono da verdade. O que
é certo para você não é certo para todo mundo. Por isso, cada um deve ouvir as
idéias, e opiniões do outro com um esforço sincero de compreensão. Jamais um
deve menosprezar ou criticar as idéias e opiniões do outro. Isto não significa
que um tem obrigação de sempre concordar com o outro. "Algumas vezes, uma
ideia ou uma atitude proposta precisa ser desencorajada. A pessoa que propõe
pode estar demasiadamente envolvida emocionalmente, não enxergando claramente
as suas consequências. Mas esse desencorajamento deve ser feito mui
gentilmente, se possível. Um pouco de cuidado e de consideração, da nossa
parte, capacitará a pessoa a voltar atrás sem ser humilhada. E, o que é ainda
mais importante, precisamos procurar a necessidade que se acha por trás da
ideia proposta, e ajudar de maneira construtiva o nosso interlocutor,
procurando encontrar uma solução adequada."
O casal que não
respeita a privacidade, as ideias e as opiniões um do outro não consegue ser
transparente
Conclusão
Quando Deus fez
o primeiro casamento, Adão e Eva "estavam nus" (Gênesis 2.25). Nada
escondiam um do outro. Eram absolutamente transparentes. E "não se
envergonhavam" porque nada tinham de que se envergonhar.
Marido e mulher
devem ser absolutamente transparentes. E todas as dificuldades surgidas dessa
transparência devem ser imediatamente resolvidas, com o respeito, a compreensão
e o perdão. A roupa suja deve ser lavada imediatamente, para que nada tenham de
que se envergonhar. E esta transparência levará o casal a viver como aquilo que
realmente são: "uma só carne".
Para Refletir
"Há muitas
pessoas neste mundo que não são compreendidas. Mas, quando olhamos para elas
mais atentamente, descobrimos que elas sempre são responsáveis por isao, pelo
menos em parte. Se não são entendidas, é porque não se abriram" (Paul
Tournier).
CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS
A transparência
é uma necessidade psicológica básica do ser humano. A dissimulação, a representação
e a mentira enfraquecem o caráter e destroem a paz interior. Ser transparente
é, portanto, condição básica para o nosso aperfeiçoamento como pessoa.
No casamento a
transparência aprofunda a comunhão entre o casal e aperfeiçoa o seu caráter. E
isto fortalece o compromisso e o amor que os une. Por isso, marido e mulher
precisam ser - um para o outro - um livro aberto. Entre eles jamais deve
existir segredos, omissões, dissimulações. Para isto, é necessário amor,
aceitação e respeito mútuo. Pois o ser humano só é transparente quando sabe que
continuará sendo amado e aceito, apesar de suas imperfeições.
Mas, quando
somos transparentes, nós nos revelamos ao outro. Um passa a conhecer as
opiniões, expectativas, ideias, bem como as fraquezas e os erros do outro. Daí
surge a necessidade de saber distinguir características e defeitos.
Diferença Entre Características e Defeitos
Muitas vezes
confundimos características e defeitos. Mas são duas coisas diferentes. Se
recorrermos a um dicionário, encontraremos a informação de que característica é
aquilo que caracteriza ou que distingue, o que faz diferente dos outros,
qualidade individualizante; e defeito é deformidade, imperfeição, vício, desvio
de caráter.
Vamos dar alguns
exemplos: Jacó era homem pacato (Gênesis 25.27) e enganador (Gênesis 27.36).
Pacato descreve uma característica de Jacó; e enganador, um defeito. Moisés era
um homem sanguinário (Êxodo 2.11,12), que foi transformado por Deus em um varão
mui manso (Números 12.3). Sanguinário descreve um defeito de Moisés; manso, uma
característica.
A característica
é uma qualidade da pessoa que a faz diferente das outras. No primeiro exemplo
citado, pacato é a característica de Jacó que o fazia diferente de seu irmão
Esaú. No segundo exemplo, manso é a característica que fazia Moisés diferente
de todos os homens de sua época.
O defeito é uma
imperfeição, um desvio de caráter, uma deformidade, um vício. Nos dois exemplos
citados, enganador e sanguinário são defeitos de Jacó e Moisés. Por ser
enganador, Jacó ludibriou seu pai e seu irmão. Por ser sanguinário, Moisés
matou um egípcio.
Para facilitar a
distinção entre características e defeitos podemos dizer que as características
são qualidades positivas ou negativas com que nascemos ou que aprendemos no
meio onde vivemos; e os defeitos são imperfeições ou vícios que adquirimos no
meio onde vivemos. As características, mesmo quando negativas, não são
maldosas; mas os defeitos são dolosos, isto é, eles têm um forte componente de
maldade, de má-fé, mesmo que a pessoa não tenha nítida consciência disso.
A Valorização das Características
Um dos objetivos
do casamento é complementar os cônjuges. John e Betty Drescher observaram o
seguinte: "Decidimos casar com alguém em vista de quem e do que essa
pessoa é. Escolhemos uma pessoa para casar com os traços que apreciamos e que
complementam os nossos. Embora talvez nunca pensemos conscientemente nisso,
temos a tendência de escolher um companheiro para a vida que tenha habilidades
e temperamento oposto aos nossos porque precisamos exatamente daquilo que não
possuímos. A pessoa falante se casa com um indivíduo calado; o extrovertido com
o introvertido; o pontual com aquele que nunca chega a tempo a lugar algum;
quem gosta de deitar-se e levantar-se cedo se casa com quem dorme tarde e acha
difícil levantar cedo; a pessoa meticulosa quanto aos detalhes casa com quem se
interessa por generalidades; a pessoa prática, com a sentimental; o realista se
casa com um sonhador; aquele que gosta de analisar tudo se casa com quem se
precipita nas coisas sem pensar antes. Poderíamos prosseguir dando exemplos de
como escolhemos nossos cônjuges com traços completamente opostos. Por quê? Por
sermos fracos onde o outro é forte. Escolhemos casar-nos com alguém que possua
qualidades que nos faltam e que admiramos".
Os problemas
começam quando tentamos modificar a pessoa com quem nos casamos. E às vezes
começamos a nossa tentativa de mudança exatamente nas características que mais
nos atraíram naquela pessoa. E "toda vez que tentarmos mudar um ao outro
vão surgir conflitos: hostilidade, ressentimento e reação".2
A verdade é que
necessitamos de um cônjuge diferente de nós para nos complementar. Quando o
servo de Abraão foi buscar esposa para o filho do seu senhor, ele parou junto a
um poço, nas proximidades da cidade de Naor, e fez a seguinte oração: "Ó
SENHOR, Deus de meu Senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de bondade
para com o meu senhor Abraão! Eis que estou ao pé da fonte de água, e as filhas
dos homens desta cidade saem para tirar água; dá-me, pois, que a moça a quem eu
disser: Inclina o cântaro para que eu beba; e ela me responder: Bebe, e darei
ainda de beber aos teus camelos, seja a que designaste para o teu servo Isaque;
e nisso verei que usaste de bondade para com meu senhor" (Gênesis
24.12-14). O que o servo estava pedindo é que Deus lhe enviasse uma moça
dinâmica, de bastante iniciativa, para ser a esposa de Isaque. Ele sabia muito
bem que o filho do seu senhor Abraão era um homem pacato e, por isso,
necessitava de uma esposa dinâmica para complementá-lo. Precisamos reconhecer
que as diferenças entre os cônjuges os tornam maiores e melhores. E por isto
devemos valorizar e incentivar as diferenças. John e Betty afirmam o seguinte:
"Se estivéssemos começando novamente nosso casamento, nós nos
comprometeríamos a fazer um esforço para reforçar as boas qualidades que nos fizeram
escolher um ao outro".
A Correção dos Defeitos
Cada um de nós
tem um lado melhor e um pior. Temos as nossas características que enriquecem o
nosso casamento. Mas temos também os nossos defeitos. As características devem
ser reconhecidas e valorizadas, mas os defeitos devem ser corrigidos.
No encerramento
de um encontro para melhorar o casamento, uma senhora declarou: "...
aprendi que não devo mais tentar fazer com que meu marido mude. Procurei
modificá-lo durante 30 anos e de nada adiantou. Sei agora que preciso amá-lo e
aceitá-lo como é".4 A
conclusão a que chegou esta senhora tem verdades e equívocos. É verdade que
precisamos aceitar o nosso cônjuge como ele é. É verdade que somos tentados a
bancar o Criador e recriar o nosso cônjuge à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e isto não está correto. É verdade também que, ao tentar modificar
o nosso cônjuge, nós o estamos rejeitando. Mas, por outro lado, é verdade
também que um dos objetivos do casamento é a ajuda mutua. E isto implica também
ajudar o nossocônjuge a corrigir os seus defeitos. Nenhum cônjuge pode mudar o
outro. Mas pode e deve ajudá-lo a corrigir os seus defeitos.
Existem
orientações que devemos seguir para ajudar o nosso cônjuge a corrigir seus
defeitos. Algumas apontam o que não devemos fazer, outras o que devemos fazer.
Aqui estão algumas dessas orientações:
1a) Não ser um caçador de defeitos - Se começarmos a procurar defeitos no nosso cônjuge, vamos
encontrá-los em abundância, pois todos os seres humanos são imperfeitos. Em vez
de procurá-los, devemos deixar que eles aflorem naturalmente.
2a) Não confrontar o cônjuge com os seus defeitos - Ninguém gosta de ser confrontado com os seus defeitos. E quando isto
acontece, a tendência natural é a autodefesa. John e Betty contam o seguinte
fato;
Depois da
lua-de-mel, o recém-casado pergunta à esposa: "Querida, você se importa se
lhe falar sobre alguns pequenos defeitos seus?". "De modo
algum", respondeu a jovem esposa. "Foram justamente esses defeitinhos
que me impediram de conseguir um marido melhor, querido."
3a) Não criticar o cônjuge - A crítica cria ressentimentos e mágoas. Quando criticado, o cônjuge
se fecha ou responde asperamente. O preletor de um congresso contou - talvez a
título de brincadeira, para tornar o ambiente menos tenso - que certo dia disse
à esposa: "Querida, eu não entendo por que Deus fez você tão bonita, mas
também tão burra". Ela respondeu: "Pois eu entendo muito bem: Deus me
fez tão bonita para que você se casasse comigo; e tão burra para que eu me
casasse com você". Esta brincadeira ilustra a maneira como as pessoas
costumam reagir diante da crítica. Lembre-se que a crítica não conserta
ninguém.
4a) Não ressaltar o defeito a ser corrigido - William James, psicólogo norte-americano, presbiteriano, afirmou que
não se corrige um mau hábito falando sobre ele. "Quanto menos se fale
nele, tanto melhor".
5a) Procurar levar o cônjuge a se conscientizar das
más consequências de seus defeitos - O ser humano
só abandona um hábito quando se conscientiza de que aquele hábito vai lhe
trazer consequências desagradáveis. Por isso, leve o seu cônjuge a se
conscientizar das más consequências de seu defeito,
6a) Colocar um bom hábito para substituir o defeito - William James afirmou que "para poder eliminar um mau hábito, é
preciso substituí-lo por um bom, concentrando-se em sua formação".7 Vamos
a um exemplo prático: se o seu cônjuge tem o defeito de mentir, você pode
propor-lhe o seguinte: "Vamos estabelecer a meta de falar sempre a
verdade, custe o que custar?".
7a) Anime o seu cônjuge no processo de corrigir-se
até que ele se liberte completamente de seus defeitos - O processo de corrigir os defeitos pode ter retrocessos. Por isso, o
cônjuge precisa de votos de confiança e palavras de ânimo durante esse
processo.
8a) O ponto de partida para ajudar o cônjuge a se
corrigir é este: CORRIJA OS SEUS PRÓPRIOS DEFEITOS - Poucas coisas irritam tanto como a atitude de uma pessoa cheia de
defeitos tentando levar outros a se corrigirem. "Por que é que você olha o
cisco que está no olho do seu irmão e não vê o pedaço de madeira que está no
seu próprio olho? Como pode dizer ao seu irmão: 'deixa-me tirar esse cisco do
seu olho', quando você tem um pedaço de madeira no seu próprio olho? Hipócrita!
Tire primeiro o pedaço de madeira que está no seu olho e então poderá ver bem
para tirar o cisco que está no olho do seu irmão"8 (Mateus 7.3-5). A
melhor maneira de ajudar o cônjuge a corrigir seus defeitos é VOCÊ CORRIGIR OS
SEUS PRÓPRIOS DEFEITOS.
Conclusão
O casamento une
duas pessoas com características diferentes. Uma tem o que falta na outra. Por
isso, as características devem ser valorizadas e respeitadas. Mas as pessoas
também têm defeitos. E estes devem ser identificados e corrigidos. Ninguém pode
mudar o outro. Só a própria pessoa é que pode mudar-se a si mesma. Mas, para
corrigir-se, o cônjuge necessita de ajuda. E esta deve ser dada com amor,
compreensão e habilidade.
Quando há
comunEão entre o casal, marido e mulher se tornam cada dia mais parecidos,
porque um cede ao outro as qualidades de que necessita para ser melhor. E é
assim que se modificam: não tirando, mas acrescentando, somando.
Para Refletir
"Quando o
marido e mulher olham as coisas de pontos de vista
diferentes, isso
pode ajudar muito, pois dá uma perspectiva
mais
ampla".
FEEDBACK NO CASAMENTO
O casamento une
duas pessoas com características diferentes. Mas isso não é prejuízo; é lucro.
"Quando marido e mulher olham as coisas de pontos de vista diferentes,
isso pode ajudar muito, pois dá uma perspectiva mais ampla."1 Por isso, as
características devem ser reconhecidas, respeitadas e valorizadas. Mas os
cônjuges têm também defeitos que devem ser identificados e corrigidos.
Por serem duas
pessoas diferentes, marido e mulher estão sempre dando e recebendo feedback.
Mas o que é feedback?
Feedback é uma
palavra da língua inglesa que significa realiwentação. Quando um grupo está
cantando ou executando instrumentos com auxílio de aparelhos eletrônicos de
amplificação, algumas caixas de som são colocadas perto do grupo para dar o
retorno. Ouvindo aquelas caixas, o grupo pode saber como o som está chegando ao
auditório. Eles saberão se a tonalidade está mais grave ou mais aguda; se o
volume está mais alto ou mais baixo; e assim por diante. Estas informações são
o feedback. Nas ciências sociais, feedback significa a comunicação a uma pessoa
ou grupo, no sentido de fornecer-lhe informações sobre como sua atuação está
afetando outras pessoas. Essa comunicação resulta num processo de dar e receber
ajuda para a manutenção ou para a mudança de comportamento. O feedback é aquele
retorno que você consegue captar observando o efeito que as suas palavras,
ações ou postura estão produzindo nas pessoas. "Fomos criados como seres
comunicantes. E estamos sempre nos comunicando. Os cientistas calculam que
entre 50 e 100 informações são trocadas a cada segundo entre indivíduos que se
comunicam ativamente. Jackson e Lederer registram: Tudo o que uma pessoa faz em
relação a outra é uma forma de mensagem. Não existe falta de comunicação. Até o
silêncio representa comunicação. Por meio de palavras, gestos, toque, olhar,
tom de voz, sobrancelhas levantadas, um sorriso e o silêncio, a comunicação é
enviada e recebida".
Marido e mulher
estão sempre dando e recebendo feedback.
As Dificuldades de Dar Feedback
O nosso feedback
às vezes não é bem recebido porque nós não o damos de forma correta. Entre as
dificuldades que nos prejudicam ao darmos feedback, citaremos as seguintes:
1a) Pretensão de superioridade - Quando transmitimos ao nosso cônjuge a ideia de que nós nos sentimos
mais inteligente, mais competente ou mais hábil do que ele, o feedback que lhe
damos fica prejudicado. Paul Tournier, grande psiquiatra evangélico, dá como
exemplo o que pode ocorrer com um marido que esteja enfrentando dificuldade em
seu escritório.
Na primeira vez
em que menciona o problema para sua mulher, ela, levada por excessivo zelo de
ajudá-lo. replica mui apressadamente: "Você precisa livrar-se, de qualquer
jeito, daquele funcionário ineficiente. Defenda-se de pé, senão ele passa por
cima de você! Quantas vezes eu já lhe disse que você é muito fraco! Conte isso
na gerência!...". Em outras palavras, ela faz chover sobre ele conselhos
inaplicáveis. Tal mulher não reconhece a complexidade dos problemas que seu
marido tem de enfrentar. Por sua vez, ele sente que ela o responsabiliza por
todos os seus problemas, e o trata como se fosse um menino. O marido começa a
desvendar as suas ansiedades, mas, em face de respostas engatilhadas como
aquelas, se retrai. Sua esperança é destruída antes que possa mostrar à sua
esposa todos os aspectos de um problema delicado. A intenção dela era
excelente, mas estragou tudo, respondendo apressadamente demais.
Neste exemplo, a
esposa passou ao marido a ideia de que ela se sente mais competente do que ele.
Quando isso acontece, o cônjuge se fecha, porque se sente humilhado e até
ultrajado.
2a) Individualismo - Se o nosso cônjuge entender que estamos querendo que ele aja como nós
agiríamos se estivéssemos em seu lugar, ele se sente desrespeitado em sua
individualidade e não recebe o nosso feedback.
3a) Pressão - Se o nosso
cônjuge não se mostrar receptivo, corremos o risco de partir para a pressão. As
vezes falamos mais do que devíamos. Envolvemos outras pessoas em nossa
conversa. E tudo isto só faz aumentar a resistência do nosso cônjuge.
4a) Polêmica - É muito comum
o cônjuge assumir uma atitude defensiva diante do feedback que lhe damos. Isto
pode nos levar a pressioná-lo com argumentos, gerando assim uma polémica
radicalizada. E esta pode ir longe... "Como o abrir-se da represa, assim é
o começo da contenda; desiste, pois, antes que haja rixas" (Provérbios
17.14).
As Dificuldades de Receber Feedback
Receber feedback
também não é fácil. Podemos mencionar aqui os seguintes motivos:
1a) Falta de humildade - Não é fácil admitir nossos erros, ineficiência e incompetência. E
isto nos dificulta receber o feedback.
2a) Falta de confiança - Às vezes não confiamos suficientemente na competência ou nas
intenções de nosso cônjuge, e isto nos impede de receber corretamente o
feedback que ele nos dá.
3a) Resistência a julgamento - Podemos entender o feedback como um julgamento dos nossos atos e
sentir que nossa individualidade está sendo desrespeitada.
4a) "Síndrome de avestruz" - Para escapar de um predador, a avestruz costuma esconder a cabeça e
deixar o resto à mostra. Algo semelhante pode nos acontecer quando percebemos a
necessidade de mudança em nosso comportamento. Em vez de acatar o feedback,
costumamos reagir defensivamente parando de ouvir, negando a validade do
feedback, agredindo o nosso cônjuge, apontando também os seus defeitos.
Como Superar as Dificuldades de Dar e Receber
Feedback
O feedback
sempre existirá. As nossas palavras, ações e comportamento são sentidos pelo
nosso cônjuge. E este naturalmente reage. Nós também reagimos diante da atuação
do nosso cônjuge. Mas nem sempre o feedback produz resultados positivos.
Algumas vezes isto acontece por falta de habilidade de quem dá o feedback;
outras vezes, por falta de receptividade de quem é alvo do feedback.
Precisamos
superar as dificuldades de dar e receber feedback. Para isto devemos observar
as seguintes recomendações:
1a) Desenvolver o desejo de compreender - Paul Tournier afirma o seguinte: "A primeira condição para
conseguir compreender é o desejo de compreender". A sabedoria popular diz
a mesma coisa com palavras diferentes: "O pior cego é aquele que não quer
ver; e o pior surdo é aquele que não quer ouvir". Às vezes não damos ou
não recebemos feedback corretamente porque não temos o desejo sincero de
compreender o nosso cônjuge. E todo ser humano anela ser compreendido.
2a) Avaliar corretamente a importância das coisas - Às vezes não damos ou não recebemos corretamente o feedback porque as
nossas exigências são altas demais. John e Betty Drescher afirmam que "na
geração passada, as expectativas para o casamento não eram muito mais do que
estabelecer-se, manter uma vida económica, ter vários filhos e gozar a vida
juntos". Mas hoje a situação é diferente. "Até os maneirismos ou
hábitos que não se notam nos amigos e conhecidos casuais, em geral assumem uma
importância desproporcional e provocam extremo aborrecimento quando praticados
por nosso companheiro." Eles apontam a solução, dizendo: "O casal
mais feliz é aquele que consegue manter um senso de proporção sobre a
importância relativa dos acontecimentos e atos".
3a) Dominar as reações emocionais defensivas -Algumas pessoas possuem um exagerado senso de autodefesa. Estão sempre
numa posição defensiva. Parece que Caim tinha essa marca em seu caráter. Quando
Deus lhe perguntou: "Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei;
acaso sou eu tutor de meu irmão?" (Gênesis 4.9). Esse exagerado senso de
autodefesa dificulta o recebimento do feedback. Ao receber o feedback, devemos
examinar minuciosamente as nossas falhas, em vez de nos colocar na defensiva.
4a) Desenvolver a habilidade no trato com o cônjuge - A Bíblia ensina que "a morte e a vida estão no poder da língua;
o que bem a utiliza come do seu fruto" (Provérbios 18.21). O feedback pode
matar ou dar vida ao casamento. Quem não gosta de um elogio sincero? Quem gosta
de ser criticado? Para dar corretamente o feedback, precisamos desenvolver a
nossa habilidade no trato com o nosso cônjuge.
5a) Ser realista - Às
vezes queremos transformar o nosso cônjuge em outra pessoa. Sonhamos com um
tipo de esposa ou marido, e queremos que o nosso cônjuge seja a pessoa de
nossos sonhos. Nesse caso, o feedback que damos ao nosso cônjuge terá uma forte
dosagem de rejeição. John e Betty Drescher afirmam o seguinte: "Se
estivéssemos começando de novo nosso casamento, tomaríamos a decisão de viver e
amar o parceiro real que temos, e não o imaginário com que sonhamos".
6a) Manter um
relacionamento de confiança recíproca - A falta de confiança na competência ou
nas intenções do cônjuge é um grande obstáculo à troca de feedback. Por isso,
marido e mulher devem manter um relacionamento de confiança recíproca. Para
isso é necessário que cada um tenha o cuidado de não emitir opinião apressada,
especialmente sobre assuntos de que não entende o suficiente para opinar. É
necessário também fazer uma purificação das intenções, pois temos uma
extraordinária capacidade de comunicar até aquilo que não queremos. E o nosso
cônjuge percebe logo se as nossas intenções não são as melhores. Quando há
entre os cônjuges um relacionamento de confiança recíproca, o feedback será
corretamente dado e corretamente recebido.
Conclusão
Existe uma
constante intercomunicação entre as pessoas. Tudo aquilo que dizemos ou fazemos
causa um efeito no nosso cônjuge. E este reage imediatamente. A reação pode ser
de alegria ou tristeza, de dor ou prazer, de satisfação ou indignação. É este
retorno que chamamos de feedback. Ele ajuda o nosso cônjuge a manter ou mudar o
seu comportamento. Por isso precisamos estar atentos, para que o nosso feedback
seja dado e recebido corretamente. "Se a trombeta der som incerto, quem se
preparará para a batalha?" (1 Coríntios 14.8).
Para Refletir
O cônjuge mais
feliz é aquele que aprendeu a amar o parceiro real, e não aquele imaginário dos
seus sonhos.
LUCROS E PREJUÍZOS DAS PEQUENAS COISAS
Há alguns anos
desabou um edifício residencial no Rio de Janeiro. A televisão mostrou, ao vivo,
as cenas dramáticas do resgate dos sobreviventes e da retirada dos mortos.
Alguns dias depois, foi divulgado o resultado da perícia. A conclusão dos
peritos é que a causa básica do desabamento foram pequenas infiltrações de água
que, durante meses, foram amolecendo o solo e diminuindo a sua resistência. A
seguir, uma chuva forte, acompanhada de ventos impetuosos, derrubou o prédio.
Outros edifícios estiveram debaixo da mesma chuva e sofreram a pressão da força
dos mesmos ventos, mas não caíram porque os seus alicerces estavam em solo
firme.
O que aconteceu
com aquele edifício ilustra o que ocorre com muitos casamentos. O somatório de
pequenos erros e pequenos aborrecimentos destrói as bases do casamento. A
seguir surge uma crise mais grave e o casamento desaba. O maior perigo à
segurança do casamento não são as grandes crises: são as pequenas coisas.
O edifício
destruído pela ação silenciosa de pequenas infiltrações havia sido construído
com o somatório de pequenas britas, pequenos tijolos... até as grandes lajes
foram feitas com a superposição de pequenas quantidades de concreto. Pequenas
coisas construíram o edifício; e pequenas coisas o derrubaram. Algo semelhante
acontece com o casamento. Se pequenas coisas podem destruí-lo, pequenas coisas
também podem enriquecê-lo. John e Betty Drescher, depois de trinta anos de
casados, afirmaram: "Se fôssemos começar de novo nosso casamento,
procuraríamos diplomar-nos nas pequenas coisas".
Os Pequenos Erros
Marido e mulher
costumam cometer pequenos erros, sem se dar conta dos grandes prejuízos que
eles podem causar. Citaremos alguns destes pequenos erros, a seguir:
1o) Terminar o namoro - Alguns casais, logo após a lua-de-mel, esquecem o romantismo do
período de namoro. E o resultado deste pequeno erro pode ser um grande
fracasso. O casamento torna-se frio, desinteressante e monótono.
2o) Explorar o cônjuge - O que é explorar alguém? É exigir ou tirar da pessoa mais do que ela
pode ou deve dar. No casamento, normalmente é o marido que mais comete esse
erro. Alguns maridos - talvez a maioria -querem que a esposa seja cozinheira,
garçonete, arrumadeira, faxineira, lavadeira, gerente de compras, enquanto eles
se limitam a se assentar à mesa para desfrutar, apreciar ou criticar o que foi
feito. Por que eles não compartilham com as esposa as atividades domésticas?
Outras vezes é a esposa que explora o marido. A exploração pode atingir várias
área, tais como: financeira, social e até física. A exploração do cônjuge pode
parecer um pequeno erro, mas traz grandes prejuízos.
3o) Infidelidade mental - Jesus ensinou que a infidelidade conjugal pode ocorrer também na mente
das pessoas: Ele disse: "Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu,
porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no
coração já adulterou com ela" (Mateus 5.27,28). O cônjuge encantado com
outra pessoa está cometendo infidelidade mental. Isto pode ocorrer com o
marido, que corre o risco de ficar encantado com as mulheres que encontra em
seu local de trabalho, nos bancos, nas lojas comerciais ou em outros locais. Ou
com a esposa, que pode ficar encantada com os artistas da televisão ou do
cinema, com os cantores, com os atletas ou com qualquer outro homem. A afeição
dividida mata o amor. Marido e esposa devem dedicar toda a sua afeição ao
cônjuge; e não permitir que, em seu coração ou em sua mente, se desenvolva
qualquer atração romântica por outra pessoa.
Os Pequenos Aborrecimentos
Os pequenos
erros produzem pequenos aborrecimentos que, por sua vez, causam grandes
prejuízos. Assim como pequenas infiltrações de água derrubaram um edifício
aparentemente tão seguro, pequenos aborrecimentos podem destruir um casamento
aparentemente tão sólido.
Para evitar os
prejuízos dos pequenos aborrecimentos, o casal deve tomar os seguintes
cuidados:
1o) Reconhecer que seu cônjuge é uma pessoa
imperfeita - Jamais devemos esperar ou exigir perfeição de
nosso cônjuge. Nós somos pessoas imperfeitas casadas com pessoas imperfeitas.
2o) Aceitar as falhas do cônjuge como parte normal
do jogo da vida - Se tivéssemos total domínio sobre o sol
e a chuva, o
frio e o calor, a nossa vida seria bem diferente. Mas não temos. Às vezes
fazemos com tanto gosto - e até com grande sacrifício - roupa para uma ocasião
especial e, no dia da festa, a temperatura está drasticamente mudada, e a roupa
torna-se inadequada. Outras vezes programamos um passeio e a chuva nos obriga a
cancelá-lo. Vamos ficar aborrecidos com isto? De modo nenhum - é o jogo da
vida. Pois é assim também que devemos encarar os pequenos aborrecimentos provocados
pelo nosso cônjuge - eles fazem parte do jogo da vida.
3o) Falar ao cônjuge sobre os aborrecimentos -Devemos falar ao nosso cônjuge sobre as coisas que nos estão
aborrecendo. Ele poderá dar-nos uma explicação convincente. Ou mudar o seu
comportamento.
4o) Resolver imediatamente os problemas que estejam
causando aborrecimento - Os problemas não devem
acumular-se. O apóstolo Paulo recomendou: "Não se ponha o sol sobre a
vossa ira" (Efésios 4.26). Isto significa que os problemas do dia devem
ser resolvidos no próprio dia.
As Pequenas Demonstrações de Amor e Respeito
Se pequenos
erros e pequenos aborrecimentos trazem grandes prejuízos para o casamento,
pequenas demonstrações de amor e respeito trazem grandes lucros. John e Betty
Drescher escreveram: "Sabemos hoje que uma pequena palavra de apreciação
faz com que qualquer dia se transforme em prazer. Sem um sentido
de apreciação, até os nossos melhores esforços se tornam rotina. Sabemos hoje
que um toque de ternura consegue transformar uma manhã sombria numa canção
alegre. Sem ternura, a vida fica difícil. Sabemos hoje que uma pequena ajuda
pode fazer com que a tarefa mais inexpressiva venha a ser uma manifestação de
amor duradouro. Sem o espírito de colaboração, a vida se torna solitária e
enfadonha".
Veremos, a seguir, pequenas demonstrações de amor e
respeito que podem enriquecer a vida conjugal.
1a) Solidariedade - O
apóstolo Paulo fez a seguinte recomendação: "Alegrai-vos com os que se
alegram, e chorai com os que choram" (Romanos 12.15). Isto é solidariedade.
Todo cristão deve ser solidário. Marido e mulher, muito mais ainda. Os dois são
uma só carne; logo, o que dói em um deve ser sentido também pelo outro, e as
alegrias de um devem alegrar também o outro. John e Betty contam a experiência
de um marido que tinha muitas dúvidas sobre o amor de sua esposa. "Certa
noite, já bem tarde, ele se achava trabalhando no porão com um soldador. De
repetente, o soldador bateu num fio elétrico, provocando muito ruído e um
clarão. A seguir, a luz se apagou. No escuro, ele correu para a garagem a fim
de verificar os fusíveis. Quando ele voltou, encontrou a mulher sentada nos
degraus da escada, chorando desesperadamente. Ela havia corrido para o porão
depois de ouvir o barulho, encontrou-o às escuras e chamou o marido - e ele não
respondeu ao chamado." A esposa pensou que o marido estivesse morto ou
gravemente ferido, e pôs-se a chorar. Esta pequena demonstração de amor foi
suficiente para apagar todas as dúvidas, e o marido nunca mais se sentiu
inseguro quanto ao amor de sua esposa. Isto é solidariedade.
2a) Elogios sinceros - No livro de Provérbios está escrito que a mulher virtuosa recebe
elogios de seu esposo. "Seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres
procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas" (Provérbios 31.28,29).
Será que ela recebe elogio por ser virtuosa ou é virtuosa porque recebe
elogios? Qualquer que seja a nossa resposta, ela será uma apologia do elogio. A
verdade é que o elogio sincero é uniu pequena demonstração de amor e respeito
que produz grandes lucros - para quem elogia e para quem é elogiado. Marido e
mulher devem cultivar o hábito do elogio sincero. "Nós nos sentimos bem
intimamente quando recebemos aprovação. Nossos relacionamentos nos fazem
felizes quando confirmamos e elogiamos um ao outro."
3a) Dar preferência ao cônjuge - A pessoa mais importante na vida do marido deve ser a esposa. A
pessoa mais importante na vida da esposa deve ser o marido. Os pais são
importantes, mas a recomendação bíblica é: "... deixa o homem pai e mãe, e
se une à sua mulher" (Gênesis 2.24). A Bíblia recomenda também:
"Amai-vos cordialmente uns aos outros ... preferindo-vos em honra uns aos
outros" (Romanos 12.10). A nossa maior atenção, a maior estima e os
primeiros cuidados devem ser reservados para o nosso cônjuge. A prática desta
preferência na convivência diária do casal pode parecer uma pequena coisa, mas
trará excelentes resultados.
4a) Desenvolver uma intimidade espiritual -Marido e esposa devem cultivar o saudável costume de estudar a Bíblia
e orar juntos. O Pastor Jaime Kemp, que tem uma longa experiência em trabalho
com casais, dá o seguinte testemunho: "Eu nunca vi um casal que tenha
desenvolvido intimidade na oração divorciar-se". Por meio da leitura
diária da Bíblia, juntos, os cônjuges crescem espiritualmente; pela oração,
juntos, eles colocam diante de Deus as suas necessidades. Isto pode parecer uma
coisa muito pequena, mas só no céu é que sabemos a extensão dos benefícios que
esta prática trará.
Conclusão
A razão do
fracasso de muitos casamentos está nas pequenas coisas. O segredo do sucesso de
muitos casamentos está também nas pequenas coisas. "Descobrimos que, ao
falhar nas pequenas coisas da vida, perdemos as grandes oportunidades de provar
que somos fiéis. Quando deixamos de mostrar amor nas pequenas coisas,
descobrimos ser mais difícil celebrar as grandes ocasiões. Quando deixamos de
expressar apreciação nas pequenas coisas e palavras, nosso esforço nas grandes
coisas parece sem sentido."
O casal que quer
construir um grande casamento e viver um grande amor deve evitar os pequenos
erros, contornar os pequenos aborrecimentos e não perder oportunidade de
pequenas demonstrações de amor e respeito.
Para Refletir
"Os
pequenos atos de bondade, de cortesia, as considerações
praticadas
habitualmente em nosso relacionamento social, dão
maior atração ao
caráter do que os grandes talentos e realizações"
(M. A. Kelty).
TEMPERAMENTO
Marido e esposa
são duas pessoas bem diferentes. "O homem é um ser basicamente lógico,
racional; já a mulher é basicamente uma criatura emotiva. O homem é mais ativo
e mais agressivo. É mais estável, emocionalmente falando, como é também mais
controlado acerca de questões importantes do que a mulher. Contudo, o homem é
mais irritável, excitável e impaciente acerca das coisas pequenas."
Existem ainda outras diferenças; tantas que encheriam este livro.
Além das
diferenças próprias de homem e mulher, os cônjuges têm também personalidade
diferente. Como o termo personalidade é muito abrangente e não existe consenso
sobre a sua definição, vamos falar de temperamento.
Não existem duas
pessoas iguais. Cada ser humano é único. Mas há certos traços comuns a várias
pessoas. Hipócrates, médico grego que viveu de 460 a 377 a .C, dividia os
indivíduos em alegres (sanguíneos) e melancólicos (deprimidos). Mais tarde,
Galeno, também médico grego, que viveu por volta dos anos 131 a 200, desenvolveu a
teoria de Hipócrates concluindo que existem quatro tipos de temperamentos:
sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático. Heymans desenvolveu ainda mais
esta teoria, chegando a oito temperamentos, que ele chama de combinações
caracteriais: nervosos, sentimentais, ativos exuberantes, apaixonados,
realistas, fleumáticos, indolentes e inibidos frios ou apáticos. O psicólogo
alemão Ernest Kretschmer divide os temperamentos em dois grupos: ciclotímicos e
esquizotímicos. Os ciclotímicos dividem-se em: hipomaníacos, apáticos e
sintônicos; e os esquizotímicos em hiperestésicos, intermediários e astênicos.
Existem ainda outras teorias sobre os temperamentos.
Os Tipos de Temperamento
O temperamento
pode ser caracterizado como a "soma de tendências inatas e relativamente
permanentes do indivíduo". Vamos descrever os temperamentos segundo o
quadro clássico de Heymans, analisado por André Le Gall e Suzanne Simon.
1) Nervosos - Os nervosos
são pessoas sensíveis, que gostam de emoções. Para elas a vida é, em primeiro
lugar, um múltiplo divertimento. Geralmente se interessam por coisas
dramáticas, sensacionais ou picantes. São acomodados. Trabalham mais por
impulso do que por gosto pelo trabalho. Só se dedicam a uma atividade se
tiverem motivações muito fortes. Gostam mais de atividades que mexem com as
suas emoções. Vivem voltados para o presente. Não são muito responsáveis com
suas obrigações. Costumam gastar o seu dinheiro com muita facilidade. Os homens
nervosos não demonstram muito interesse pelo casamento; consequentemente,
casam-se mais tarde. Os nervosos têm a tendência de se casar com pessoas bem
diferentes deles. Preferem os fleumáticos ou os apaixonados.
2)
Sentimentais - Os sentimentais são parecidos com os nervosos. A
grande diferença é que os sentimentais são mais subjetivos, mais voltados para
dentro de si próprios. Normalmente são pessoas indecisas, tímidas, desconfiadas
e de pouco sentido prático. Vivem mais o passado do que o presente. Tendem a
ser pessimistas, lembrando-se mais das derrotas do que das vitórias. Gostam da
solidão e de cultivar o seu interior. Procuram ser independentes. Valorizam
mais a riqueza de caráter do que os bens materiais. No casamento buscam
basicamente alguém que lhe dê compreensão, proteção e apoio. Tendem a casar-se
em famílias já bem conhecidas, amigas. Ao contrário dos nervosos, têm muito
interesse pelo casamento. Mas preferem ser escolhidos a escolher. "O
casamento é em primeiro lugar para o sentimental uma solidão a dois, um refúgio
contra as durezas da vida, uma segurança afetiva total."
3) Ativos
exuberantes - Os ativos exuberantes são pessoas cheias de
entusiasmo, de confiança em si próprio, de vitalidade. "De todos os
caracteres, o ativo exuberante é certamente aquele que tem mais alegria de
viver/' Têm confiança na vida, nos
outros, em si próprios. Mas são também ingénuos. Têm facilidade para fazer
amizade. Encaram o casamento como o destino natural de toda pessoa. Por isso
não são muito exigentes na escolha.
4)
Apaixonados - Os apaixonados são parecidos com os ativos
exuberantes. A diferença é que os apaixonados buscam basicamente o êxito,
enquanto os ativos exuberantes querem gozar a vida. Outra diferença é que os
ativos exuberantes conquistam amizade, enquanto os apaixonados conquistam mais
a estima das pessoas. Os apaixonados encaram a vida como uma batalha que
precisa ser vencida. Anne Frank era uma apaixonada. Ela escreveu em seu Diário : "Parece-me que nunca me deixarei
vergar... Sinto-me tão forte, tão pronta a tomar sobre mim o que quer que
seja". Estas palavras retratam a atitude dos apaixonados diante da vida.
Para eles a vocação é mais importante do que a felicidade. Os apaixonados
sentem necessidade de calor humano, de aprovação dos outros. Para o casamento,
os ativos exuberantes procuram escolher quem eles julgam que vai fazê-los
feliz; já os apaixonados procuram escolher alguém que vai ajudá-los. Tendem a
escolher quem está mais próximo de si.
5) Realistas - Os realistas
são sensatos, conciliadores, sociáveis, compreensivos, equilibrados, práticos e
extrovertidos. São também pouco exigentes, tolerantes e indulgentes. Em vez de
se adaptar, acomodam-se. Têm muita facilidade para definir o que querem e para
fazer escolhas. Gostam de criar um ambiente agradável. Fogem instintivamente do
sofrimento e das complicações. Aceitam as pessoas como são. No casamento buscam
amizade e prazer.
6) Fleumáticos - Os
fleumáticos são pouco comunicativos, frios, reservados, modestos, racionais,
metódicos, possuem bastante autodomínio, sangue frio e tenacidade. Eles são bem
voltados para si próprios, têm pouco interesse pelas "pessoas. Os
fleumáticos normalmente têm poucos amigos, e todos mais ou menos de sua idade ou
que se dedicam a atividades que eles também se dedicam. Os fleumáticos têm
tendência para o celibato, pois temem que o casamento venha a complicar-lhes a
vida, perturbando o equilíbrio que conseguiram e que os satisfaz. Outro fator
que dificulta o casamento para os fleumáticos é que eles pensam muito antes de
tomar uma decisão, o que cria uma certa indecisão.
7) Indolentes - Os
indolentes são pessoas indecisas, pacatas, que se contentam em ser o que são.
"Empregado atrás do seu guiché, assim irá ficar o resto da vida;
comerciante, não aumentará o seu negócio; chefe de serviço, se as
circunstâncias o levarem a isso, não visará mais alto."10 Não sonham. Não
têm entusiasmo. Estão satisfeitos com a sua sorte. No casamento, eles não
escolhem: são escolhidos.
8) Inibidos Frios - Os
inibidos frios são chamados também de apáticos. Eles são parecidos com os
indolentes. A principal diferença é que os indolentes são mais abertos,
enquanto os inibidos frios são fechados.
Compatibilidade dos Temperamentos
Existem vários
fatores que determinam a compatibilidade entre os temperamentos. O sexo é um
desses fatores. Marido de um temperamento e esposa de outro podem combinar
muito bem. Mas se fosse possível fazer uma inversão: o marido ficando com o
temperamento da esposa, e esta com o temperamento do marido, a adaptação entre
o casal poderia ser profundamente alterada. O nível intelectual de cada um dos
cônjuges é outro fator. Por isso não se pode estabelecer um quadro definitivo
de compatibilidade entre os temperamentos. É possível estabelecer um quadro
aproximado, mas sempre tendo em vista que o sexo, o nível intelectual, a
posição social e outros fatores poderão alterar essa compatibilidade. Os
nervosos, por exemplo, adaptam-se melhor aos fleumáticos e aos apaixonados. Os
sentimentais se dão melhor com os realistas e com os apaixonados.
Uma pergunta que
é feita frequentemente é se existem temperamentos incompatíveis. O grande
psiquiatra cristão Paul Tournier afirma que a "incompatibilidade de génios
é apenas um mito". André Le Gall e Suzanne Simon, no livro Os Caracteres e
a Felicidade Conjunta}, uma obra de 732 páginas na qual analisam cuidadosamente
os temperamentos, afirmam que existem temperamentos incompatíveis. Creio que Le
Gall e Simon estão mais corretos. Ainda que quiséssemos negar a
incompatibilidade de temperamentos, a realidade da vivência de muitos casais
mostraria o contrario.
Para identificar
a incompatibilidade dos temperamentos, basta observar o casal. Existem casais
que, de fato, não se entendem. Um é sol, o outro lua. Um é dia, o outro noite.
Às vezes são pessoas boas, honestas, responsáveis, mas que têm grandes
dificuldades de convivência.
O que fazer
quando o casal descobre que têm temperamentos incompatíveis?
Se forem
namorados ou noivos, devem imediatamente desistir da ideia de casamento. Duas
pessoas que não se entendem no namoro ou no noivado, quando têm tão pouco a
decidir em comum, não devem casar-se.
Quando só
percebem a incompatibilidade depois do casamento, eles devem procurar adaptar o
seu temperamento ao do seu cônjuge. Isto não é fácil. Exige muito esforço e
muita renúncia. Mas é preferível sofrer com a adaptação do que sofrer com a
separação.
Adaptação dos Temperamentos
Muitos
psicólogos e psiquiatras afirmam que os temperamentos não mudam. Muda-se a moldura,
mas o quadro continua. Isto é, mudam-se alguns aspectos do temperamento do
indivíduo, mas os traços fundamentais permanecem.
A Bíblia, porém,
mostra-nos vários exemplos de mudanças radicais. O apóstolo João era,
inicialmente, um homem violento. Certa vez, ele e seu irmão Tiago queriam que
Jesus lhes autorizasse queimar, com fogo do céu, uma aldeia de samaritanos
simplesmente porque os habitantes negaram hospedagem a Jesus (Lucas 9.51-56).
Jesus chegou a dar-lhe a alcunha de "filho do trovão" (Marcos 3.17).
Masquem lê as Epístolas de João notam a profunda mudança no temperamento deste
homem. O filho do trovão transformou-se no apóstolo do amor. Outra mudança
radical ocorreu com o fariseu Saulo, que mais tarde veio a ser o apóstolo
Paulo.
Ainda que mudanças
radicais sejam raras, elas mostram a possibilidade de mudança de temperamento.
Por isto, a incompatibilidade de temperamentos não é motivo para a separação do
casal. Mas é um desafio para que eles lutem pela adaptação de seus
temperamentos.
O que é necessário
para que ocorra, entre o casal, a adaptação dos temperamentos?
1)
Reconhecer as fraquezas do seu temperamento - A tendência de muitas pessoas é considerar como virtude as fraquezas
do seu temperamento. E isto reforça a incompatibilidade. Para que ocorra a
adaptação dos temperamentos, é necessário que marido e esposa reconheçam as
fraquezas do seu temperamento. Na Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo dá um
exemplo deste reconhecimento, quando diz: "Porque nem mesmo compreendo o
meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro e, sim, o que detesto.
... Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço"
(Romanos 7.15,19).
2)
Conscientizar-se da necessidade de mudança -Apenas reconhecer as fraquezas não é suficiente para que ocorra a
mudança. É preciso ter consciência da necessidade de mudança. Só muda quem está
consciente da necessidade de mudança. Enquanto marido e esposa não tiverem esta
consciência, eles continuarão sofrendo com a sua incompatibilidade de temperamentos.
3) Tomar a
decisão de mudar - Para que ocorram as mudanças necessárias à
adaptação dos temperamentos, é preciso que marido e mulher tomem a decisão de
mudar. E lutem para levar avante a decisão. O apóstolo Paulo escreveu o
seguinte: "Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa
de Cristo. Sim, deveras
considero tudo
como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu
Senhor; por amor do qual, perdi todas as cousas e as considero como refugo,
para ganhar a Cristo" (Filipenses 3.7,8). Ele entendeu que estreitar a sua
comunhão com Jesus valia muito mais do que os valores que ele vinha cultivando.
E certamente decidiu mudar. Quando marido e mulher entendem que a harmonia
entre eles vale muito mais do que as diferenças que os dividem, e decidem
mudar, inicia-se o processo de adaptação de seus temperamentos.
4) Buscar o auxílio de Deus - Tentar a adaptação dos temperamentos sem a ajuda de Deus é trilhar um
caminho que levará marido e esposa ao fracasso. Só Deus pode ajudar
definitivamente os cônjuges nesse processo de adaptação. Pela atuação do
Espírito Santo, ele produz em nós virtudes que facilitarão essa adaptação.
"Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio" (Gálatas
5.24,25). Quem tem estas virtudes terá facilidade para adaptar-se ao
temperamento do cônjuge. E o segredo para adquiri-las é buscá-las em Deus.
"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois
todo o que pede recebe; o que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.
Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará
pedra? Ou se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois
maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está
nos céus dará boas cousas aos que lhe pedirem?" (Mateus 7.7-11).
Conclusão
Alguns casais
ficam tão empolgadas no período de namoro e noivado que não percebem a
incompatibilidade existente entre os seus temperamentos. Outros até percebem,
mas por imaturidade, por falta de autodomínio
ou por outros
interesses acabam casando. E passam a viver em crises constantes. Ficam cada
dia mais infelizes. E julgam que a única solução para eles é o divórcio. Mas
divórcio não é solução. O que eles precisam é de uma adaptação de seus
temperamentos. "As diferenças entre os cônjuges não precisam ser fatais!
Nenhuma discordância serve de ameaça a um casamento; aquilo que o cônjuge faz,
no tocante aos desacordos, é que determina o êxito ou o fracasso no matrimónio.
Muitos casamentos que hoje navegam em mar de rosas, já experimentaram grandes
conflitos de temperamento."
Com o
reconhecimento de suas fraquezas, a consciência da necessidade de mudança, a
decisão irrevogável e irretratável de mudança e, acima de tudo, com a ajuda de
Deus, casais que vivem em crises e conflitos poderão encontrar a harmonia, a
paz e a felicidade.
Para Refletir
"Muitos
casamentos que hoje navegam em mar de rosas já experimentaram grandes conflitos
de temperamento" (Tim LaHaye).
As FINANÇAS
O dinheiro tem sido motivo de atrito entre muitos casais. John e Betty
Drescher afirmam: "Estudos mostram que 50% dos casais têm dificuldades
graves com relação a finanças". Eles se referem à situação em seu país
-Estados Unidos da América. Se dinheiro causa tantos problemas para os casais
do Primeiro Mundo, onde o poder aquisitivo é muito maior do que o nosso e a
economia é estável, o
que dizer da situação em nosso país?
Jaime Kemp
afirma que o dinheiro é "um dos fatores que mais contribui para brigas,
frustrações e preocupações no lar".
Como contornar
tais problemas?
O Significado dos Bens Materiais
Para evitar
problemas na área das finanças, marido e esposa devem, como ponto de partida,
saber o que significam os bens materiais.
A Bíblia nos
mostra que todos os bens pertencem a Deus. "Ao SENHOR pertence a terra e
tudo o que nela se contém" (Salmo 24.1). Estes bens estão em poder dos
homens. "Os céus são os céus do SENHOR, mas a terra deu-a ele aos filhos
dos homens" (Salmo 115.16). Alguns receberam os bens das mãos graciosas do
Criador. Outros se apossaram deles de maneira desonesta, fraudulenta. Mas todos
nós teremos de prestar contas a Deus da maneira como ganhamos e usamos os bens
materiais.
A raiz dos
problemas do casal na área das finanças geralmente está na deturpação do
significado dos bens materiais. Jaime Kemp diz que "muitas vezes damos às
coisas que possuímos um significado diferente do que elas realmente têm. Por
exemplo: um carro é basicamente um meio de transportar pessoas de um lugar para
o outro. Porém, ele tem simbolizado sucesso, prestígio, liberdade,
independência e até masculinidade. Assim como o carro, as roupas e outras
coisas, também o dinheiro tem significados variados".
O Uso Correto dos Bens
Os bens têm como
objetivo satisfazer nossas necessidades e proporcionar-nos alegria e prazer.
João Calvino afirmou que a enorme variedade de cereais, verduras, frutas e
demais ingredientes oferecidos para a nossa alimentação deixa claro que o
Criador tinha em mente, além da nossa nutrição, o nosso prazer e satisfação.
Isto se aplica também a todos os demais bens materiais.
Parte dos nossos
bens deve ser usada para ajudar o próximo. O apóstolo João fez um
questionamento sério: "Ora, aquele que possuir recursos deste mundo e vir
a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o seu coração, como pode
permanecer nele o amor de Deus?" (1 João 3.17). E Tiago, na sua pi
aticidade, escreveu: "Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de
roupa, e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser:
Ide em paz, aquecei-vos, e fartai-vos, sem, contudo, lhes dardes o necessário
para o corpo, qual é o proveito disso?" (Tiago 2.15-16). Não podemos
esquecer, também, a nossa contribuição para a Igreja. Todas as instituições
necessitam de recursos financeiros para cumprir sua tarefa. E a Igreja não é
exceção. Ela necessita de dinheiro para construir e manter seus templos, para
pagar o salário de seus funcionários e para executar seus projetos. Esse
dinheiro não cai do céu. Ele vem da contribuição dos fiéis. Por isso, parte dos
nossos bens deve ser dedicada à obra de Deus.
Os bens
materiais, honestamente adquiridos, são bênçãos que Deus nos concede. Eles
devem ser usados para a nossa manutenção, conforto, alegria e prazer, bem como
para ajudar o próximo e sustentar a Igreja e suas instituições. Usá-los como
forma de auto-afirmação, de ostentação, ou como instrumento de dominação e
opressão, é deturpar os fins para os quais eles nos foram dados.
Algumas Recomendações Úteis
Cada casal é
responsável pela forma como vai ganhar e gastar o seu dinheiro. Mas vamos dar
aqui algumas recomendações úteis:
1a) O casal deve ter um orçamento - Este orçamento deve incluir todas as despesas ordinárias e uma
reserva para as despesas extraordinárias. Dewitt L. Miller observa que é
"digno de nota que o casal que mantém uma boa contabilidade quanto às suas
despesas irá, em quase todos os casos, gastar menos e mais sensatamente do que
aqueles que não fazem isto". O casal deve lutar para permanecer dentro do
orçamento.
2a) O casal deve ter um acordo sobre finanças -Isto significa que tudo o que tiver de ser adquirido fora do orçamento
deve ser feito com a aquiescência de ambos.
3a) As compras devem ser decididas segundo
critérios racionais - Marido e esposa devem ser disciplinados sobre o
uso do dinheiro. As compras devem ser decididas racionalmente, e não à base da
emoção. Saber usar bem o dinheiro, fazer compras necessárias e em condições
satisfatórias, é mais uma questão de atitude do que de técnica. Pessoas
disciplinadas usam disciplinadamente o dinheiro; pessoas indisciplinadas usam o
dinheiro indisciplinadamente.
4a) O casal
só deve fazer dívida quando isto for absolutamente
necessário - Dever tem uma
série de inconvenientes. Os juros comem parte significativa da renda familiar,
e o devedor acaba trabalhando para o credor. Além disso, o credor pode
servir-se da situação para dominar aquele que lhe deve. "O rico domina
sobre o pobre, e o que toma emprestado é servo do que empresta" (Provérbios
22.7). Soma-se a isto a insegurança do devedor, que acaba subtraindo parte de
suas energias mentais e físicas, por causa de preocupações e noites mal
dormidas.
5a) O casal precisa aprender a viver dentro de sua
realidade socioeconómica - Vivemos num mundo onde
poucos têm muito, e muitos têm pouco. E cada casal precisa aprender a viver
dentro de sua realidade socioeconómica. Quanto a isto, o apóstolo Paulo nos dá
uma grande lição. Ele afirma: "Aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação. Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em
todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome;
assim de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que me
fortalece" (Filipenses 4.11-13).
6a) O maior bem de um casal é ter um ao outro -Ter conforto é muito bom. Mas um bom casamento não depende dos bens
materiais. Não é o tamanho da casa, nem o luxo dos móveis, nem o ano e modelo
do automóvel que fará o casal mais feliz. O maior bem do esposo, aqui na terra,
é sua esposa; o maior bem da esposa é o esposo. "Melhor é um prato de
hortaliças, onde há amor, do que o boi cevado e com ele o ódio"
(Provérbios 15.17).
Conclusão
Uma música
popular diz que "tem que pagar para nascer, tem que pagar para viver, tem
que pagar para morrer". E é verdade. Tudo na vida tem um preço. Quando
você recebe alguma coisa sem pagar, é porque alguém está pagando por você. Por
isso o dinheiro é importante, mas não a coisa mais importante da vida.
O dinheiro é um
meio para chegar a um fim. Ele é um instrumento para adquirir coisas de que
necessitamos. O dinheiro honestamente adquirido é bênção de Deus. Mas quando
invertemos a ordem dos valores, quando abrimos mão de coisas mais importantes
para nos apossar do dinheiro, ele se transforma em maldição. E quando o
casal briga por causa de dinheiro - seja pelo excesso, seja pela escassez -,
eles estão trocando o amor, a harmonia e a paz por bens materiais, estão
trocando o essencial pelo secundário, o melhor pelo menos importante. Estão
fazendo um péssimo negócio.
O dinheiro - que
sobra ou que falta - deve unir ainda mais o casal. A sobra deve uni-los em
ações de graças; a falta, em
oração. E desta união o casamento sairá ainda mais
fortalecido.
Para Refletir
"Quando o
dinheiro se torna o foco das desavenças, os problemas
em nosso
relacionamento estão provavelmente em outro ponto. O
dinheiro pode
tornar-se simplesmente uma desculpa para ventilar
os
ressentimentos acumulados."
Os FILHOS
Um dos objetivos
do casamento é "a propagação da raça humana por uma sucessão
legítima".1 Ou seja: gerar filhos. Quando Deus criou o homem e a mulher, o
Criador os abençoou e lhes disse: "Sede fecundos, multiplicai-vos"
(Gênesis 1.28). E Salomão escreveu que os filhos são herança do Senhor (Salmo
127.3). Está claro na Bíblia que o propósito de Deus para a família é que ela
seja constituída de esposo, esposa e filhos.
Os filhos são
bênçãos que Deus nos concede. Mas se o casal não tomar os devidos cuidados, os
filhos lhes trarão mais tristezas do que alegrias.
O Lugar dos Filhos na Família
A relação
familiar básica é esposo-esposa. Eles são "uma só carne" (Gênesis
2.24). Os filhos são bênçãos adicionais. Eles não ficam para sempre com os
pais. Eles nascem, crescem e seguem o seu próprio caminho, formando a sua própria
família. Marido e esposa começam a vida conjugal sozinhos e, geralmente,
terminam sozinhos.
Em nossa época
este princípio bíblico tem sido deturpado. Muitos casais estão vivendo como se
a relação familiar básica fosse pais-filhos. Isto significa que muitos casais
estão vivendo em função dos filhos. E isto não está certo. Casais que
estruturam a sua vida familiar em torno de seus filhos são candidatos a sérios
problemas no futuro. "Por terem vivido para seus filhos durante tantos
anos, sua conversa, seus interesses, suas atividades, na verdade toda a
estrutura de sua vida foi construída em torno dos filhos. Assim, quando estes
saem de casa, os pais acordam de repente para o fato de que tudo que lhes resta
é um ao outro. Terão de passar juntos o resto de seus dias e ficam apavorados
diante dessa perspectiva. O que restou foram dois estranhos que pouco ou nada
têm em comum, a não ser os filhos. Durante todos aqueles anos não conseguiram
construir um casamento. O que mantinha o seu relacionamento eram os filhos. As
únicas coisas significativas em seu casamento eram as que diziam respeito a
seus filhos. Era nisso que se centralizavam conversas e atividades."
O casal que vive
em função dos filhos cria problema também para os próprios filhos. Quando estes
tiverem de formar a sua própria família, eles estarão tão ligados aos pais que
terão dificuldade em ser "uma só carne" com o seu cônjuge. Eles vão
priorizar a relação pais-filhos, em vez de esposo-esposa. Os laços que os unem
a seus pais serão mais fortes do que os que os unem ao seu cônjuge. Como
resultado disso, temos maridos que reservam o melhor de sua atenção para a mãe,
em detrimento da esposa. O almoço de domingo é na casa da mãe, o primeiro
telefonema para comunicar a promoção é dado para a mãe. Sem perceber, tal
marido está criando uma grande rivalidade entre nora e sogra. Resumindo:
superpais geram péssimos cônjuges. Estes, por sua vez, serão também superpais e
gerarão outros péssimos cônjuges.
Os filhos são
bênçãos que Deus concede ao casal. Eles devem ser criados com todo amor e
preparados para a vida. Mas eles nunca podem tomar o lugar da esposa no coração
do pai nem o lugar do esposo no coração da mãe. Uma das tarefas dos pais é
preparar seus filhos para formar sua própria família; por isso precisam mostrar
aos filhos, no viver diário, como deve comportar-se um bom esposo e uma boa
esposa. John e Betty Drescher escreveram: "Pequenos atos e palavras de
amor demonstrados na vida cotidiana do casal falam mais alto sobre a natureza
do amor verdadeiro a nossos filhos".
O Dever dos Pais Para Com os Filhos
Alguns pais vão
para o outro extremo e não cumprem seus deveres e obrigações para com seus
filhos. Quem procede assim está sendo ingrato e infiel para com Deus, que lhe
deu o grande privilégio de ter filhos. "Deus poderia ter trazido nossos
filhos ao mundo de maneira completamente diferente. Poderia ter feito com que
eles crescessem e se desenvolvessem em poucos meses, ou até em semanas. Os animais e
os pássaros tornam-se maduros em poucos dias, poucas semanas ou, na pior das
hipóteses, em poucos anos. Mas o desenvolvimento de uma criança leva longos
anos até que ela se torne o que deve ser: amadurecida em Jesus Cristo. Os
pais são dados à criança por estas razões: para suprir as suas necessidades e
para guiá-la. Ambas são essenciais para que toda a personalidade da criança
possa ser desenvolvida até atingir a sua plena riqueza."
Os nossos
deveres e obrigações para com nossos filhos incluem o cuidado com o seu
desenvolvimento físico, mental, emocional e espiritual. Salomão escreveu que os
filhos são como "flechas na mão do guerreiro" (Salmo 127.4). E esta é
uma figura muito apropriada para descrever nossos deveres para com eles. A
flecha era preparada com todo cuidado e perícia pelo guerreiro daquela época,
para ser lançada em direção ao alvo. Assim também são os nossos filhos: devemos
prepará-los com todo cuidado para a vida e, no momento próprio, lançá-los em
direção ao alvo. Nós não somos donos deles. Somos apenas as pessoas às quais
Deus concedeu o privilégio de gerar outras pessoas e prepará-las para a vida.
Para preparar
bem os nossos filhos para a vida, além de cuidar do seu desenvolvimento físico
e da sua formação intelectual e profissional, devemos:5
- Educá-los na
crença do Pai, do Filho e do Espírito Santo, para que eles temam a Deus e O
sirvam em espírito e em verdade;
- Encaminhá-los pelas santas veredas do viver
cristão, sendo nós mesmos exemplo de piedade para eles;
- Envidar todos os esforços para livrá-los das
más companhias e dos maus exemplos;
- Levá-los regularmente à Igreja, para que eles
aprendam a adorar o Senhor com reverência;
- Aplicar-lhes a
disciplina e a correção necessárias, para que eles cresçam dentro dos
princípios de respeito e ordem, e aprendam a acatar as determinações daqueles
que exercem autoridade sobre eles.
Como Cuidar dos Filhos Sem Sacrificar os Pais
Não é fácil para
o casal cumprir fielmente seus deveres e obrigações para com seus filhos, sem
priorizar a relação pais-filhos em detrimento da relação esposo-esposa. Para
ajudá-los, damos as seguintes sugestões:
1a) Não adiar para o futuro o que pode ser feito
hoje - Muitos casais que têm filhos pequenos ou
adolescentes adiam, para quando os filhos estiverem grandes ou até casados,
passeios, excursões, participação em congressos ou outras atividades que
deveriam realizar juntos. E quando chega esse momento, às vezes já estão velhos
e doentes, e não podem fazer o que adiaram. Outras vezes não podem fazê-lo
porque não têm mais interesse ou disposição para aquele tipo de atividade. O
futuro não nos pertence, por isso o casal deve viver o presente.
2a) Não confiar os filhos a pessoas erradas - Alguns casais, no afã de viver o presente, de não adiar para o futuro
o que podem fazer agora, deixam os seus filhos aos cuidados de pessoas erradas.
Alguns confiam os filhos às empregadas domésticas, algumas despreparadas,
outras desinteressadas no bem-estar das crianças. Outros deixam os filhos com a
avó, amorosa porém cansada e sem força para cuidar de modo adequado das
crianças. Ou então com uma tia, desprovida de tempo e condições para cuidar bem
das crianças. Os casais que procedem assim estão prejudicando os filhos e
causando incómodo e até transtorno a outras pessoas.
3a) Não levar as crianças a passeios nos quais elas
pouco aproveitam e muito atrapalham - Alguns casais
estão sempre carregando os filhos para onde vão, sacrificando as crianças,
expondo-as a riscos desnecessários, criando dificuldades para eles mesmos,
causando aborrecimentos aos seus hospedeiros ou aos companheiros de viagem. As
crianças só devem ser levadas a passeios ou viagens quando isso for
absolutamente necessário.
4a) Estabelecer uma relação de troca de favores com
casais que tenham filhos da mesma idade dos seus filhos - As melhores pessoas para cuidar de nossos filhos quando viajamos, ou
participamos de uma programação à qual eles não devam ser levados, são casais
que tenham filhos na mesma faixa etária dos nossos. Para isto devemos fazer
amizade com um ou mais casais nessa situação, bem como levar os nossos filhos a
serem amigos dos filhos deles, para que eles tomem conta de nossos filhos
quando viajarmos; e nós, por outro lado, tomaremos conta dos filhos deles
quando eles viajarem.
Conclusão
Nossos filhos
são herança do Senhor. E que preciosa herança! Eles enchem de alegria o nosso
lar e enriquecem nossa vida. Mas eles não são propriedade nossa. Apenas nos
foram confiados por Deus, para a nossa alegria e para que os preparemos para a
vida. Eles são como "flechas nas mãos do guerreiro" (Salmo 127.4).
Devem ser preparados e, na hora certa, lançados em direção ao alvo.
Para Refletir
A melhor maneira
de ser um bom pai é ser um bom marido para a mãe de seus filhos. E a melhor
maneira de ser uma boa mãe é ser uma boa esposa para o pai de seus filhos. Bons
maridos e boas esposas criam filhos felizes e ajustados, que, por sua vez,
serão também bons maridos e boas esposas.
O RELACIONAMENTO COM OS FAMILIARES
Quando um rapaz
e uma moça se casam, eles rompem os laços que os uniam à sua família. A Bíblia
ensina que eles devem deixar "pai e mãe" e unir-se um ao outro
"tornando-se os dois uma só carne" (Gênesis 2.24). Os dois formarão
agora uma nova unidade familiar. A sua família será constituída por eles e
pelos seus filhos que vierem. Seus pais e seus irmãos não serão mais a sua
família, serão apenas os seus familiares.
"Este
'deixar é uma das responsabilidades mais difíceis para os pais. E não somente
para os pais, mas tambémpara os filhos. Deixar pai e mãe pode ser uma das
decisões mais difíceis e mais dolorosas de se tomar. De fato, em muitos casos,
casais têm sido prejudicados no seu relacionamento porque os filhos nunca se
desligaram emocionalmente da sua família."
Deixar pai e mãe
não significa romper com a família. Embora tenham deixad a família de sua
"origem para formar a sua própria família, marido e esposa não devem
olvidar a importância de um bom relacionamento com seus familiares.
O relacionamento
com os membros da família de ambos pode ser agradável, construtivo; mas também
pode ser tenso e difícil. Jacó teve um relacionamento tenso com seu irmão Esaú
(Gênesis 27.41), com seu sogro Labão e com seus cunhados (Gênesis 31.1,2) e,
mais tarde, com alguns filhos (Gênesis 34.30; 49.3-4). Mas Rute teve um
relacionamento agradável e construtivo com sua sogra Noemi (Rute 1.15-17).
Alguns
princípios precisam ser observados por marido e esposa para que o
relacionamento com os familiares seja o melhor possível.
A Aprovação do Casamento
Quando nos
casamos, estamos interessados apenas na pessoa amada. O nosso objetivo é tê-la
ao nosso lado. Mas, ao adquirir um cônjuge, recebemos de troco um sogro, uma
sogra, cunhados e cunhadas e, também, os avós e os tios de nossos filhos. E é
muito importante que essas pessoas aprovem o casamento. Muitas pessoas
perguntam se a ordem bíblica de obedecer pai e mãe inclui também obedecer-lhes
quanto ao casamento. Alguns respondem que não, que o casamento é algo muito
pessoal e íntimo; e. portanto, ninguém tem o direito de dar palpites. Outros
pensam diferente. Entendem que a autoridade dos pais sobre os filhos está em
vigor até que eles constituam a sua própria família. E, portanto, os filhos
devem obedecer aos pais quanto ao casamento.
Independentemente
da vigência ou não da autoridade dos pais sobre filhos adultos, a verdade é que
é muito bom que o casamento seja feito com a aprovação da família. Quando há
oposição da família e o casal resolve não levar em conta esta oposição, os
namorados ou noivos não contam com a tranquilidade e a objetividade necessárias
para conhecer melhor e decidir se realmente devem casar-se um com o outro. O
casal sente-se psicologicamente acuado, desrespeitado e até agredido. Cada um
passa a ver o outro como vítima. E a atenção que deviam concentrar um no outro,
para se conhecer melhor, acaba sendo desviada para as pressões que estão
sofrendo. Nesse caso, a decisão de se casar é quase sempre tomada com base em
sentimentalismo.
É recomendável
que os pais jamais façam pressão contra o casamento dos filhos. Principalmente
porque tais pressões costumam reforçar nos filhos a decisão de se casar. E os
filhos, diante da oposição ou desaprovação dos pais, devem analisar com mais
profundidade os motivos apresentados. Afinal, os pais são mais velhos, mais
experientes, e podem estar com a razão. Devem questionar também se a oposição
dos pais representa ou não aexpressão da vontade de Deus.
A experiência
tem mostrado que casamento contra a vontade dos pais costuma não dar certo. Não
porque os pais sejam infalíveis. Mas porque ou eles têm razão quando fazem
oposição ou a oposição impossibilita a análise mais objetiva por parte dos
namorados ou noivos.
O casal deve
contar com a aprovação e com a simpatia de seus familiares. Se isto não ocorrer
espontaneamente, deve ser buscado com muito esforço.
A Independência do Casal
Outro fator muito
importante para um bom relacionamento com os familiares é a independência do
casal. Isto deve começar com a moradia. "Quem casa quer casa", diz a
sabedoria popular. E realmente quem casa deve morar na sua própria casa. Morar
com pais e sogros costuma trazer muitos problemas para o casal. Quando nascem
os filhos, os problemas aumentam, porque surge o conflito de autoridade. Os
avós julgam-se com o direito de determinar o que os netos devem ou não devem
fazer, porque estão vivendo em sua casa. Às vezes chegam até a desautorizar a
autoridade dos pais, anulando ordens dadas por estes.
Se por algum
motivo o casal não tem condições de manter a sua própria casa, e os pais e
sogros querem ajudá-los, é preferível que esta ajuda seja direcionada para
mante-los em sua própria casa. Trazê-los para dentro de casa pode significar
trazer também os seus problemas.
O casal deve
evitar qualquer tipo de dependência financeira de seus pais e sogros. A ajuda
financeira costuma abrir as portas para uma interferência que pode trazer
grandes prejuízos para o casal.
Outra ajuda que
deve ser evitada é na área de cuidado com os filhos. Pais e sogros não devem
ser usados como babá.
O casal não deve
levar para os seus pais as suas dificuldades conjugais. Marido e mulher são
como criança: desentendem-se, mas logo fazem as pazes. Mas com os sogros é
diferente. Eles costumam tomar as dores dos filhos e ficar magoados com genros
e noras. Quando o casal necessitar de aconselhamento, é melhor procurar uma
pessoa preparada para isto, que vá tratar o problema com objetividade, sem
tomar partido. Os pais costumam ser passionais, e isto tira a objetividade de
que necessitam para dar um bom conselho.
As visitas aos
pais e sogros também devem ser bem dosadas. Visitas muito espaçadas podem dar
uma ideia de falta de atenção, amor e consideração para com os genitores. Mas
visitas excessivamente frequentes podem trazer aborrecimentos. Salomão
recomendou: "Não sejas frequente na
casa do teupróximo, para que não se enfade de ti, e te aborreça"
(Provérbios 25.17)
O casal deve
evitar também trazer irmãos ou cunhados para morar em sua casa, especialmente
nos primeiros anos de casados. Muitos casamentos têm sido arruinados porque os
pais ou sogros transformaram a casa dos filhos em república dos filhos solteiros.
Amor, Atenção e Amabilidade no Trato
As maiores
dificuldades no relacionamento costumam ocorrer com os sogros. Isto não
significa que nossos pais sejam melhores do que os pais de nosso cônjuge. Mas é
mais fácil compreender os pais do que os sogros. "Muitas vezes as
sugestões dos sogros parecem indicar desaprovação ou crítica, quando na verdade
foram feitas com a melhor das intenções."
Tim LaHaye dá
aos cônjuges o seguinte conselho: "Você deve procurar tratar com respeito
e consideração os pais do seu cônjuge. Afinal de contas, eles gastaram muitos
anos e milhares de cruzeiros preparando o seu cônjuge. O mínimo que você pode
fazer é tratá-los com dignidade. Evite uma atitude negativa para com eles; se
for necessário dizer que eles estão interferindo demais na vida de vocês, deixe
que o filho ou a filha faça isso. Talvez seja conveniente que os dois falem
juntos, mas o parente consanguíneo deve expor a situação".
No sermão do
monte, Jesus fez, entre outras, a seguinte recomendação: "Tudo quanto,
pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles"
(Mateus 7.12). Esta recomendação aplica-se também à maneira como você deve
tratar os parentes de seu cônjuge. Se você quer que o seu cônjuge trate bem os
seus parentes, então trate os parentes dele como você quer que ele trate os
seus. A sua sogra é a mãe do seu cônjuge, portanto deve ser considerada e
tratada como sua própria mãe. O seu sogro é pai do seu cônjuge e deve ser
considerado e tratado como seu próprio pai. Os irmãos do seu cônjuge devem ser
considerados e tratados como seus próprios irmãos.
Conclusão
Uma das maiores
fontes de alegria para marido e esposa é um bom relacionamento com seus
familiares. Poucas coisas são tão agradáveis como uma reunião de família.
Uma das maiores
fontes de ajuda com que o marido e a esposa podem contar são seus familiares.
Eles costumam ser as únicas pessoas que permanecem ao nosso lado nos momentos
difíceis. Podemos citar como exemplo que conseguir um empréstimo quando se pode
dar garantia de pagamento é fácil. Mas um empréstimo sem garantia de quitação
só poderá ser obtido com familiares.
Por tudo isso,
marido e esposa devem construir um bom relacionamento com seus familiares.
Para Refletir
"Quando os
filhotes estão em condições de voar, a águia desmancha o ninho para obrigá-los
a voar. O lar paterno é o nosso
ninho, mas, a
partir do momento em que constituímos a nossa própria família, ele deve ser
considerado um ninho desmanchado."
O ESPOSO NA CRISE DA MEIA-IDADE
Existia na
igreja um casal que vivia na maior harmonia. Alguns amigos diziam que aquele
era um casal vinte, isto é, um marido nota dez que tinha uma esposa também nota
dez. Estavam sempre juntos. Eram um exemplo para todos. Mas... hoje estão
separados.
Em outra igreja
havia um senhor honesto, correto, verdadeiro exemplo de dignidade. Hoje ele não
pertence mais à igreja. Está viciado em bebidas alcoólicas e envolvido em
aventuras amorosas.
Você certamente
conhece histórias parecidas com estas. É bem provável que conheça também a
história de homens que abandonaram um emprego invejável, deixando uma carreira
até então coroada de sucesso. E até a história de homens que,
inexplicavelmente, colocaram fim à própria vida.
E se você se
aprofundar um pouco mais nessas histórias, descobrirá que todos esses homens
estavam na faixa etária dos quarenta anos - talvez um pouco mais, talvez um
pouco menos.
Mas a história
desses homens poderia ser bem diferente, se os problemas tivessem sido
diagnosticados e tratados de maneira correta, na hora certa. Esses homens naufragaram
na crise da meia-idade.
Conceituação e Causas da Crise da Meia-idade
INa meia-idade o
homem entra num processo de alterações biológicas, psicológicas e sociais. O
seu vigor físico diminui, o peso aumenta, a pele fica flácida e começam a
aparecer as rugas, a capacidade visual é afetada, os cabelos começam a cair.
Isso geralmente leva o homem a alimentar um sentimento de inferioridade e
incapacidade. A sua auto-imagem fica negativa. E ele fica insatisfeito com tudo
- com a profissão, com o trabalho, com a família, com a igreja e até com Deus.
A essa altura a sociedade o despreza. Basta lembrar aqui que a maioria das
ofertas de emprego vem acompanhada desta expressão: "Idade: até 35
anos". Os filhos estão na adolescência e julgam o pai ultrapassado. O somatório
de tudo isto leva o homem a uma crise emocional e psicológica que pode provocar
profundas mudanças no seu comportamento. E muitos acabam capotando nas curvas
dessa crise, terminando no monturo de lixo.
A partir da
década de 1930, psicólogos, psiquiatras, sociólogos e outros profissionais que
atuam na área do comportamento humano passaram a estudar as mudanças que
ocorrem na vida dos homens na meia-idade. Walter Pitkin foi o pioneiro. Ele
escreveu o livro A Vida Começa aos Quarenta? onde, pela primeira vez, foram
abordadas as mudanças que ocorrem na vida do homem por volta dos quarenta anos
de idade. Na década de 1950, Edmund Bergler escreveu A Revolta do Homem de
Meia-idade.2 Nesse livro, ele registra o seguinte comentário de uma esposa cujo
marido estava vivendo a crise da meia-idade: "Eu creio que meu esposo ou
está-se desintegrando ou está ficando louco. Meu marido sempre foi uma pessoa
digna de confiança, satisfeita, segura, responsável e bem-humorada. Porém,
subitamente, nos últimos meses, sua personalidade mudou. Tudo o que ele tem
feito é rebelar-se e atacar. Ataca o nosso casamento, a mim mesma e até a sua
profissão. Está exuberante, pretensioso, indisciplinado, praticamente
impossível de se controlar. Não posso afirmar com certeza, mas suspeito de que
tenha uma namorada. Seu mau humor e seus ataques constantes contra tudo e
contra todos parecem esgotar suas energias. Não há nada que eu faça que o
agrade ou com que ele se mostre de acordo".
Creio que a
maior contribuição para o estudo e o tratamento da crise da meia-idade foi dada
por Jim Conway, que escreveu o livro Os Homens na Crise da Meia-idade,4
publicado nos Estados Unidos em 1978. Neste livro, Conway, com grande coragem,
relata e analisa a sua própria crise. Ele se identifica assim: "Sou o
pastor principal de uma grande igreja nas imediações de uma universidade. Passo
grande parte de meu tempo aconselhando estudantes e famílias. Escrevo uma
coluna mensal para uma revista, na qual respondo a perguntas
emotivo-espirituais dos estudantes. Já pastoreei outras duas igrejas. Tenho
dois cursos superiores e estou fazendo pós-graduação para obter o Ph. D. Estou
casado com Sally, que me ama profundamente e faz por mim mais do que eu pensava
que ela iria fazer. Temos três filhas - Bárbara e Brenda, na universidade, e
Becky na escola secundária".5 Logo depois, ele escreveu: "Para mim, a
crise da meia-idade não é simplesmente um problema académico. Não estou apenas
escrevendo um novo livro. Venho lutando com a crise da meia-idade, que veio sobre
mim como uma experiência traumatizante para a qual eu não estava
preparado".
As causas dessa
crise variam de um homem para outro. Em alguns, estão na dificuldade de
conciliar suas fantasias com a realidade. Não conseguiram realizar seus grandes
sonhos e, por isso, entraram em
crise. Em outros, as causas são os fracassos do passado e os
temores do futuro. O medo de que tais fracassos se repitam leva-os a entrar em crise. Outros entram
em crise por causa das pressões que sofrem. Na meia-idade o homem está vivendo
o período de maior pressão de sua vida. Pressão no trabalho, onde ele é mais
cobrado ou corre o risco de ser descartado. Pressão da família, que exige mais
tempo, mais dedicação e mais dinheiro. Pressão da sociedade... Mas a principal
causa parecem ser as insatisfações e os aborrecimentos não-absorvidos no
dia-a-dia. Insatisfações e aborrecimentos com a profissão, com o trabalho, com
o emprego, com o lugar onde mora, com a esposa, com os filhos... Estes
problemas vão-se somando e estouram na meia-idade.
Os Perigos da Meia-idade
A crise da
meia-idade pode ser de curta, média ou longa duração. A duração dependerá do
modo como o homem enfrenta a sua crise. Se ele receber a ajuda necessária e
agir de modo correto, a crise poderá passar em poucos meses. Mas se ele agir de
modo incorreto, a crise poderá prolongar-se por quinze ou vinte anos.
Quanto à faixa
etária em que pode ocorrer a crise, foi constatado que ela é mais frequente
entre os trinta e cinco e quarenta e cinco anos, podendo aparecer um pouco
antes ou um pouco depois.
Na meia-idade o
homem está vivendo um dos períodos mais perigosos de sua vida. E muitos são
praticamente destruídos pela crise. Muitos abandonam a carreira profissional
construída com sacrifício, deixam o emprego
conseguido com muita
dificuldade, desentendem-se com a esposa e com os filhos, tornam-se
solitários e partem para o alcoolismo e para a imoralidade. Depois que passa a
crise, o homem se arrepende e tenta reaver o que perdeu. Poucos conseguem. E
isto pode gerar uma nova crise.
O homem na crise
da meia-idade sente-se como um menino perdido no meio da multidão, que olha
numa direção e julga que lá está o seu pai. Mas quando chega lá, não encontra o
pai. Corre em outra direção, e o resultado é o mesmo. As suas pernas doem e o seu
desespero aumenta. Ele busca desesperadamente a solução, mas frequentemente
acaba num beco sem saída.
Davi foi um
homem que enfrentou uma crise da meia-idade bem intensa. A sua história e os
seus salmos estão na Bíblia. À luz desses escritos, concluímos que a crise de
Davi causou-lhe os seguintes problemas:
a) Depressão
Os conflitos da
crise da meia-idade geram depressão. Davi fala da sua depressão assim:"...
me sinto atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a minha alma e o
meu corpo. Gasta-se a minha vida na tristeza, e os meus anos em gemidos"
(Salmo 31.9,10). O autor do Salmo 102, que provavelmente foi Davi, descreveu
assim a sua depressão: "Porque os meus dias como fumo se desvanecem, e os
meus ossos ardem como em
fornalha. Ferido como a erva, secou-se o meu coração; até me
esqueço de comer o meu pão. Os meus ossos já se apegam à pele, por causa do meu
dolorido gemer. Sou como o pelicano em o deserto, como a coruja das ruínas. Não
durmo, e sou como o passarinho solitário nos telhados" (vv. 3-7). A
depressão gera um sentimento de fuga. O homem deprimido julga que os seus
problemas estão nas pessoas e nas coisas ao seu redor e que fugindo ele fugirá
também dos seus problemas. Davi escreveu: "Então disse eu: Quem me dera
asas como de pomba! Voaria, e acharia pouso. Eis que fugiria para longe, e
ficaria no deserto. Dar-me-ia pressa em abrigar-me do vendaval e da
procela" (Salmo 55.6-8).
b)
Auto-imagem negativa
A auto-imagem
negativa é um sentimento de inferioridade, de incapacidade e de falta de
auto-estima que se enraíza no mais profundo de nosso ser. Veja a que ponto Davi
chegou; "Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado
do povo. Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a
cabeça" (Salmo 22.6,7).
c) Solidão
O homem na crise
da meia-idade afasta-se dos amigos, dos familiares, e torna-se profundamente
solitário. Isso aconteceu com Davi, pelo que escreveu uma oração de pedido de
socorro: "Volta-te para mim e tem compaixão, porque estou sozinho e aflito.
Alivia-me as tribulações do coração; tira-me das minhas angústias. Considera as
minhas aflições e o meu sofrimento, e perdoa todos os meus pecados" (Salmo
25.16-18).
d) Aventura
amorosa
Para complicar
ainda mais a situação de Davi, ele se envolveu com Bate-Seba, esposa de Urias
(2 Samuel 11.1-5). O adultério trouxe sérias consequências para Davi, para sua
família e para o reino.
O homem que, à
semelhança de Davi, parte para a aventura amorosa, escolheu o pior caminho para
solucionar a sua crise. Ele fica desmoralizado diante da sociedade,
desacreditado diante da família e com a consciência carregada de culpa diante
de Deus. Davi sofreu muito. Após tomar consciência do mal que fizera, ele
escreveu o Salmo 51, onde diz: "Pois eu conheço as minhas transgressões, e
o meu pecado está sempre diante de mim. Eis que te comprazes na verdade no
íntimo, e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissôpo,
e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve. Faze-me ouvir júbilo
e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste" (vv. 3,6-8).
A aventura
amorosa é um risco sério para o homem na crise da meia-idade, por vários
motivos. Entre eles podemos citar a sua possível insatisfação com sua esposa, a
sua solidão, a sua sensação de não ser compreendido... Se aparecer uma mulher
que o compreenda ou finja compreendê-lo, o risco de uma aventura amorosa é
muito grande.
e) Abandono
da profissão ou do emprego
O homem na crise
da meia-idade pensa que a sua angústia é causada por coisas externas a ele.
Assim, ele começa a inquirir quem ou o que está causando as suas crises
emocionais. E muitos atribuem as suas causas à sua profissão ou ao seu emprego.
E muitos abandonam uma boa profissão, uma carreira feita com muito sacrifício
ou um emprego que muitos gostariam de ter.
f) Outros
riscos
Outros riscos
que correio homem na crise da meia-idade são o alcoolismo, a vadiagem e a
apostasia da fé. Q alcoolismo como uma forma de escape, de fuga. A vadiagem
pela sua falta de perspectiva de futuro. E a apostasia da fé por julgar que
Deus está sendo injusto com ele.
Ajuda Para Enfrentar a Crise
Uma pergunta que
me é feita, sempre que falo sobre este assunto, é se todos os homens passam
pela crise da meia-idade. E a resposta dos especialistas é que todos os homens
enfrentarão a crise da meia-idade. A diferença está na intensidade. Em alguns,
a crise é muito forte; em outros, mais suave; e em outros tão suave que quase
nem é percebida. A intensidade depende muito da preparação do homem para a
crise e do tipo de ajuda que ele receber durante a crise.
a) A preparação para a crise da meia-idade
A igreja tem um
papel muito importante na preparação do homem para a crise da meia-idade. Este
assunto é quase totalmente desconhecido entre nós. Os pastores e os líderes precisam
conhecer bem este assunto para instruir os membros da igreja e, também, para
saber lidar com os homens que estão enfrentando a crise. Se o homem estiver
consciente do que lhe está acontecendo, quando chegar a crise, terá melhores
condições para enfrentá-la e vencê-la. Se as familias conhecerem vem o assunto,
poderão compreender melhor e ajudar o homem a enfrentar a crise.
Mas a preparação
mais importante é a do próprio homem. E esta preparação consiste não só no
conhecimento deste assunto, mas principalmente em uma atitude correta diante
dos pequenos aborrecimentos do dia-a-dia. O apóstolo Paulo recomendou:
"Não se ponha o sol sobre a vossa ira" (Efésios 4.26). Isto significa
que cada aborrecimento deve ser digerido no próprio dia. Quem fica acumulando
aborrecimentos está preparando o caminho para um momento tenebroso quando
chegar à crise da meia-idade. Acumular aborrecimentos com a esposa é
preparar-se para a separação quando chegar a crise. Somar aborrecimentos com a
carreira profissional é preparar-se para jogar tudo fora exatamente no momento
em que o homem deve conservar o que conseguiu, pois não será mais um jovem para
iniciar tudo de novo. O homem precisa estar consciente de que somos pessoas
imperfeitas, convivendo com outras pessoas imperfeitas, num mundo que se tornou
imperfeito por causa do pecado. Em todas as profissões, em todas as atividades,
em todos os casamentos, os aborrecimentos são inevitáveis. Cabe ao homem
aprender a conviver com tais aborrecimentos. E essa convivência será construtiva
se nós tratarmos os aborrecimentos como tratamos as laranjas - chupando o caldo
e jogando fora o bagaço. Em todos os aborrecimentos existem lições que devem
ser aprendidas e maldades ou ma-entendidos que devem ser perdoados e
esquecidos.
b) A ajuda na crise da meia-idade
O homem precisa
de ajuda para vencer a crise da meia-idade.
A Igreja deve
ajudá-lo com a compreensão. Assim como a Igreja releva as fraquezas dos
adolescentes, deve ser paciente também com o homem na crise da meia-idade. A
Igreja está acostumada a olhar as faltas de seus membros pelo ângulo da culpa,
mas ela precisa aprendei a olhar pelo ângulo da necessidade. O homem na crise
da meia-idade precisa de uma mão amiga e não de um dedo acusador. Às vezes,
quando o membro mais precisa da compreensão e do amor da Igreja, ela o
disciplina e o joga no olho da rua. Um homem em crise é um doente, e é como
doente que ele deve ser visto e tratado.
A esposa deve
ajudar o marido na crise da meia-idade. Ela deve estar consciente de que ele
está passando por uma crise, compreendê-lo e tratá-lo com amor, em vez de
julgá-lo e desprezá-lo. Ela não deve comportar-se como mãe, nem como
conselheira, nem como juíza. Antes, deve transmitir-lhe uma palavra de
esperança e de ânimo. Ela deve fazer suas as palavras do salmista: "Ao
anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã" (Salmo 30.5).
Mas ela deve, também, reconhecer que, provavelmente, tem parcela de culpa no
aprofundamento daquela crise e aceitar a sua culpa sem tentar justificar-se.
A crise da meia-idade
traz um risco muito sério de desestruturação do casamento. Por isso, a esposa
deve proceder como uma namorada que tem consciência de estar correndo o risco
de perder o namorado e que tudo faz para mantê-lo ao seu lado. Infelizmente,
muitas esposas têm jogado o seu marido fora exatamente quando ele está
enfrentando a crise da meia-idade. Depois se arrependem, mas já é tarde. E o
prejuízo é muito grande para os dois!
Os filhos também
devem ajudar o pai que está enfrentando a crise da meia-idade. Eles devem saber
que o pai está passando por uma crise, compreendê-lo e tratá-lo com amor, em
vez de julgá-lo e desprezá-lo.
Uma ajuda que
jamais faltará é a de Deus. Jim Conway deu o seguinte depoimento: "No
começo da minha crise me dei conta de que Deus era o meu aliado. Eu podia
contar-lhe qualquer coisa, inclusive expressar-lhe os motivos contraditórios de
minha própria personalidade, e Ele continuaria amando-me e aceitando-me. À
medida que a crise se tornava mais aguda e eu entrava nas etapas de depressão e
desejo de fuga, sabia intelectualmente que Deus continuava sendo meu amigo,
embora não sentisse isto emocionalmente".
Abaixo de Deus,
quem mais pode ajudar o homem a vencer a crise da meia-idade é ele mesmo. Para
isso, ele deve saber que está passando por um período de crise; não tomar
decisões drásticas, tais como: abandonar sua carreira, deixar o emprego, romper
com a família. Deve ser menos teimoso, menos rebelde, menos sentimentalista e
mais racional. Enfim, deve deixar de ser menino e voltar a ser homem!
Conclusão
A crise da
meia-idade é uma dura experiência que está reservada aos homens. Jim Conway
descreve a sua crise em cores vivas, com tintas fortes. Ele conta: "Numa
noite fria e de muito vento, fui fazer uma longa caminhada e tomei algumas
decisões. Devia renunciar ao pastorado da igreja, escrever uma carta ao
Seminário Fuller para dizer-lhes que ia abandonar o meu programa de doutorado,
e outra à editora para dizer-lhe que não continuaria escrevendo. Transferiria
tudo que possuo para Sally, só ficaria com nosso automóvel e viajaria em
direção ao sul. Para mim tudo estava terminado. Terminado com as pessoas, a
responsabilidade, com a sociedade e até com Deus, que sempre tinha sido um
grande amigo, mas que agora parecia muito distante e remoto, sem interessar-se
pela agonia que eu estava passando".8 Mas Deus mudou a sua mente. Deu-lhe
a vitória sobre a crise. E ele concluiu, dizendo: "Agora não sou o mesmo.
Sou um novo homem - mais maduro, mais compreensivo, mais sensível".
A crise da
meia-idade tem como objetivo preparar o homem para viver melhor a última parte
de sua vida terrena. Quem enfrentar esta crise de modo correto e receber a
ajuda necessária, sairá dela mais forte, mais humano, mais seguro, mais gente,
mais homem.
Para Refletir
O fracasso não
está na crise, mas na maneira de tratá-la. Quem
enfrenta uma
crise de modo correto, legítimo e honesto, sai dela
muito melhor.
Sai mais fortalecido e mais amadurecido.
A RESTAURAÇÃO DO CASAMENTO
O casamento
estabelece entre esposo e esposa a mais profunda aliança que pode existir entre
duas pessoas. Os dois se tornam "uma só carne". A partir daí, a união
entre eles deveria ser a mais forte, a mais sólida e a mais resistente, capaz
de suportar qualquer ataque interno ou externo. Mas infelizmente não é assim.
Todo casamento tem as suas crises e está sujeito ao fracasso. Alguns estudiosos
da vida conjugal afirmam que a maioria dos casais passam por três ciclos: apaixonam-se e casam-se,
entram em conflitos e perdem todo o amor que sentiam um pelo outro, solucionam
os conflitos e voltam a sentir um pelo outro um amor muito maior. Muitos
casais, infelizmente, não conseguem completar esse ciclo, porque se separam no
meio do caminho. E assim perdem a oportunidade de desfrutar de uma união
madura, sólida, construída em meio a lutas e fortificada pelo exercício de
enfrentar e vencer os problemas. Na verdade, o que destrói o casamento não são
as crises, mas a maneira como as crises são tratadas. O seu casamento pode
entrar em crise, pode chegar à beira do abismo, pode até parecer
irremediavelmente fracassado, mas também pode ser restaurado.
A Vontade de Restaurar o Casamento
O ponto de
partida para a restauração do casamento é a vontade de restaurá-lo. O fracasso
na vida conjugal traz muito sofrimento, frustração e amargura. Mas nem sempre
as pessoas querem restaurar o seu casamento. Algumas, por ressentimento.
Outras, por autocomiseração. Tornaram-se doentes emocionais e usam a crise
conjugal como muleta psicológica. Tais pessoas reclamam muito da sua situação,
mas nada fazem para solucionar o seu problema. As suas reclamações não têm o
objetivo de buscar ajuda, mas antes o de denegrir a imagem do seu cônjuge.
Os cônjuges em
conflito devem abandonar as muletas da autocomiseração e buscar a solução para
os seus problemas conjugais.
Uma questão
séria surge quando um dos cônjuges quer restaurar o casamento, e o outro não
quer. Jim Conway diz que, quando é procurado por um cônjuge em tal situação,
ele responde: "Muito bem, trabalhemos com você e com seu crescimento espiritual
e emocional, de modo que chegue a ser um cônjuge efetivo, eficaz, completo.
Espero que seu crescimento produza uma mudança na atitude de seu cônjuge. Se
isso não acontecer, você não terá perdido nada. Será uma pessoa mais feliz
devido ao seu crescimento. Se seu casamento se desfizer, você estará mas bem
preparado para enfrentar a separação, e terá melhorado grandemente seu
potencial para relacionar-se com outras pessoas no futuro".
Vale a pena
lembrar aqui as palavras de Douglas Malock:
Se não puderes
ser pinheiro no alto da colina Sê no vale algo de pequeno - mas sê a melhor
coisa pequena na margem do regato. Sê um arbusto, se não puderes ser árvore. Se
não puderes ser uma estrada, sê atalho. Se não puderes ser o sol, sê uma
estrela;
- Pelo tamanho
não te salvas nem te perdes.
- Sê o melhor do
que quer que tu sejas.
Quem deseja
realmente restaurar o seu casamento e busca a ajuda apropriada, ainda que não
consiga alcançar o seu objetivo, não perde o tempo, pois ganha amadurecimento
emocional, crescimento no caráter e aperfeiçoamento como ser humano.
A Confissão e o Perdão
Outro
ingrediente indispensável na restauração do casamento é a confissão e o perdão.
Quando o casamento fracassa, cada um dos cônjuges tenta jogar a culpa sobre o
outro. Mas a verdade é que ambos são responsáveis pelo fracasso. E é necessário
que eles reconheçam isso e peçam perdão um ao outro.
Para o cristão,
perdoar não é uma opção, é uma obrigação. "Longe de vós toda a amargura, e
cólera, e ira, e gritaria, e blasfémias, e bem assim toda a malícia. Antes sede
uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus em Cristo vos perdoou" (Efésios 4.31,32).
Às vezes temos
dificuldade em perdoar porque confundimos perdão com anistia. Julgamos que, se perdoarmos
àqueles que nos ofenderam, eles ficarão impunes pelo que nos fizeram. Mas não é
assim. Perdoar não é anistiar. Perdoar é confiar na justiça de Deus. E abrir
mão de fazer justiça com as próprias mãos, na certeza de que a verdadeira
justiça só poderá ser feita por Deus. O perdão é ato de obediência a Deus e
confiança na justiça divina. Mas ele também remove o ódio e abre as portas para
a restauração dos relacionamentos quebrados.
Além de refazer
laços rompidos, o perdão é o melhor remédio para curar as feridas interiores.
"Dentro de nós há um alívio quando perdoamos a alguém, quando deixamos
sair o ódio e a hostilidade, pois experimentamos tranquilidade e
felicidade."3 No livro de Jó temos um exemplo disso. Três amigos vieram
trazer consolo, mas só causaram sofrimento a Jó. Zofar o acusou de iniquidade.
Bildade, de falar demais. Elifaz, de impiedade e de grandes pecados. Mas Jó os
perdoou. "Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus
amigos; e deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra" (Jó 42.10).
A Redescoberta das Virtudes
Outro caminho
que deve ser percorrido na restauração do casamento é a redescoberta das
virtudes de cada cônjuge.
Os conflitos
entre marido e esposa fazem submergir as virtudes e emergir os defeitos. Isto
leva cada um a olhar para o outro e só ver defeitos. A partir daí, um passa a
afirmar que o outro não é mais o mesmo. Outros acusam o cônjuge de hipócrita,
afirmando que antes do casamento mostrava um tipo de comportamento que não era
o seu, com o objetivo de laçá-lo. Na verdade, o que está acontecendo é que as
mágoas não estão permitindo que um veja as virtudes do outro.
Conta-se que um
marido procurou um conselheiro matrimonial para relatar as maldades de sua
esposa. Dizia que queria separar-se porque ela não o merecia. E queria que a
separação a fizesse sofrer muito, para pagar todo o mal que ela lhe havia
feito. Após ouvi-lo, o conselheiro deu-lhe a seguinte orientação: "Se você
separar-se dela neste momento, ela terá uma sensação de alívio, e não de perda.
Vocês estão vivendo tão mal que ela não terá motivos para sofrer com a
separação. Mas se você der a ela a impressão de que está apaixonado por ela, no
dia em que você sair de casa ela ficará arrasada."
E o marido
perguntou: "Mas o que devo fazer para que ela pense que estou
apaixonado?". O conselheiro respondeu: "Volte para a sua casa,
procure observar tudo de bom que a sua esposa fizer, e elogie tudo. Mas só
elogios sinceros. Dentro de algum tempo ela se sentirá nas nuvens. Aí você pega
a sua mala, e vai embora. Ela se sentirá arrasada".
O marido voltou
para casa e passou a observar cuidadosamente a esposa. Tudo de bom que ela
fazia, ele elogiava. Três meses depois o conselheiro o encontrou e lhe disse:
"Agora chegou a hora de separar-se da sua esposa. Pegue a sua mala, e saia
de casa". Mas ele respondeu: " Só se eu estivesse louco para fazer
isso. Onde encontraria uma esposa como a que tenho?".
Aquele marido
havia feito a redescoberta das virtudes da esposa.
A Reconciliação com Deus
A restauração do
casamento tem de passar pelo caminho da reconciliação com Deus. As brigas, os
desentendimentos, as mágoas e os ressentimentos causados pelos conflitos
conjugais levam o casal a se afastar de Deus. E, para restaurar completamente o
seu casamento, eles precisam restaurar também o seu relacionamento com o
Criador.
Felizmente o
nosso Deus é um Deus perdoador. Davi afundou espiritualmente em suas crises
conjugais e existenciais. Adulterou, mentiu, adulou, tramou o mal, matou.
Quando tomou consciência do abismo onde tinha caído, sentiu-se sujo,
embrutecido, insensível, completamente arrasado. Mais tarde ele relatou a sua
experiência em alguns salmos. Na oração registrada no Salmo 32 ele diz:
"Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus
constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim; e
o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha
iniquidade não mais ocultei. ... E tu perdoaste a iniquidade do meu
pecado" (Salmo 32.3-5).
O ser humano foi
criado para viver em comunhão com o Criador. E sempre que ele se afasta deste
propósito, entra num processo de degradação psicológica, moral e espiritual.
Logo, não basta reconciliar-se com o cônjuge para restaurar o casamento. É
necessário reconciliar-se também com Aquele que instituiu o casamento. A
parábola do filho pródigo nos dá um roteiro do caminho a seguir para a
reconciliação com Deus. Primeiro, ele reconheceu que estava errado. Depois
lembrou-se de que seu pai tinha os recursos necessários para socorrê-lo. A
seguir iniciou o caminho de volta. Chegou à casa paterna e foi recebido de
braços abertos. Deus, corno pai amoroso, está de braços abertos para receber
todos os filhos que voltarem para Ele.
Tentar restaurar
um casamento sem restaurar a comunhão com Deus é candidatar-se ao fracasso.
Poderão ocorrer mudanças, mas elas serão meramente paliativas. A solução
definitiva só será alcançada se esposa e esposa estiverem de bem com Deus.
Conclusão
O casamento pode
entrar em crise, mas não precisa desfazer-se por isso. Casamentos danificados
podem ser totalmente restaurados. Duas pessoas que iniciaram a mais importante
e agradável aventura humana, que é o casamento, não precisam desistir diante
dos empecilhos. Basta querer sinceramente e buscar de modo correto a solução.
Para Refletir
"A
concórdia não é uniformidade de opiniões, mas concordância de vontades"
(São Tomás de
Aquino)
A MANUTENÇÃO DO CASAMENTO
Deus instituiu o
matrimónio para a felicidade do género humano. O seu propósito é que marido e
esposa vivam juntos e felizes, até que a morte os separe.
Mas a felicidade
conjugal não cai do céu, como chuva. Pelo contrário, ela deve ser cultivada no
dia-a-dia, com muito cuidado, carinho e atenção. "O casal começa a vida
conjugal com um amor profundo. Por causa das suas diferenças naturais, que aos
poucos vão-se tornar mais e mais evidentes, entram conflitos em seu
relacionamento. Se eles não aprenderem a resolver esses conflitos, seu amor
será substituído por hostilidade e animosidade, reduzindo suas possibilidades
de um casamento feliz".
Casar-se é
fácil, difícil é manter o casamento. Alguns casais pensam que, após o sim
perante a autoridade competente, o seu casamento está pronto, como um edifício
inaugurado. Mas "um casamento bem-sucedido é como um prédio que precisa
ser reedificado todos os dias". John e Betty Drescher declaram:
"Gostaríamos de dizer que o casamento é um edifício que vamos construindo
dia a dia. Algumas vezes compreendemos que parte da estrutura está fraca e
precisa ser reforçada. Outras vezes precisamos reformar a fim de que ela se
torne mais útil, segura e aproveitável. Em certas ocasiões notamos a
necessidade de reparos maiores para que a casa não desmorone. Todas essas
providências são necessárias no casamento". O projeto do casamento foi
feito por Deus. E esta é a garantia de que, se construirmos segundo a sua
orientação, o edifício será belo, seguro, confortável, aconchegante - um
verdadeiro paraíso.
O Mito do Casamento Perfeito
Mesmo
construindo segundo a orientação de Deus, o casamento ainda não será perfeito.
O único homem que podia ser um marido perfeito não se casou. Este homem é Jesus
Cristo, e o casamento não fazia parte de sua missão neste mundo. A mulher que
tinha maiores probabilidades de ser uma esposa perfeita era Eva, antes de
pecar. Mas ela se deixou seduzir pela serpente, arrastou seu marido para o
pecado e arruinou a humanidade.
Todos os maridos
são imperfeitos. Todas as esposas são imperfeitas. Logo, não pode existir
casamento perfeito.
Os cônjuges que
encarnam o mito do casamento perfeito acabam na sarjeta da cobrança exagerada,
da insatisfação ou da hipocrisia. Como são imperfeitos, cada um dos cônjuges
faz cobranças exageradas de si mesmo ou do outro, com o objetivo de atingir a
perfeição. Tal comportamento gera desarmonia e insatisfação. A qualidade do
relacionamento se deteriora. E aqueles que já passaram para a família ou para a
comunidade a imagem de casal perfeito correm o sério risco de assumir uma
postura hipócrita para manter tal imagem.
Lute por um bom
casamento, mas exorcize o mito do casamento perfeito.
O Marketing no Casamento
O marketing
poderá ser uma excelente ferramenta para ajudar o casal a manter o seu
casamento.
A maioria das
pessoas têm ideias equivocadas a respeito do marketing. Para algumas, marketing
é propaganda; e tem como objetivo levar-nos a comprar aquilo de que não
necessitamos. Outras pensam que marketing é um conjunto de técnicas de
manipulação que, usadas por pessoas habilidosas, "fazem a nossa
cabeça", levando-nos a adotar ideias e atitudes de terceiros. Mas
marketing não é nada disso; embora possa ser usado também para tais finalidades
"Marketing
é uma expressão anglo-saxônica derivada da palavra mercari do latim, que
significa comércio, ou ato de mercar, comercializar ou transacionar". Em
1969, Philip Kotler, reconhecido internacionalmente como autoridade em
marketing, e Sidney Levy, sugeriram que o marketing devia abranger também as
instituições não lucrativas. Hoje entende-se que o marketing se aplica a todas
as áreas da atividade humana. Com esta amplitude, marketing pode ser definido
como um conjunto orgânico de princípios e estratégias orientadas para detectar
e atender às necessidades de indivíduos, de grupos de indivíduos ou de
organizações.
Aplicar o
marketing ao casamento significa desenvolver um conjunto de princípios e
estratégias para detectar e atender às necessidades de seu cônjuge. Podemos
exemplificar isto na área da alimentação. Que tipo de "prato" mais
agrada ao seu cônjuge? Você sabe a resposta? Pois é importante descobrir e
satisfazer esta necessidade de seu cônjuge. Se você é o marido, compre os
ingredientes necessários para que sua esposa prepare o prato da predileção
dela. Se você é a esposa, prepare o prato predileto de seu marido.
Este foi apenas
um exemplo, e bem simples. Lembre-se de que seu cônjuge possui necessidades
físicas, emocionais, psíquicas e espirituais. E você deve descobrir tais
necessidades e supri-las. O apóstolo Paulo fez a seguinte recomendação:
"Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também o que é
dos outros" (Filipenses 2.4). Aplicando tal ensino ao casamento, isto
significa que você, em vez de se ocupar apenas com as suas necessidades, deve
atentar para as necessidades de seu cônjuge e satisfazê-las. Muitos casamentos
têm fracassado porque os cônjuges se preocupam apenas com a satisfação de suas
próprias necessidades.
Com isto o outro
estará sempre - ou quase sempre - insatisfeito. E cônjuge insatisfeito é
cônjuge infeliz.
Lembre-se de que
o êxito do seu casamento depende muito da satisfação do seu cônjuge. Marido e
esposa satisfeitos e felizes são a garantia de um casamento estável.
A Disposição Para a Mudança
Uma das coisas
que mais colaboram para a manutenção do casamento é a disposição para mudança.
"O casamento feliz é feito por aqueles que acreditam na possibilidade
contínua de mudança e em que a vida é sempre imprevisível. No casamento feliz
existe a vontade de mudar e de expandir a percepção de nossas necessidades e
sentimentos. No casamento feliz os cônjuges aprendem também a ajustar-se e a
ceder a fim de criar os relacionamentos que acrescentam vitalidade e
significado à vida."
Ajustar e ceder
são duas atitudes básicas para a manutenção do casamento. Ajustar significa
adaptar-se a uma situação nova. Ceder significa andar a segunda milha, abrir
mão de direitos inquestionáveis. Muitos casamentos fracassam porque cada
cônjuge quer que o outro se ajuste ou ceda. Mas é você quem deve ajustar-se e
ceder. "Quase todo o mundo conhece o tríplice axioma básico: Não se pode mudar
a nenhuma outra pessoa por ação direta; só podemos mudar a nós mesmos. Mas, ao
mudarmos, os outros tendem a mudar em relação a nós. Se você deseja um
matrimónio melhor, é mister abandonar, de uma vez por todas, qualquer esperança
de mudar o seu cônjuge por ação direta". Procure mudar a si mesmo,
adaptar-se e ceder, e o seu cônjuge também mudará em relação a você.
Deus, o Patrono do Casamento
A Escritura
Sagrada afirma: "Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que
a edificam" (Salmo 127.1). Podemos entender casa também como casamento. Se
o Senhor não edificar o casamento, todos os esforços humanos serão inúteis.
"Um bom casamento não é apenas um contrato entre duas pessoas, mas uma
aliança sagrada entre três - Deus, a esposa e o marido. Se não nos dedicarmos a
dar honra a Deus, não há muito que possamos fazer para resistir à crescente
degradação e destruição do laço conjugal hoje em dia."
O fracasso de
muitos casamentos tem uma única explicação: a ausência de Deus na vida do
casal. Não que Deus se tenha ausentado dessas pessoas, mas elas se tornaram
impermeáveis à atuação divina. Isto pode ser ilustrado com uma maneira
rudimentar usada para proteger plantas da geada, em alguns lugares: as pessoas
cobrem as plantas com um plástico; a geada cai sobre elas, mas o plástico não
deixa que elas sejam atingidas. Muitos casais têm colocado plásticos
espirituais sobre seu casamento, impedindo assim que ele seja atingido pelas
bênçãos de Deus. Tais plásticos podem ser a indiferença, o desinteresse ou a
incredulidade. E o resultado é o fracasso.
Martin Luther
King Júnior afirmou que a maioria das pessoas pode ser considerada ateus
práticos. E explica: "Não negam a existência de Deus nas palavras, mas a
negam constantemente nas suas vidas. Vivem como se Deus não existisse. Talvez,
ao riscar Deus das suas agendas, não tenham bem consciência disso. Muitos deles
não terão dito abertamente: 'Adeus, Senhor, vou deixar-Te\ mas estão tão
preocupados com as coisas deste mundo que, inconscientemente, se deixam
arrastar pela maré impetuosa do materialismo".
A vida conjugal
pode ser comparada à travessia de um oceano. Nessa viagem há muita coisa linda
para ser admirada, momentos de grande deslumbramento e alegria. Mas há também
temporais longos e perigosos, rajadas de ventos impetuosos e ondas altas e
ameaçadoras. E se o casal não se mantiver numa profunda comunhão com Deus,
ficará sem defesa diante das dificuldades, das desilusões e dos perigos.
John e Betty
Drescher escreveram: "Se estivéssemos começando outra vez nosso casamento,
faríamos um compromisso mútuo, desde o início, a fim de colocar em prática
aquelas atitudes e atos que colocam Deus no centro de nosso lar".
Conclusão
Algumas pessoas
têm afirmado que marido e esposa devem viver juntos, até que a morte os separe,
mesmo que tenham de comer o pão que o diabo amaçou. Ou seja, mesmo que isto
signifique sofrimento, humilhação, desrespeito, agressão e coisas dessa
natureza. Mas isto não é verdade. O plano de Deus para os casais é que eles
devem viver juntos, felizes, até que a morte os separe. Viver felizes é o
objetivo; até que a morte os separe, a consequência. E o maior empenho de cada
casal deve ser no sentido de alcançar este ideal divino.
O casamento
nasceu no Éden, num jardim. E cada casal deve viver o seu próprio Éden. Mas
isto não é fácil não cai do céu, não se recebe de graça. Cada casal precisa
conquistar o seu próprio Éden.
Para Refletir
"Ninguém tem o direito de ser feliz sozinho"
(Raoul Follereau)
FIM.
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